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Christopher

O meu aniversário sempre era o mesmo. Eu nunca comemorava e nunca me animava tanto. Isso porque passei toda a minha adolescência sendo ofuscado pelo meu irmão popular, cheio de amigos e com festas que davam o que falar no colégio.

Ele nunca quis dividir uma festa comigo, por mais que sejamos gêmeos. Eu acabava tendo que comer pizza acompanhado dos meus pais e de Maitê, as únicas pessoas que de fato me parabenizavam.

Lembro-me bem de entrar no colégio ao lado de Alex e ouvir todos o cumprimentarem por seu aniversário, como se eu nem estivesse ali. E é claro que eles sabiam que também era o meu dia, afinal, eu e Alex somos gêmeos! Ninguém nunca se esforçou para se importar o suficiente.

Mas esse ano uma pessoa pareceu se importar mais do que as outras. Eu estava no sofá de casa com o cordão de prata em meus dedos, pensando no quão tolo eu fui por ter me emocionado na frente da Dulce. Eu não era disso, mas vê-la tão disposta a me ver feliz mexeu comigo. Ela era a amiga que eu sempre precisei.

Como de costume, em frente ao meu altar, eu acendi algumas velas e comecei as minhas orações, agradecendo pela minha vida e pela minha missão como sacerdote. O barulho do interfone atrapalhou a minha concentração e eu me perguntei quem poderia vir aqui a essa hora.

— Sim? — falei ao atender.

Senhor Uckermann, Dulce Maria está aqui para vê-lo. — o porteiro disse.

A Dulce? — franzi a testa. — Ok, deixe ela subir.

O que ela pretendia vindo aqui? Eu notei que ficou preocupada comigo por eu não gostar do meu aniversário, mas o que mais ela poderia fazer além de me dar um presente? Não podia negar que estava curioso.

Dulce

O porteiro deixou que eu subisse e carregando as sacolas com as coisas que comprei, eu fui até o elevador e apertei o botão do andar do Christopher. Quando as portas se abriram, parei em frente ao seu apartamento e toquei a campainha.

— Olá! — eu disse com um sorriso no rosto depois que ele abriu a porta.

— Está tudo bem? — perguntou com estranheza.

— Sim! Eu comprei algumas coisas pra que a gente possa passar o seu aniversário de uma forma mais divertida. — eu estava animada. — O que me diz?

Ele olhou para as sacolas, analisando-as devagar, como se ainda não tivesse entendido a situação. Nesse momento, eu fiquei com medo de que ele se irritasse e me mandasse ir embora de forma grosseira.

— Você não estava na festa do Alex? — arqueou a sobrancelha.

— O Alex tem muitos amigos, ele não vai sentir a minha falta.

— Mas você é a garota que ele gosta.

— Supostamente. — dei de ombros. — Eu sei que está tarde e sei que me disse que não gosta de comemorações, mas considere só um passatempo com uma amiga. Você não precisa soprar nenhuma velinha. — aos poucos, eu vi ele abrir um pequeno sorriso de canto.

— Tudo bem. — deu espaço para que eu passasse.

— Espero que não seja vegetariano. Eu comprei carne de hambúrguer pra gente fritar e montar. Também tem sorvete, refrigerante, batatas, salgados... — comecei a numerar. — Pensei em tudo! — sorri vitoriosa. Ele me encarava com curiosidade. — O que foi?

— Por que se importa tanto? Eu disse que estava bem, não precisa se incomodar.

— Não é nenhum incômodo passar um tempo com você e eu me importo porque vi que não estava bem e quero mudar isso. Quero que se lembre o quanto esse dia é especial.

Caindo em Tentação Onde histórias criam vida. Descubra agora