Feito cão e gato | Yoonmin

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No sábado de manhã tinha um amistoso de basquete com o time da particular, né? E o Jimin acordou cedo pra ir me ver antes do jogo. Veio falar comigo, não sei se você reparou, e me chamou no canto. Eu fiquei nervoso, achando que as coisas entre a gente fossem ficar muito diferentes, mas a gente ainda tava como antes. Eu acho até que mais pacientes um com o outro também. Ele disse que tava feliz em ver que eu tava parecendo melhor de verdade, perguntou se eu ficava nervoso antes do jogo e me deu um beijinho na bochecha pra desejar boa sorte. Nossa, Jungkook, eu já queria beijar ele ali na hora mesmo. Eu não costumava ficar nervoso pra jogar não, mas agora sim eu tava nervoso.

Eu oscilei muito no meu desempenho no jogo. Eu queria jogar bem pra não fazer feio na frente dele, mas era só eu olhar pro Jimin com os amigos, torcendo pra mim, que eu perdia completamente o foco, ficava todo bobo de ver ele com aquele sorrisinho que deixa os olhos dele fechados. Aí eu fiz o time perder, cê sabe, né? Quer dizer, não fui eu que fiz isso, mas eu podia ter feito uns pontos que não fiz porque tava distraído. Mas ah, era amistoso, então eu não liguei muito de perder.

Como era a primeira vez que o Jimin ia me ver jogando oficialmente, eu tava experimentando a sensação de ter ele me vendo e torcendo pra mim. Eu pensei que nas próximas vezes eu ia ter me acostumado, e se não desse certo eu ia falar pro Jimin não ir me ver durante os jogos porque ele me desconcentrava demais. Mas acontece que veio um pessoal do time da particular falar comigo. Você já tinha ido embora, Jungkook. Quase todo mundo já tinha saído da quadra, na verdade. Eu tava lá conversando com o Jimin e ele me enchendo de elogio. Eu tava todo sem graça porque ele tava tão orgulhoso do meu desempenho. O cara começou me menosprezando, dizendo que esperava mais de mim, que na última vez que a gente jogou eu tinha sido um ala melhor que ele mas que ele até achou bom saber do meu ponto fraco. Antes que eu notasse a maldade dele o Jimin se intrometeu, porque ele tem o raciocínio mais rápido e é mais esquentadinho pra essas coisas mesmo.

-Que ponto fraco?

-Ué, - ele falou meio que peitando o Jimin, só que olhando pra mim - que ele não é homem.

Eu já conhecia o Jimin nervoso e sabia no que ia dar.

-Como assim não é homem?

-Ué, vocês dois não são...?

Nessa hora o Jimin já tava todo vermelho e disparou a falar:

-Bichas? Gays? E daí? Qual o problema? Desde quando isso interfere no desempenho de alguém no jogo? O Jason Collins jogava na NBA!

Aí o cara ficou meio sem argumentos e eu fiquei chocado. Como é que o Jimin sabia do Jason Collins? Depois de um segundo se recuperando e recebendo uns olhares bem desaprovadores dos caras do próprio time dele, o cara começou a se virar pra ir embora mas antes de ir ele quis fazer graça e falou pra gente:

-É, pensando bem, vocês devem entender mesmo de bola, já que adoram ficar com as bolas dos outros na boca.

Eu nunca poderia imaginar o que ia acontecer em seguida: O Jimin deu um soco no cara. E não era um soco qualquer, era um soco daqueles de quem treina artes marciais, com toda uma técnica. O cara, que tinha o dobro do tamanho do Jimin, tentou revidar mas tudo que ele conseguiu foi tentar dar um direto no Jimin, que ele pegou no ar. Eu fiquei paralisado assistindo tudo, dessa vez de espanto pela força que aquele pedacinho tão fofo e gracioso de gente tava sabendo usar contra um cara daquele tamanho. O resto do time dele chegou e eu tava pronto pra entrar na briga também, mesmo sem ter a habilidade do Jimin, mas eles só recolheram o cara, que ainda levou um chute daqueles com um salto, que o Jimin deu nele e fez o cara cair no chão. O Jimin assistiu ele sendo levado gritando que o cara era um babaca homofóbico e o próprio time dele reconheceu que ele era mesmo e pediram desculpas pra gente.

-Você tá bem? - Eu perguntei pra ele quando a quadra ficou vazia de novo. Ele se sentou no banco entre o campinho e a quadra e eu também, do lado dele.

-Tô sim - ele disse, ofegante, o rosto dele todo vermelho - Desculpa comprar essa briga, eu detesto gente babaca assim, não consegui me segurar.

Ele ainda tava meio sem fôlego então eu peguei minha garrafa d'água e ofereci pra ele. Enquanto ele bebia eu respondi.

-Eu entendo, o que ele falou foi realmente ridículo e ele mereceu cada golpe que ele levou, mas eu não saberia brigar assim.

Ele riu modesto.

-Além do futebol, eu também era um menininho quase hétero que lutava TaeKwonDo!

-Sério?

-É, sou faixa preta.

-Você não para de me surpreender, Jimin.

-Isso é bom?

-É ótimo. E-eu acho que gosto de ver você brigando.

Ele riu, os olhos virando dois tracinhos brilantes.

-É por isso que a gente tava sempre se provocando?

-Pode ser... mas acho que gosto mais de ver você brigando com outras pessoas, pelos motivos certos.

Eu não vou mentir, Jungkook, ter visto ele batendo num cara com o dobro do tamanho dele tinha me enchido de tesão. E era realmente por um motivo que valia brigar. De repente, pensei que na primeira vez que a gente se falou, se a briga tivesse continuado, poderia ter sido eu a levar aqueles socos e chutes. E aquilo me fez rir.

-Tá rindo do que, gatinho?

Eu não ia responder o que eu tava pensando, e bem a tempo vi que o pescoço dele tava com um fio de sangue escorrendo.

-Eu acho que você se machucou, Jimin - eu disse, apontando pro pescoço dele - Tem um pouco de sangue aqui...

-Onde? - ele pôs a mão no pescoço e os dedos dele ficaram vermelhos de sangue - Ah! Acho que meu próprio brinco me cortou.

-Ainda bem.

Ele franziu as sobrancelhas.

-Ainda bem porque?

-Porque se aquele cara tivesse te machucado eu ia... bem, eu não ia fazer nada, porque não sei brigar que nem você, mas eu ia ficar bem puto se ele tivesse feito qualquer coisa com você.

Ele riu e olhou pra baixo, com o rosto coradinho e não era pelo calor da briga. Ele tava era envergonhado com o que eu falei e aquilo era adorável.

-Eu conheço você, gatinho. Sei que você é bom de briga e ia amar ver você me defendendo, mesmo que depois eu tivesse que fazer curativos em você...

Ele sendo todo fofo me deixava derretidinho, Jungkook. Num movimento só eu cheguei mais perto dele, peguei ele pelo pescoço e puxei ele pra perto de mim. A gente tava se dando bem agora, sem mais nenhuma briga entre a gente. Eu tava mais confiante, mesmo que eu tivesse a consciência de que ainda tava trabalhando a minha auto-estima. Naquele dia eu não sentia nenhuma ansiedade e tava difícil me segurar. E eu tinha que beijar ele logo. Ele soltou um gemido. Só que não era um gemido bom, era um gemido de dor. Eu tinha apertado bem o corte no pescoço dele, e aí a gente se afastou. Pedi desculpas e falei pra gente ir pra minha casa, eu ia fazer um curativo nele, e depois que eu tomasse banho a gente podia finalmente almoçar juntos no RU, como a gente tinha combinado muito tempo antes.