Capítulo 14.

706 79 42
                                    

O Cabeça de Javali estava praticamente vazio naquela noite, exceto por duas pessoas discretas conversando tranquilamente enquanto bebiam whisky de fogo.

A senhora de cabelos brancos e nariz adunco se inclinava na direção do homem esquisito e oleoso, conversando baixinho. Pareciam discutir planos pra alguma novela ou algo do tipo.

"Você vai precisar falar com ele, sabe disso", o homem disse e deu um gole em seu whisky, fazendo uma careta em seguida, o deixando mais feio ainda. A velha riu, e se inclinou de volta ao seu lugar.

"Uma boa ideia a Polissuco, agora você está mais feio do que o normal. Eu vou tentar falar com ele, é claro, mas você sabe como é." Narcissa disse, e Dumbledore inclinou a cabeça em um cumprimento alegre à menção do homem adunco que tinha se tornado.

"Não espero que vá convencer ele, mesmo. Mas tenho esperança de que se Lucius souber dos perigos, pelo menos pense por alguns momentos. Ele pode ser tudo, mas não é tolo.", ele respondeu e Narcissa bebeu mais um gole de seu whisky. Ela se demorou a responder, com a bebida ainda na boca.

Ela tentaria sim falar com seu marido, mas sabia que seria inútil, então não perderia tanto tempo com isso. Sabia que Lucius iria surtar, e não pensaria duas vezes antes de matar Draco, mesmo sendo seu próprio filho e herdeiro. Ela não gastaria seu tempo - preferia pensar em como fazer Draco desaparecer o mais rápido possível, vivo, antes que Lucius fizesse ele desaparecer de verdade. A passagem secreta de Alvo era boa, mas não sabiam se seria totalmente útil, uma vez que não sabia como Lucius reagiria e por onde entraria em Hogwarts. Pois com certeza, ele entraria - Narcissa sabia disso.

"Bem. E como ele vai com, você sabe, Potter?", ela perguntou, seu instinto materno pronto pra defendê-lo de qualquer ameaça - que não fosse seu marido.

O velho soltou um sorriso, e se inclinou pra trás na cadeira de Madeira, tentando obter a famosa posição eu-sei-de-tudo mas falhando miseravelmente pela sua aparência esquisita e corpo necessário.
"Eles vão muitíssimo bem, Narcissa. Pra falar a verdade, fico muito triste por eles não poderem ficar juntos."

"Eles almoçaram juntos, Draco foi pra mesa da Grifinória.", ele disse e Narcissa arregalou os olhos. "Draco almoçou com os Grifinórios?"

Dumbledore se segurou pra não revirar os olhos ao teto. Os Malfoy podiam ser muito irritantes as vezes. "Sim, almoçou. Pansy Parkinson quase causou uma briga, mas pareceu tudo bem depois."

Parkinson é uma boa garota, sem dúvidas. Narcissa queria que nada disso estivesse acontecendo, mas já que estava, que fosse resolvido logo. Sentiu um formigamento no pé e soube que o efeito de sua Polissuco estava pra acabar. Se levantou rapidamente, e Dumbledore a imitou, provavelmente sentindo a mesma coisa. "Farei o possível pelo meu filho, Alvo, você sabe disso, mas não posso prometer nada sobre Potter.", ela disse e ele concordou com a cabeça apressado, entendendo a situação. Trocaram um aperto de mãos rápido e Narcissa saiu pelos fundos do bar, antes de dolorosamente voltar a ser Narcissa Malfoy.
Ela caminhou elegantemente pela rua, atraindo alguns olhares e os ignorando. A mulher de Lucius Malfoy, claro. Era muito improvável não atrair todos os olhares. Caminhou por mais alguns momentos antes de aparatar até a Mansão Malfoy.

Nana, uma das elfo-domésticas que tinham, logo a atendeu apressada, segurando o grande casaco de Narcissa. A mulher foi até seu quarto, sem dizer nada, subindo as escadas devagar, como que pra fazer algo cinematográfico e exalar poder - ela realmente exalava - e olhou pra baixo quando chegou no topo. Nana ainda a observava, atenta a qualquer ordem. "Nana, me leve chá daqui 15 minutos. Hortelã.", Narcissa disse baixo e a pequena elfo-doméstica concordou apressada e saiu.
Ela foi pro quarto, tirou os sapatos e encarou a lareira.

truly •Drarry• Onde histórias criam vida. Descubra agora