Capítulo 1

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14 de julho de 2005

Astoria Greengrass.

Nunca me familiarizei com o meu devido nome. Creio que seja por conta de sua origem. Minha tataravó, Astoria Helini Greengrass, a grande matadora de trouxas e mestiços. Não é de meu fetiche carregar esse peso todo em um nome.
Ela, além de ter sido uma bruxa repugnante ao meu ver, carregava consigo mesma uma maldição de sangue, lançada diretamente a ela. A maldição afetava violentamente sua saúde, a corroía por dentro. Depois de dar a luz ao seu primeiro e único filho, não aguentou muitos meses e veio a falecer. Nenhum homem ou mulher descendente depois dela veio a sofrer algo parecido. Meus pais, morreram de medo ao pensar na possibilidade de terem essa maldição correndo em seus sangues e não puderem ter um filho homem. Por Merlin, ela conseguiu, depois de dar a luz a 2 meninas saudáveis. Porém, no final não saiu tudo como o esperado...Creio que a maldição não seja passada de geração em geração, pelo menos é o que eu quero acreditar.

Apreciando a vista que tenho de uma enorme janela de meu quarto que dá para um jardim florido e com uma fonte de água no meio, me levanto de meu sofá e vou dar uma checada no espelho ao seu lado.
Meu cabelo cresceu bastante nos últimos meses, está na cintura, até eu não me reconheço mais, sempre tive eles no ombro no máximo. Esses últimos meses não foquei tanto neles, tive que colocar a cabeça em projetos novos. Não sei definir a cor deles, às vezes parece de um preto intenso, mas tem dias que parece de um castanho chocolate, e meus olhos pelo contrário, sei definir a cor deles sem nenhuma dúvida. São de um verde forte, me lembra muito a cor de minha casa em Hogwarts, sonserina.
- ah, Hogwarts...- dou um leve suspiro.
Não há um dia que passe que eu não sinta saudades de minha segunda casa. O tempo de Dumbledore foi o melhor que existiu...é claro que depois dele, foi muito bom também, meus últimos dois anos aliás, porém nada irá se comparar a antes. A felicidade reinava ali, e infelizmente todos nós percebemos que éramos felizes tarde demais. A batalha de Hogwarts nos levou não apenas entes queridos, mas momentos que não irão mais voltar.

- Senhorita Greengrass, o café está servido.

Presa em meus pensamentos não vi a senhora Tallynson, nossa então empregada, entrar. Ela era de um metro e 40 no máximo e bem cheinha. Suas mãos de anjo faziam as melhores bombas de caramelo do mundo bruxo. Começou a trabalhar para a nossa família no meu primeiro ano em Hogwarts, e já era de se esperar que eu passasse o tempo todo esperando pelas férias, esperando até poder enfim enfiar minhas mãozinhas nos deliciosos doces feito por ela mesma. Era alguém que eu amava ter a companhia.

- Muito obrigada senhora Tallynson, mas prometi a Daphne que iria dar uma explorada por aí, com o propósito de achar flores belas, mas ao mesmo tempo difíceis de se achar em qualquer lugar para seu buquê de casamento. - Daphne, minha irmã mais velha, enfim aceitou o pedido de casamento de seu velho amigo de anos, Bryan Villeroy, e estava muito animada com os preparativos. Fico feliz que enfim, depois de tanto tempo ela esteja bem, esteja feliz. Minha irmã merece isso.

- Fiz suas favoritas, bombas de caramelo. Se me permite, colocarei algumas em sua bolsa, para o passeio.

- Você não poderia ter tido ideia melhor. Agradecida - ela sai com um sorriso em direção a cozinha.

Saio de perto do espelho e vou em direção ao armário pegar uma de minhas bolsas. Não se passa muito tempo e senhora Tallynson vem se aproximando com um saco cheio das divinas bombas. Meus olhos brilham só de sentir o famoso cheiro delas.

- Senhorita, aqui estão 4 bombas, se desejar mais, basta chamar sua linda coruja - Tallynson então as coloca na bolsa - Aliás, não estou muito confiante no sol lá fora, leve um casaco por precaução senhorita.

