De novo. Ele sempre me deixa sem palavras, né? Como é que eu ia responder aquilo?
Mas ele mesmo continuou a conversa.
-Tá me olhando assim porque? É verdade! Eu vou fazer você gostar de mim e aí você vai ter que me mostrar todos os jeitos que você compensa por não ser alto.
Eu tive que pensar em alguma coisa pra não ficar mais naquele assunto, só que eu já nem sabia se eu queria que ele parasse de falar naquilo ou se eu é que precisava parar de pensar no que ele tava insinuando.
-E-eu tava falando de basquete!
-Não tava não, Yoongi. - Ele rebateu rapidinho - Tava pensado na gente. Eu sei que você tá começando a gostar de mim.
Agora a gente tava sentado de frente um pro outro no sofá e ele de novo passou a mão pelo cabelo e os fios descoloridos iam caindo na testa... Eu não tinha nem como mentir. Me calei um pouco mas logo fiquei muito inquieto com uma dúvida.
-Porque você gosta de mim, heim? O que eu tenho de especial pra você insistir tanto em mim?
-Ah.. Eu sempre te via lá no campus, entrando e saindo das suas aulas e você parecia até ter amigos. De vez em quando eu te via conversando com aquele menino, o Jungkook e uns outros do time de basquete, mas no fim você sempre tava sozinho, só que não de um jeito triste. Você parecia ser tão independente e cheio de si e isso é tão atraente. Eu também sempre passava por você de bicicleta quando você tava saindo da aula, voltando a pé pra casa. Você ia caminhando com seu fone de ouvido, tranquilamente e eu acho que você é o cara mais gato da geografia... não... da geografia não... do campus inteiro.
Nessa hora eu já tava até sentindo calor e dessa vez eu sabia que não era mais da febre. Só que ele continuou.
-E você realmente parece um gatinho, todo fofo.
-Eu não sou fofo!
-É sim, muito fofo. Principalmente quando tá bravinho assim. Mas quando eu vi você jogando basquete um dia antes da queimada começar eu pensei que além de fofo você é bem... viril também.
Eu me levantei sem jeito e fui pegar um pouco de água. Olhei no relógio e era hora de tomar o xarope pra garganta.
-Tá, você gosta de mim. - eu tive que admitir - Dá pra ver que você me quer por perto e até tá aqui cuidando de mim quando não precisava fazer isso. Mas porque você fica me provocando toda hora?
-Aquele dia na festa eu dancei que nem um louco perto de você pra ver se chamava a sua atenção, quando você ia pegar cerveja eu ficava junto pra ver se conseguia puxar papo mas você nem fazia contato visual!
-Eu não sou bom nisso mesmo não.
-Pois é, você nem me notou!
-Notei sim, você dando um beijo triplo em um menino e uma menina, no meio da pista.
-Eu já tinha desistido de você, né? Aposto que pensou mal de mim.
-Não pensei não! - corri pra rebater - Na verdade... eu fiquei com inveja...
-De quem? - o Jimin riu malicioso - De mim ou deles?
Eu parei pra tomar o xarope, o que me deu também um tempo pra pensar em como dizer o que eu disse em seguida.
-De vocês três, que são tão livres e despreocupados com o que os outros pensam.
Parece que o Jimin leu na hora o que tava na minha cabeça.
-Família conservadora?
Eu só balancei a cabeça. Quando voltei pro sofá ele chegou mais perto de mim, sem ser de um modo provocativo nem nada. E aí eu desabafei e contei minha história inteira. Eu sempre estudei em escola pública, mas meus pais queriam muito que eu fizesse faculdade e aí no terceiro ano pagaram pra eu entrar numa escola particular. A mensalidade era cara e eles tinham juntado dinheiro desde que eu entrei no primeiro ano do ensino médio pra eu poder fazer o terceiro ano integrado com o cursinho lá. Eu era na minha, até tinha alguns colegas mas só fiz um amigo. Ele tava sempre me chamando pra fazer as coisas, só que ele era meio playboyzinho, tinha dinheiro e nenhum impedimento pra fazer o que quisesse quando quisesse. Mas tirando esse lance de não entender que eu não era rico que nem ele, ele era super próximo de mim, e eu bobo comecei a gostar dele. Ele ficava tentando achar coisas em comum que a gente gostasse pra fazer juntos. Até que eu falei numa das nossas conversas no intervalo que sabia jogar sinuca bem porque meu pai era doido naquilo e ensinava a gente desde criancinha. Ele me chamou pra ir num bar famosão da cidade, mas eu não tinha dinheiro e ainda era menor de idade. Ele era uns meses mais velho. A gente continuou a amizade, eu também percebi que queria ficar muito com ele. Até que a gente se formou e naquelas férias a gente tava esperando pra ver se com as nossas notas do ENEM a gente ia conseguir passar em algum curso. Mesmo que eu ainda fosse menor, ele insistiu que a gente devia ir no bar jogar sinuca, antes que a gente mudasse, cada um pra uma cidade. Ele queria fazer educação física mas o pai dele insistia em administração pra ele continuar administrando a fábrica da famíila dele. Burguesinho safado! E muito safado mesmo. A gente jogou pouca sinuca porque naquelas salinhas reservadas de bar de gente rica ele queria era pegar no meu taco! E sabe, eu descobri que eu também queria aquilo. Tô falando assim zoando, mas eu gostava bastante dele, e ele de mim. Mas eu tinha acabado de concluir aquilo com o beijo que ele me deu na mesa de sinuca. Era o mesmo sentimento que eu tinha pela minha namoradinhaa de ensino médio, só que por eu ter passado a vida inteira gostando de menina e agora estar ali beijando um homem e gostando muito daquilo, eu precisava de um tempo pra entender tudo.
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Feito cão e gato | Yoonmin
Fiksi PenggemarNaquela tarde, Jungkook encontrou seu colega do time de basquete da univeridade na fila do xerox, que estava enorme. Curioso sobre a história, mas também sobre o cara com quem Yoongi divide um apartamento, Jungkook ouve Yoongi contando porque ele e...