The Sister

《3.4》

Um mês depois...

- Essa advogada não chega nunca? - Ela perguntou, obviamente impaciente.

- Tenha calma, Lauren. Nós mal acabamos de chegar. - Taylor respondeu e levantou-se. - Espere aqui um minuto, eu já volto.

Ally, que observava a cena a uma certa distância, fingiu estar lendo qualquer coisa no celular quando percebeu a cunhada se aproximando.

- Olá, cunhadinha, que bom ver você. Faz um tempo desde a última vez. 

- Oi, Taylor. - Retribuiu o abraço que ela lhe deu.

- Nossa, mas que desânimo para cumprimentar a sua cunhada favorita. - Cutucou ela. Ally sabia que ela estava apenas tentando aliviar o clima tenso que havia se instalado entre elas.

- Você sabe que sempre foi a minha única cunhada, Tay. - Tentou usar o mesmo tom descontraído, mas falhou ridiculamente. Simplesmente porque sentia o olhar gélido de Lauren queimar a sua pele na mais infame das contradições.

Claro, Taylor percebeu.

- Sinto muito, Allyson. Tenho tentado fazê-la falar com você mas ela herdou o que há de pior nos Jauregui: a teimosia. Quando coloca uma coisa na cabeça...

- Tudo bem, Taylor. Eu vou acabar superando, eventualmente. Pelo menos é o que espero que aconteça após a leitura dessa maldita carta.

Não havia sido nada fácil convencer Demétria Lovato a marcar uma reunião para acabar de uma vez por todas com aquela palhaçada. Foi preciso que Ally ligasse para a advogada, algumas madrugadas antes, em meio a uma das muitas crises de choro que lhe ocorriam no decorrer do último mês para que ela concordasse em abrir a carta meses antes do prazo estipulado por Michelle. Havia se sentido bastante ridícula na ocasião, mas não importava. Só queria que aquele pesadelo tivesse um fim definitivo.

- Olá, meninas. Desculpem o atraso. - Ouviu a voz de Demi e virou-se para olhar para ela. - Fiquei presa numa audiência que parecia nunca ter fim.

Ally conhecia a sensação.

- Tudo bem, Demi. Não estamos esperando há muito tempo. - Disse.

- Fale por você! - Ouviu a voz de Lauren soando como uma rajada de vento gelado, congelando tudo que estava em seu caminho. - Eu tenho mais o que fazer, se as madames não se importarem em deixar essa conversinha de lado para começarmos logo com isso, é claro.

Ally fechou os olhos com força por um segundo. Odiava a nova Lauren, simplesmente odiava. Amelia havia dito que a perda de memória provavelmente era temporária, que o cérebro de cada pessoa leva seu próprio tempo para se recuperar de uma cirurgia. Ela demorou uma semana para acordar, e isso havia sido há um mês atrás. O mais doloroso não era não saber se a "sua" Lauren voltaria algum dia, o mais doloroso era tê-la tão perto mas igualmente distante. "Eu não irei a lugar nenhum", dissera ela. E aquela era, de todas as mentiras que fora obrigada a suportar, a pior de todas!

- Eu vou voltar para lá. - Taylor disse, antes de se afastar e voltar para perto de Lauren.

- Acho que entendo o que você disse por telefone, naquela madrugada. - Demi comentou.

- É. - Foi a única coisa que conseguiu dizer.

- Bom, acomode-se, Allyson. Vamos começar, então.

Por sorte, a advogada, que sabia o quanto aquilo estava sendo difícil, foi direto ao ponto. Relembrou, inevitavelmente, o motivo de estarem reunidas naquela sala novamente, como no dia em que descobrira que havia sido deixada de herança para uma mulher que não conhecia. Mal podia acreditar que haviam se passado apenas cinco meses quando parecia que tinha sido há anos atrás. Tanta coisa havia acontecido, tudo parecia tão diferente...