Fui andando e ao longo que o tempo passava ficava cada vez mais preocupada e sozinha.
Via casas desfeitas, árvores caídas, pessoas feridas e algumas mortas no chão enlameado e tudo aquilo me assustava.
Passado algum tempo decidi parar e descansar um pouco, mas logo voltei á minha jornada.
Estava a andar e pareceu-me ver o meu irmão Guilherme e foi então que ele disse:
-Adriana, Adriana, sou eu o teu irmão, por favor ajuda-me!
Foi então que comecei a correr o mais depressa que pude a seguir a sua voz!
Eu dizia:
-Onde estás?
Aqui eu cima, estou aqui em cima!-dizia ele.
Eu não percebia o que ele queria dizer, mas logo olhei para cima e passei a entender que ele estava em cima de uma árvore.
Não te mexas, eu tiro-te daí num estante!-disse eu.
A barriga ainda me doía, mas já me tinha esquecido da dor, naquele momento, o importante era eu salvar o meu irmão!
Então trepei á árvore( lá debaixo parecia ser pequena, mas a trepá-la, nunca mais acabava!) e estava quase no fim e ia-me segurar a uma ramo e este não parecia seguro, mas mesmo assim eu arrisquei e...o ramo espetou-se na minha perna esquerda. A minha cabeça pensava "vais cair", mas o meu coração pensava"tens de salvar o teu irmão, força, tu consegues" e então, ganhei forças do modo mais inesperado e consegui chegar ao cimo da árvore, mesmo onde estava o meu pequeno irmão.
O Gui dizia:
-Dri (Adrinana) tu és a minha heroína!
Eu emocionei-me,porque ouvir aquilo era o raio de sol no meio da chuva intensa, era a gota de água no meio do Sahara, era isto tudo e muito mais, era a minha força para ganhar esta grande batalha!
Descemos da árvore e continuamos a andar á procura dos nossos pais.
Aquilo tudo atormentava-me, mas eu tinha de apoiar aquele rapazito pequeno com apenas 3 anos que devia estar a sofrer mais de que eu!
Tenho medo!-dizia ele.
E eu disse:
-Eu também, mas não podemos parar, temos de ser muito fortes e aguentar esta batalha!
Mas nos filmes que eu vejo eles, os soldados morrem na batalha, não conseguem aguentar!- dizia ele cada vez mais assustado!
Ajoalhei-me e segredei-lhe ao ouvido, com os olhos enchidos em lágrimas:
-Mas nós somos diferentes, porque nós,...somos nós! Nós somos os vencedores, aqueles que lutam até ao fim e conseguem vencer, somos os soldados que nas lutas vencem o inimigo, nós somos fortes e temos força para vencer isto, porque se não tivermos, ninguém a vai ter por nós, nós somos os grandes GUERREIROS!
Ao ouvir isto a única coisa que ele disse foi:
-Vamos em frente, que é o melhor caminho!
E assim fomos e quando o sol se estava a pôr, vimos um homem coberto de lama, á frente de nós!
Era o nosso pai, nesse momento o meu coração parou, pois eu pensava que ele estava morto, mas o meu irmão Gui atirou-se para cima dele e disse:
-Papá, finalmente encontramos-te!
E o meu pai começou a mexer a cabeça, virou-se para mim e disse:
-Por favor, Adriana, as minhas costas!
O meu pai tinha problemas nas costas e eu fiquei com medo e quando olhei para as costas dele o medo transformou-se em choque! As costas estavam todas fraturadas, viam-se as costelas fora da pele e a coluna estava como um rifte, totalmente aberta (rachada a meio)!
Aquilo dava-me vontade de vomitar, mas não podia deixar o meu a sofrer, por isso demorei 0,5 segundos a decidir ajudá-lo!
Com a ajuda do meu irmão, levantei-o e usei a técnica das folhas de palmeira para que a ferida do meu pai pará-se de sangrar e logo a seguir fiz uma tala , com pedaços de árvores partidas e prendi-lhe às costas.
Já começava a anoitecer, por isso, nós decidimos parar e ficar a noite num abrigo improvisado que eu construí com folhas e ramos.
O meu pai e o meu irmão já dormiam, mas eu só pensava :
-Como e onde estará a minha mãe?
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