A vida era difícil, num momento estava tudo bem, vivia no paraíso, noutro momento, parecia que a minha tudo tinha acabado!
Continuamos a andar, sempre em frente, sem parar-mos e eu ouvi alguém a chamar por mim:
-Adriana, ajuda-me, a minha mão está presa debaixo deste enorme rochedo!
Não a conseguia ver, pois o rochedo(rocha) era tão grande que tapava a cara e o corpo dela!
-Mas afinal quem és tu e onde estás?
-Sou a tua amiga Mafalda e estou mesmo á tua frente, vou abanar meu outro braço para tu me conseguires ver!- disse ela.
Assim o fez e depois de tanto se esforçar, consegui ver um pouco do dedo.
Disse ao meu pai e ao meu irmão para ficarem lá com o meu cão e eu comecei a correr até ela para a ajudar!
Pensei rápido e a única coisa que me veio á cabeça naquele momento agitado foi procurar um ramo de árvore caído no chão, que desse para utilizar como balancé!
Então consegui por um lado do ramo debaixo da rocha e comecei a fazer pressão na outra ponta do ramo e, por mais incrível que pareça, aquele plano feito á pressa resultou e a Mafalda conseguiu tirar a mão debaixo da rocha!
Aquela era sem dúvida a pior coisa que tinha visto desde que tinha ocorrido o tsunami. A mão dela estava como a de Jesus Cristo, tinha a palma da mão totalmente furada e conseguia-se ver a mão por dentro,as veias, as articulações, os dedos, tudo, mesmo tudo! Olhei para o lado para evitar ver aquilo outra vez e ela começou a entrar em pânico!
-Oh meu deus, eu não acredito nisto, por favor, alguém me ajude, eu sou nova de mais para morrer assim!-gritava ela.
Calma, calma, calma, eu ajudo-te, não tenhas medo, vai correr tudo bem!
-Vai correr tudo bem?A minha vida está acabada, não sei dos meus pais, nem da minha irmã, estou à beira da morte e tu dizes que vai correr tudo bem?- disse ela aumentando o tom de voz!
-E achas que eu também estou bem? Já viste a minha família, estão todos cortados e magoados e eu não seu da minha mãe, tu não és a única a sofrer neste momento!-disse eu ainda mais alto.
Ela ia dizer alguma coisa, só que depois apercebeu-se de que entrar em pânico não ajudava nada e que eu tinha razão e calou-se!
O meu pai e o meu irmão vieram ter comigo e com ela e ficamos assim, a andar calados,num silêncio constragendor!
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