ofício

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Digitava compulsivamente os dados na planilha que montava. Aquela já era a vigésima segunda do dia. Trabalhar como CEO na empresa de seu pai era algo bem cansativo, até mesmo para alguém como Adrien. 

O loiro sempre teve bastante energia e disposição. No começo do emprego, sempre chegava cheio de vida e contagiava as pessoas ao redor com sua alegria. Todavia, com o passar do tempo, acabou por se comprometer demais com a vida na empresa. Trabalhava integralmente e dava tudo de si, em seu ofício. Depois de três anos, isso já estava consumindo-o.

— Com licença, senhor Agreste — sua secretária pronunciou, depois de bater na porta duas vezes.

Nora Césaire era uma jovem bem animada, irmã da namorada do seu melhor amigo e uma recém-contratada da Agreste. A alegria da mulher o fazia lembrar dele há uns tempos atrás. Sentia saudade do seu eu sempre disposto, animado, que se divertia com os amigos, em vez de passar o final de semana resolvendo coisas do trabalho.

Ela entrou e deu passagem para o moreno, o qual havia sido anunciado momentos antes de bater na porta, pelo telefone fixo exclusivo a isso.

— Com licença — falou antes de sair, deixando Adrien e o recém-chegado sozinhos.

Nino Lahiffe é amigo de Adrien desde o collège. Os dois não se desgrudaram, mesmo depois de vários anos. O moreno se tornou um grande produtor musical e estava passando uma temporada em Paris depois de três meses viajando pela América.

— Como é o Brasil? — Adrien perguntou, assim que abraçou o amigo e o pediu para sentar.

— Cara — falou, sentando e vendo o loiro fazer o mesmo —, lá faz muito calor. É um país culturalmente rico, como todos falam. Só que é diferente ouvir isso das pessoas e presenciar de fato. Só indo lá pra saber.

— Preciso ir lá um dia — disse para o amigo e desviou o olhar para a papelada na mesa. Comprimiu os lábios, enquanto trincava o maxilar.

Brow... — Encostou-se na cadeira abruptamente, suspirando cansado. — Você precisa pedir umas férias. Não pode ficar se oferecendo para fazer tudo da empresa. Para isso, existem outros funcionários.

— Eu sei, mas eu preciso checar se tudo está certo...

— Refazendo todo o trabalho já feito e o deixando com uma diferença milimétrica? — Inclinou o corpo para a frente.

— Tá... Talvez, eu exagere um pouco... — Fitou os próprios pés, através da mesa de vidro.

— Um pouco? — Levantou em um súbito, assustando o loiro, que também se pôs de pé.

Adrien o olhou confuso e Nino caminhou em direção a ele, posicionando suas mãos sobre os ombros do amigo. O intuito era o aconselhar, porém percebeu que o loiro estava muito tenso naquele local.

— Você precisa relaxar... — Tirou as mãos, depois de apalpar a região. — O que acha de uma massagem? Eu conheço um ótimo lugar.

O loiro pensou em negar, mas sabia que não adiantaria com Nino. Além disso, o amigo tinha razão. Ele realmente precisava de um descanso. Talvez relaxar os músculos fosse uma ótima opção para ajudá-lo a se sentir renovado. Queria voltar a ter a simpatia de antes.

— Certo! E quando vamos? — Pegou sua agenda, na gaveta do móvel branco atrás de sua mesa.

— Vamos? Não! Você vai! Eu não preciso disso no momento. Vou te conseguir uma vaga para hoje! — Pegou o celular no seu bolso direito e pareceu discar algo.

— Hoje, eu-

Nino posicionou o dedo indicador à frente, pedindo que o amigo ficasse em silêncio. Posicionou o celular à orelha esquerda, esperando a pessoa da outra linha atender. Adrien o respeitou, sentando na cadeira, enquanto olhava o amigo caminhar pelo grande espaço ofertado pela sua enorme sala.

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