Prologue

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Eu nunca pensei que voltaria a esse lugar. A ultima vez que apareci aqui foi na formatura do colégio. Prometi a mim mesma que nunca colocaria os pés e cá estou eu. Engraçado, não? Aposto que não vai ser a unica promessa que eu vou quebrar enquanto estiver aqui. Esse lugar traz a mais inconsequente de mim.

O momento que o carro para, meu estômago revira. Tremores passam por todo meu corpo, um intenso arrepio. A casa grande, escura e envelhecida chama atenção entre todas as outras da rua. O fato de ser antiga e mal cuidada hipnotiza os olhos que passam de relance. Me disseram que estaria reformada quando eu chegasse. Isso ta caindo aos pedaços, reformaram o que? Nem o jardim é verde agora. Literalmente tudo nessa casa é desleixado e se transforma no cenário perfeito pra um filme de terror. A mansão abandonada que virou a casa do capeta, um vampiro ou qualquer assassino em série. Como se fosse possível...idiotice.

Abro a porta do carro, dando de cara com as minhas malas na calçada. Esse cara não perde tempo, uh?

--A senhorita precisa se ajuda? Sinceramente, esse lugar me dá arrepios, prefiro não ficar aqui por muito tempo. -- ele treme os ombros e balança a cabeça, como quem esta morrendo de medo. Te entendo, meu parceiro. Também não quero ficar aqui.

--Eu me viro daqui. O senhor tem mais trabalhos pra fazer. -- sorrio polida e me curvo em respeito. O senhor de meia idade, que insiste em ser chamado de Kimie (?), imita meu gesto e volta ao seu banco depois de ser pago. Agora sou só eu, as malas, as pessoas que trabalham e as que vivem aqui, morando nessa casa enorme e assustadora. Credo.

Olho pras janelas, me sentido observada. Um par de olhos visivelmente cansados e animados me encaram pelo vidro quase opaco e fogem das minhas vistas no segundo depois que eu os percebo. Eu disse que não o queria aqui, que caralhos ele não entendeu?

Bufo e seguro as malas, me preparando fisicamente pra subir com esses dois pesos por lances de escadas e rampas. Não sei se sabem, mas a Miss Sedentarismo aqui não aguenta nem vinte minutos de caminhada. Eu vou morrer antes de chegar na porta de entrada. Mas antes mesmo da tortura começar, um rosto tanto quanto familiar pegou minhas malas com uma facilidade absurda e começou a subir os degraus sem olhar pra trás. Fodeu.

-- O quarto da senhorita já esta pronto, levaremos as malas quando você pedir.-- Ele diz, voltando pra mim depois de terminar de subir o inferno todo até aqui e entrar pelas grandes portas de madeira maciça. -- Deseja mais alguma coisa?

Nego com a cabeça. Mesmo que precisasse, eu não pediria. Principalmente pra ele.

--Seja bem vinda de volta, Miyeon.

--Sabe que não precisa ser falso comigo, Seokjin.-- retruco, cansada. eu passei literalmente cinco minutos nessa propriedade e me sinto arrependida fazem dois dias.

--Tudo bem então. Finalmente voltou para o seu inferno, Miyeon. Sentimos sua falta.-- o sorriso malicioso e o olhar debochado me atingem. Essa cobra venenosa. Kim Seokjin ainda vai cavar minha cova e me enterrar viva, escrevam o que eu digo.



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Horas se arrastam. Não tenho passatempos. Já arrumei o armário, reorganizei os meus bebes na ordem que gosto, arrumei a escrivaninha e fiz uma lista de compras na cabeça. Acho que vou precisar de uns três lençóis e voltar a arrombar carros. Fazem quase seis anos que fiz isso pela ultima vez, acho que não lembro mais dos nós que eu fazia nos trapos pra não, bem, morrer.

Assim que eu comecei a procurar os instrumentos para a minha saída, leia-se fuga, escuto batidas na porta. Me assusto. São poucas opções pra resposta e que eu me lembre, nenhuma delas sabe bater na porta, especialmente na minha. Permito a entrada de seja la quem for e vejo o , agora loiro, entrar no meu quarto. A sua não tão baixa estatura já não me intimida e o ar de seriedade que o envolve não me afeta mais. Agora é só mais um garotinho mimado com complexo de superioridade que eu vou ter que lidar.

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