OUTONO (CONCLUÍDA)

Cap XIII

Fecho a porta assim que ele sai.

"Meu irmão...O único homem que eu amei, é meu irmão".

Esse pensamento matava cada célula do meu corpo.

Por quantas vezes eu não me senti boa o suficiente, quantas vezes eu o vi partir achando que me faltava algo para fazê-lo ficar.

Estou sangrando por dentro.

Deito em minha cama, só o som dos soluços carregados de desespero e de tristeza quebram o silêncio.

O travesseiro com o cheiro dele. As lágrimas doem mais ainda ao sentir.

Me isolei do mundo por semanas.

Ninguém sabia de mim. Rebeca estava fora da cidade, me ligava e eu não atendia.

Fiquei sabendo por Zac que Taylor estava mal e que tinha pedido um tempo de tudo, que viajou sem dizer para onde.

Nós não conversamos, eu não falava com ninguém, Zac conversava sozinho com minha caixa postal e eu ouvia depois.

A vida tinha ido embora junto com ele.

"Meu amor, meu irmão..."

Nada estava bem, eu não estava bem.

Pensava em tudo, todas as palavras que ele me disse me acompanharam por todos esses dias.

Eu sentia muito pelas palavras que falei, ele não tinha culpa, e eu o deixei ir com palavras tão duras...

Os únicos culpados eram Rebeca e Walker.

Como ele pode se esconder esse tempo todo? Me chamar de filha em frente à sua esposa e seus filhos. Como ele pode trazer a amante para sua casa?

E Rebeca? Que mãe é essa que não notou a paixão da filha pelo irmão?

Eram tantos questionamentos, tanta mágoa, tanta dor...

Eles não sabem o que fizeram. O mal que causaram.

Tudo que posso fazer é deixar meu coração sangrar e tentar seguir a vida.

Rebeca havia voltado, deixou diversos recados que estava preocupada, que queria me ver. Eu não respondia, mas dava o mínimo possível de resposta para que soubesse que eu estava viva e não me procurar.

Eu sabia que precisava saber, saber tudo, e fazer com que eles soubesse a tragédia que deixaram acontecer por puro egoísmo.

Eu precisava confrontá-la.

Aviso por mensagem que passarei na casa dela mais tarde. Ela responde feliz e ansiosa.

Chego em sua casa e ela me recebe contente enquanto reclama das ligações recusadas.

- Você está magra filha, abatida, tem comido direito?

Assim que sentamos na sala, eu despejo tudo, delicadeza não era exatamente meu forte.

⁃ Eu não te atendi porque descobri que transo com meu irmão desde os dezesseis anos. Por isso eu não conseguia falar com você, nem comer, nem dormir. Muito menos viver.

A frase a paralisa.

⁃ O que? Do que você está falando Faye?

⁃ Taylor, Rebeca, eu estou falando do Taylor!

⁃ Você me jurou que não estava se envolvendo com ele Faye!

Ela fala irritada e se levanta do sofá, andando de um lado para outro.

⁃ E eu não podia me envolver porquê?  Porque você foi uma vadia que transou e engravidou do Walker, por isso eu não podia? Você deveria ter sido mais clara...