Capítulo 8

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Wish I had no expectations
I wish that I could get it through your head
With no confrontation
I really wish we could talk about it instead
All these tears that I cry while I'm turned to the side
And you're in the same fucking bed
Wish I had no expectations
But I expect, you expect, we expect
Expectations - Lauren Jauregui

A orientação que professor Phillips me ofereceu era simplesmente a pior coisa que eu poderia ser aceitado. Era sábado, eu estava na biblioteca da universidade, usufruindo uma salinha pequena e aconchegante com detalhes em madeira maciça e uma lousa imensa na qual eu nem cheguei perto de usar, estava em pé explicando os principais filósofos gregos para um bando de alunos de Inglês e Literatura que eram simplesmente equivalentes às crianças chatas e mimadas do jardim de infância. E olha que adoro crianças, preferia ensaiar matemática básica com massinha do que estar ali orientando daquele grupo. Aqueles alunos do curso de Inglês e Literatura me fizeram odiar bases filosóficas sendo que era uma das matérias preferidas, estava no meio da explicação por empolgado falando para Sócrates e divagando sobre sua contribuição para a sociedade como a conhecemos hoje, um dos integrantes do grupo levanta a mão e eu preparo para responder uma pergunta super complexa e extremamente importante.

— Senhor Blythe..— Ele me chama durante a explicação e o olho com cuidado, esperando estar preparado para responder qualquer coisa que ele pudesse ter dúvidas.

— Sim?

— Será que eu posso ir no banheiro?— Perguntou num tom debochado fazendo os companheiros rirem alto e eu pensei seriamente em atirar um dos meus livros em sua cabeça. Eu queria responder, queria gritar e acertar um soco no seu olho, mas eu também queria chorar, eu já estava farto desta pequena amostra do inferno. Enquanto o porquê Mr. Phillips é tão amargurado com a vida, dar aulas não deveria ser melhor, eu que estava apenas fazendo uma simples orientação já queria cometer um crime de ódio contra a humanidade.

Olhei para o relógio de pulso que eu usava e suspirei ainda faltava 20 minutos para a orientação acabar. Mas que se foda!

Estão liberados.— Digo de forma seca com a voz uniforme, eu não iria dar o gostinho para eles de me verem estressado e cansado. Me viro de costas e escuto os alunos se levantarem e saírem, peguei um giz que usava para escrever na lousa e olhei atentamente para ele, numa luta interna comigo mesmo para arremessar na cabeça do Roy Grander, o idiota da pergunta do banheiro. Consigo me controlar e tudo fica silencioso, minha paz interior volta, mas ainda sentia uma leve vontade de chorar. Com o giz ainda na mão, eu começo a escrever no quadro negro, colocando o nome de Sócrates no centro e desenvolvendo seus pensamentos e questionamentos, sua contribuição fora muito importante, faço um leve parâmetro como sua vida e a sociedade da época, as leis daquele tempo e o regime socioeconômico, era o que eu entendia. Destaco com o giz uma data importante.

Fevereiro do ano de 399 a. C.

Nesse período um jovem poeta chamado Meleto apresenta ao arconte-rei -o indivíduo mais próximo de um rei, apesar de Atenas ser uma espécie de democracia- uma queixa contra Sócrates, o culpando de não reconhecer os deuses da cidade, - vale pensar que a política anda sempre com a religião e isso acontece até os dias de hoje - e de tentar introduzir novos deuses alem de corromper a juventude. Como a lei ateniense reconhece a todo o cidadão o direito de acusar outro sob juramento, Sócrates foi levado a tribunal sendo exigida a sua morte como pena. Mas, Meleto era apenas a voz de um democrata chamado Anito, político e negociante que acreditava que a decadência de Atenas se devia à educação sofista de que a condenação de Sócrates seria um instructivo exemplo.— Sócrates foi acusado por mais três atenienses.— Digo em voz alta olhando para meu próprio mapa mental.

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