Depois do negrume

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A luz do dia era agressiva aos olhos que passaram um longo período em penumbra.

Um estranho estapeava levemente a face do garoto e repetia "Acorde". Hetmaus ao acordar vê um homem de face conhecida, aparentemente era o dono da taberna, e ele estava no quarto que havia alugado.

- George? Cadê ele? - Perguntava com dificuldade, a dor era intensa e limitava até os movimentos faciais do jovem.

- Está noutro quarto. Olhe, queremos ajudar-vos. Somos integrantes de uma resistência secreta ao reino.

- Não me venha com esse papo. Eu quero me tornar soldado. - Discordou, mas sem efetividade.

- Melhor ainda. Poderiam repassar as informações para nós. Seria de grande proveito coletivo.

- Por que? - Questionou afiado.

- Eles fizeram isso convosco por serem diferentes. Tu não tens culpa de ter nascido com essas propriedades mágicas. Mas isso para eles e para a Ecclesia é motivo para uma execução. - Respirou fundo. - Vos não sois os únicos a sofrerem com isso. Minha filha foi abusada por um sacerdote. Quando descobrimos, eles alegaram que ela havia enfeitiçado o maldito para que ele se corrompesse. - Uma lágrima se formava na face do senhor. - Ela hoje é um punhado de cinzas vagando pelo vento. O verdadeiro mal está lá dentro, sendo usado de um falso bem para justificar suas atrocidades. - Bebeu água. - Eu perdi a fé no Divino, e me filiei a resistência.

- Entendi. Tu só queres justiça, e nada além disso.

- Sim. - Foi interrompido pelo barulho das dobradiças.

- Vamos logo Hetmaus. Eu já aceitei.

George estava muito bem, havia sofrido poucos danos no combate. Mas seu companheiro de combate estava muito machucado por vários motivos, além dos golpes que recebera, sua descoberta acerca de sua magia havia causado estragos físicos.

- Eu sou Faris. Financiador da Luz na escuridão. Este é o nome da organização. Tu aceitas?

Falava o sujeito com uma eloquência convincente. O garoto que era influenciável sorriu com dificuldade e respondeu convencido.

- Sim. Serei parte da Luz na escuridão. - Se levantou num grunhido de dor. - Vamos George, eles são da guarda local e estão arrasados graças a nós. Se formos a capital agora, chegaremos antes deles. Eu tenho grande certeza.

George consentiu com um movimento de cabeça e então ajudou o colega a se levantar. Faris escrevia uma carta nesse meio tempo explicando sobre os novos participantes da organização. Os jovens ganharam mantas com capuz e saíram pela floresta no início do trajeto, a fim de não serem rastreados. Um mensageiro foi enviado levando o papel que o taberneiro lhe dera, seu trabalho era levar essa informação a uma casa no interior que fornece bebidas a essa taberna o que torna tudo isso menos suspeito.

Na rota secreta dentre as árvores os rapazes seguiam calados, mas o silêncio foi rompido por Hetmaus que buscava conhecer melhor seu companheiro.

- Então George, meu companheiro. Conte-me sobre ti. - Ainda esboçava dificuldade em sua fala.

- Vejamos... - Fez uma pausa fazendo uma pesquisa entre suas memórias. - Eu venho de uma cidade do interior. Minha família era de camponeses, mas houve uma estiagem e fomos obrigados a nos mudar para cá em Marneim. Meus pais agora são serviçais e minhas irmãs estão seguindo os mesmos passos. - Respirou profundamente. - Mas eu, assim que despertei essa habilidade estranha, foi igual a ti a propósito, foi quando a Ecclesia passou a me perseguir. - Olhou o companheiro montado em Casco com o corpo enfaixado em bandagens improvisadas. - E quanto a ti?

Ouroboros - Hetmaus AscendenteOnde histórias criam vida. Descubra agora