O presente de Snape

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Capítulo 3 - O presente de Snape

Sua consciência a chamava, pedia e implorava para acordar e abrir os olhos, mas Hermione não queria. Enfrentar a verdade de seu destino no meio daquele caos, naquela mansão cheia de comensais e nas mãos de Severus Snape era uma crueldade que preferia não sofrer naquele momento, adiaria o máximo que conseguisse. Por isso apenas ficou estática de olhos fechados, respirando bem devagar, quase que para não dizer que estava viva. Sua mente vagava entre lembranças que desejava nunca esquecer como o sorriso de Harry e o olhar puro de Rony. Os amigos que não estavam mais ao seu lado, que morreram em uma guerra cruel. A dor da falta deles era grande e a consumia. Por meses se negou a sentir o luto deles, precisava se concentrar em fugir, se esconder e sobreviver. Quim era um ótimo bruxo e uma pessoa maravilhosa, mas jamais sentiu-se a vontade para lhe falar sobre essa dor, ele estava consigo apenas para fazê-la ficar viva o tempo que fosse necessário para que a resistência pudesse se juntar e contra atacar, ele não estava ali como seu amigo e sim como o protetor da imagem da resistência. Era Hermione Granger, amiga de Harry Potter, parte do trio e sobrevivente dele, daria uma ótima imagem para quem ainda tinha vontade de lutar contra Voldemort. Mas depois de tudo que passara, das várias vezes que correra para fugir de comensais, da fome que passara, do medo e apreensão, só queria parar de correr e se deixar sentir tudo que escondera nesses meses.

E então as lágrimas vieram com força derramando-se por seu rosto, o choro engasgado saiu e ardeu em sua garganta, seu corpo já machucado fisicamente encolheu-se em si mesmo tremendo.

- Está machucada?

A voz a pegou de surpresa fazendo-a abrir os olhos e se sentar encolhendo-se na parede. As lágrimas deixavam sua visão embaçada, limpou-as com as mãos e viu diante de si, sentado em uma poltrona com as pernas cruzadas, segurando em uma das mãos um copo com uma bebida marrom e a outra um livro que fora apoiado nas pernas. Severus Snape tinha olhos negros e afiados, olhava diretamente para seus olhos e ela sentia o peso daquele olhar. Ele esperava uma resposta, mas ela não poderia dar uma a ele. Seu coração pulava dentro do peito e seu corpo estava paralisado de medo, nem mesmo conseguia pensar. Snape ergueu a sobrancelha, pousou o copo em uma mesa próxima assim como o livro, levantou-se da poltrona se dirigindo a um armário onde pegou um muda de roupa e se aproximou da menina.

- Se vista. Não quero que fique nua na frente de outros comensais dessa casa ou eles desejarão o que não é deles.

Com a mente voltando a funcionar Hermione percebeu que estava na mesma cama que o comensal a jogara ao tentar violentá-la antes de Snape chegar. Lembrou-se que desmaiara naquela cama e provavelmente fora deixada do mesmo jeito, pois agora via que o lençol que usou para cobrir o corpo estava jogado no chão e estava sentada na cama, nua e com seus seios e intimidade a mostra. Rapidamente pegou as vestes da mão dele e tentou se esconder novamente. Ao ver Snape virar-lhe as costas rapidamente vestiu as peças íntimas e o que parecia ser um vestido comprido de mangas longas, tão preto quanto os olhos dele. Ao terminar, encolheu-se novamente na cama e permaneceu calada apenas o observando. Demorou um pouco ainda para Snape se virar, quando o fez seus olhos não demonstraram nenhum tipo de sentimento e Hermione incomodou-se com o fato de que não poderia ler o que ele estava pensando.

- Sabe por que está aqui?

Hermione não respondeu, permaneceu apenas o olhando encolhida no canto da cama, seus olhos iam do professor para todo o resto do quarto, como se procurasse uma saída que sabia não existir.

- Você não conseguirá fugir, senhorita Granger, então pare de olhar para o quarto e me responda.

- Vocês me sequestraram.

- Isso é óbvio, mas quero saber se entende o motivo de estar aqui, comigo, em meu quarto ao invés de estar jogada de qualquer forma em uma vala com o corpo violado e torturado.

A última esperança (Snamione)Onde histórias criam vida. Descubra agora