AMOR ETERNO AMOR (DEGUSTAÇÃO)

Capítulo 2 (Revisado)

MARCELO

-ooOoo-

Cinco meses se passaram desde que eu sai do hospital. Sem o David minha vida não tinha sentido, era vazia e gelada. Eu não tinha conseguido manter a promessa que eu tinha feito para ele antes de ir, o cachorrinho que nós compramos quando nos mudamos para cá infelizmente morreu, mas eu não sabia o motivo, acho que era saudades do David.

Durante esse tempo eu não tinha ido trabalhar, fiquei de licença médica naquela casa escura. Quando eu me olhava no espelho eu não via mais aquele cara alegre que sorria pelos quatro quantos da casa e sim uma carcaça sem vida. Eu sempre costumei malhar por isso sempre tive o corpo definido. Eu sou loiro, mas não um loiro claro e sim um loiro escuro, tenho barba no rosto porque o Davi sempre gostou, meu olho é verde, mas como eu usava óculos ele acabava ficando escondido.

Depois de muito tempo em depressão eu decidi voltar a trabalhar. Eu sempre fui muito pavio curto e só o meu pequeno me acalmava, mas agora quero ver quem ia conseguir aturar meu humor de cão. 

Acordei de manhã, tomei meu banho, me arrumei e fui para o escritório. Quando cheguei eu não falei com ninguém, simplesmente fui direto para minha sala, mas quando eu passava eu percebia os olhares de pena e aquilo me dava um ódio, a unica coisa que eu menos precisava era a pena dos outros. 

Entrei na minha sala, fui fazer o meu trabalho e colocar meus casos em dia.

Enquanto eu digitava eu vi a foto minha e do David no porta retrato da minha mesa, ele parecia tão feliz e eu com certeza estava feliz. Foram 10 anoz de namoro, 3 meses de noivado e mais 3 de casado, e só de pensar que ele não queria sair naquela noite me deixou muito culpado.

FLASH BACK

Estávamos deitados no sofá, ele estava com a cabeça no meu peito e lá fora estava garoando, ele dormia e era lindo, ficava com um sorrisinho muito fofo no rosto, acho que estava sonhado comigo, eu espero. Como já era mais ou menos umas 07:00 da noite e nós não tínhamos jantado, eu resolvi comer em um restaurante francês como meu pequeno adorava.

— Amor vamos comer fora? — eu perguntei.

— Pode parar Marcelo, lá fora esta uma chuva desgraçada, eu não vou sair  — ele disse fechando os olhos novamente.

— Para de ser preguiçoso David — eu disse cutucando a barriga do meu gordinho.

— Caralho Marcelo, você é chato viu — ele levantou do sofá com cara feia e foi tomar banho, eu fui atrás dele sorrindo.

Depois do belo banho nós fomo para o carro, ele continuava com uma cara de dar medo, mas com o tempo ele foi melhorando e já dava sorrisinhos com as besteira que eu falava. Chegamos ao restaurante e pedimos a melhor mesa que tinha no recinto.

— Não gosto quando você fala palavrão pra mim — disse fazendo cara de cachorro sem dono.

— Na hora do sexo você adora — ele disse fazendo uma carinha linda de safado.

— Não me provoca Davi, agora não é hora pra isso — eu digo sorrindo.

— Tudo bem, desculpa — ele disse com um sorrisinho sapeca.

Nós comemos e na hora de ir embora ele ainda pediu um sobremesa pra levar, quando o chamo de gordo sou ruim. Entramos no carro ele colocou em uma rádio que cantava S&M, ele parecia um louco cantando Rihanna e quando ia começar a andar ele me agarra e me beija, um beijo demorado e apaixonado e diz no meu ouvido:

— Eu te amo — ele disse me abraçando e eu achei estranho, não gostei desse beijo, parecia uma despedida e de despedidas eu não gosto.

— Porque isso? — eu perguntei.

— Nossa não posso mais falar que te amo? — ele perguntou com a cara emburrada. — E nem mostrar meu amor por você? — ele adorava fazer um drama e eu cai na risada. — Beleza então, vou atrás do Jackson — quando ele disse isso meu sorriso desapareceu, Jackson era nosso vizinho que dava em cima do meu pequeno na cara dura.

— Fica longe dele — eu disse com cara feia e quem riu foi ele.

Enquanto nós estávamos voltando para acasa, a chuva foi ficando mais forte e o Davi me xingando por não ter pedido comida em casa, entramos em uma rua arborizada e ele ainda falava.

Eu acabei perdendo o controle do carro porque a rua estava muito escorregadia e não via nada porque os vidros estavam embaçados. Eu acabei entrando com tudo em uma árvore, na hora o meu Airbag acionou, mas não adiantou muito por que eu bati minha cabeça muito forte, quando olhei para o lado que o Airbag do David não tinha sido acionado, ele ainda estava consciente, mas estava com um corte na cabeça muito profundo.

Eu vi que o carro começou a sair fumaça e entrei em desespero, foi muito difícil tirar ele do carro até mesmo porque eu estava tonto, vi que algumas pessoas começaram a se aproximar e chamaram a ambulância. Aquela noite dos sonhos se tornou a noite mais aterrorizante da minha vida.

FIM DO FLASH BACK

Com aquelas lembranças vindo à tona eu não me aguentei e comecei a chorar.

Eu tinha sido o culpado, se eu não tivesse insistido naquela noite ele ainda estaria aqui comigo!

Porque a vida tem que ser tão difícil? 

Será que Deus me odeia tanto a ponto de levar o meu bem mais precioso?

Como eu não podia ficar chorando na minha sala eu resolvi me levantar e ir ao banheiro, quando abri a porta da minha sala dei de cara com um garoto segurando um copo de café que derrubou tudo na minha camisa e também caiu nos papeis que estavam em suas mãos. 

Quando olhei pra ele vi um garoto assustado e com os olhos azuis piscina arregalado olhando pra mim, ele era mais baixo que eu, devia ter 1, 70 de altura e o cabelo preto arrepiado, quando olhei para a minha camisa eu vi que agora ela estava manchada de café com sabor de avelã.

— Olha o que você me fez, seu incompetente — eu disse praticamente gritando.

— Desculpe senhor. Na hora que eu ia bater na porta você saiu — quando ele disse aquilo me irritou mais ainda.

— Está me dizendo que a culpa foi minha? — eu perguntei sarcástico.

— Não senhor, imagina — ele disse tremendo.

— Algum problema Marcelo? — perguntou minha chefe Silvia.

— Sim, olha o que esse garoto me fez — eu disse irado. — Quem é ele?

— Seu novo assistente — ela disse sorrindo.

Quando ela disse eu e o garoto nos assustamos na mesma hora.

Era só o que me faltava...

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