-Não precisa, voltarei logo. - Aceno com a cabeça e vou em direção ao bosque

~ no bosque ~

Com toda certeza não há lugar melhor para se estar do que no meio da natureza. Pássaros voam bem próximos a minha cabeça, uma corça com seu filhote há uns passos de distância de mim estão juntos tomando água, e o calor do sol aquecendo todo o ambiente. É revigorante aqui, não acredito que já fazem 2 anos que não venho visitar.
Pois bem, vou começar a minha missão de pegar algumas flores diferenciadas para o buquê. No total terão que ser 3 variadas.
Entro então mais afundo no bosque e sinto uma onda de vento em direção ao meu pescoço, dou uma encolidinha e volto a andar novamente.
Eu sou apaixonada por bosques, mas só a parte sem árvores a cada meio metro andado. Quando a mata é muito fechada, acabo me lembrando a floresta proibida em Hogwarts. Passei maus bocados lá quando caloura. A sonserina sempre fazia testes com os mais novos lá, e certa noite eu fui a escolhida. Juro por Merlin, que lá dentro, dentro daquela escuridão eu vi algo humano se transformar em lobo, um lobisomem...Contei a eles, porém não acreditaram em uma criança com mente fértil. Aquela lembrança sim me aterrorizou por semanas. E foi ali mesmo, que eu descobri o meu ponto fraco, lobisomens. Olha só, novamente eu me perdendo em meus pensamentos...
Prossigo até em uma parte mais longe, onde nunca já fui. Esse bosque realmente é imenso.

De tanto procurar encontro duas rosas, uma verde como a sonserina, e sem pensar duas vezes a recolhi, nada melhor do que ter algo com a cor de sua casa. A segunda, era uma rosa menor que a primeira, porém mais trabalhada, suas pétalas de cor dourada eram grandes e pesadas, ela refletia luz. Não há nada mais a cara de Daphne, gosta de chamar atenção como tal.
Guardo delicadamente em minha bolsa as duas rosas e aproveito para retirar o saco com as bombas de caramelo, na verdade, A bomba de caramelo agora. Não resisti e devorei as outras 3 há algumas pequenas horas. Hummm, não parece real, mas o cheiro ainda impregna em mim. Antes que eu pudesse ter a chance de tirá-lo do pacote, ouço um estalar de galho. Mesmo sendo baixo o som, eu o ouço de bom grado. Tem algo fora do incomum aqui, e eu posso sentir... lentamente eu coloco o saco de volta a minha bolsa e saco minha varinha. Não há mais nenhum som sem ser as cigarras, porém eu sinto que o que quer que estava ali, ainda está. Viro lentamente, e para minha surpresa, ali na minha frente, parado, com os olhos fixos nos meus, estava nada mais que um...um lobisomem. Não era como aquele que eu vi naquela noite na floresta proibida, esse dava mais medo, era maior, muito maior, e havia sangue escorrendo de sua boca.
Meu ponto fraco, por Merlin! Eu não, não consigo fazer nada. Todos os feitiços de proteção ou ataque sumiram de minha mente. Sem pensar duas vezes corro na direção oposta da dele, corro como nunca havia corrido na vida. Porém, querendo ou não, sei que ele é mais rápido, e não vou conseguir fugir por tanto tempo.
De tanto correr pra longe, chego em um lugar do bosque mais afastado, se encontrava ali uma cabana, pequena e pelo visto abandonada. Sem pensar duas vezes corro em direção a ela, mas antes que eu pudesse chegar a meio metro de distância dela, aquilo se joga pra cima de mim. Minha cabeça bate com força em uma pedra e minha varinha acaba caindo nisso, ficando longe de mim. Tento me debater, mas não consigo. Aquilo abre a boca e se aproxima com tudo de meu rosto. Fecho meus olhos, e antes que eu pudesse sentir qualquer arranhão possível na área, escuto uma voz. Uma voz de anos atrás. De alguém que eu conhecia.

- AVADA KEDAVRA!

Tento abrir meus olhos, mas minha cabeça começa a latejar, e tudo acaba ficando...preto...

~ ~

Abro lentamente meus olhos, vejo que estou dentro de uma casa...creio que seja a cabana que eu havia visto, porém ela está um luxo e é maior do que aparentava por fora. Dou um impulso para me levantar de um colchão onde estou deitada mas minha cabeça dói bastante. Então, me levando aos poucos, e vejo por um espelho que tem próximo a mim, um enorme machucado na minha cabeça. O toco e sinto a dor novamente. Maldito lobisomem! Olhando novamente o machucado vejo que está...tratado? Parece que alguém tentou o tratar. Antes que eu pudesse pensar duas vezes, olho cada detalhe do ambiente onde estou, procurando saber de quem a pertence. Vejo apenas decorações luxuosas, nada com um significado real, a não ser um...um emblema? Antes que pudesse chegar mais perto ouço a porta da frente se abrindo.

- ora ora, olha só quem acordou

Nem preciso me virar para saber quem é o dono daquele voz. Há anos não escuto ela. O meu carniceiro, que me levou para a floresta proibida. Me viro e sorrio

- Malfoy

𝑨 𝑵𝒆𝒘 𝑩𝒆𝒈𝒊𝒏𝒏𝒊𝒏𝒈 - 𝑫𝒓𝒂𝒄𝒐, 𝑨𝒔𝒕𝒐𝒓𝒊𝒂 𓅓Onde histórias criam vida. Descubra agora