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SCOTT

Ter vindo foi um erro, bem talvez não, mas provavelmente sim.

Caminho lentamente em direção a praça, para chegar nas proximidades do castelo, e quando ponho um pé do outro lado da praça já sou abordado por um soldado, mas não qualquer um, reconheço prontamente o homem que estava batendo em Charlie.

- Por que está aqui? - Ele me pergunta parecendo não me reconhecer.

- Vim para a prova.

O soltado aponta para uma estrada linear, perfeitamente assentada, que leva para um muro enorme.

Não é como se eu precisasse saber qual é o caminho para chegar a um castelo gigante no meio da cidade. As torres da enorme construção eram visíveis do extremo leste do reino, e eram poucos de lá os que tinham a oportunidade de se aproximar.

As ruas transmitiam uma calmaria estranha. Todas bem iluminadas, com guardas a cada esquina e eventualmente crianças brincando ou pessoas circulando calmamente e bem vestidas. Os passantes me encaram de forma estranha, provavelmente por minhas roupas ou algo relacionado, um extremo desconforto se apossa do meu pensamento.

Inacreditável, aqui parece que até as nuvens se dissipam.

Estava tão perdido olhando em volta, que não percebo quando esbarro em alguém que andava com um cesto na rua e acabo caindo junto com o que era carregado no chão.

Fico com tanta vergonha que apenas ajunto o cesto que por sorte caiu sem derrubar nada e devolvo para a pessoa em que esbarrei murmurando um "Sinto muito".

- Sem problemas, eu também deveria olhar mais por onde ando. - Uma voz feminina bem articulada responde, e tomo coragem para encara-la.

Não posso deixar de ficar extasiado com a mulher a minha frente. Seu comprido cabelo ruivo estava preso em um coque sobre a cabeça, possui um rosto perfeitamente corado, era um pouco mais alta que eu, mas o que mais me chamou atenção, foram seus olhos: em meio a esclera, havia uma íris completamente preta, que tornava impossível encontrar sua pupila.

- Sou Scott Taylor. - Seguro sua mão livre e me abaixo um pouco para beija-la.

- Sou Anna Wilkinson, prazer.

- Wilkinson?

- Sim. Até mais.

Assim ela simplesmente se vira e me deixa ali. Parado e perplexo pensando que em menos de cinco minutos no Oeste eu já consegui derrubar o cesto da mão de uma princesa.

Em poucos minutos de caminhada chego no campo perto do castelo, e quando digo perto, me refiro a um campo adjacente ou muro, onde eu poderia avistar as torres de um ângulo tal, que mais parecia que elas iriam cair sobre mim. Apenas outros sete homens estavam em uma fila, pelas suas roupas do Leste, o que não me impressiona muito.

Meu coração acelera quando minha vez chega. Precisava apenas preencher uma ficha de participação e esperar em outra fila, onde em cerca de trinta minutos um guarda me chamou para entrar em uma pequena porta no muro do castelo.

A porta dava para uma pequena sala fria, escura e sem janelas, revestida inteiramente em pedras cobertas de limo. Um homem estava sentado em uma banqueta de madeira no centro e rezava.

- Você é Scott Taylor, certo? - Ele continua antes que eu respondesse. - Está aqui para provar que é um Hibrido, certo? - Eu pensei em dizer que sim, mas ele continua falando. - Bem, um Hibrido é basicamente o fruto da relação entre um Natural e Avançado, perto de serem uma elite, mais poderosos que os De Sangue. As chances de nascer um Hibrido é de cerca de 5% quando gerado por um Natural e Avançado. Podem, além de controlar os quatro elementos, como um Natural, e gerar dor como um Avançado, mas induzir a paralisia, impossibilitando os movimentos de uma vítima, criar uma tortura física e psicológica, mas também induzir a morte de outros com poderes mais fracos. Torture esse homem.

A Peste de Best KendalOnde histórias criam vida. Descubra agora