Capítulo 6

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Cap 6.

Na madrugada seguinte fui mais ousado em minha investida, sabia que agora sabiam que eram observados, mas tinha que descobrir alguma coisa sólida, que os incriminasse.

Ao aproximar-me da casa, vi um grande gato negro, como Nega, menos peludo talvez, o notei quando passou em frente a um feche de luz que saia por uma fresta aberta da porta, o que foi o convite que aguardava para minha invasão.

Ali na sala, parecia-me que os preparativos para o ritual já tinham começado, fui cauteloso a me locomover por entre os amontoados de ossos que empilhavam ao lado de cada uma das cadeiras, exceto uma delas.

Esforcei-me para lembrar quem sentava ao lado daquela cadeira em especial na noite anterior, mas tal memória não me veio a mente, por mais que eu me esforçasse a lembrar.

Ao notar com mais atenção, reparei que não só as ossadas pertenciam a animais diferentes, como os ossos estavam empilhados de uma maneira única, específica de mais para terem sidos jogados, foram calculadamente posicionados a fim de fazer a escultura que faziam.

Cada uma das ossadas, tinha o formato circular, e em seu centro, a cabeça do animal que lhes fora servido de banquete.

A sala fedia a carniça daquelas feras, apenas a cabeça de Bob foi visivelmente reconhecível por mim.

Não bastasse toda a bizarrice que me cercava, ainda mais uma me surpreenderia.

Gravado, talvez com uma faca, ou com a ponta de alguma lança, em cada um dos bancos, havia dois nomes.

Prestel, Ana

Nega, Lucas

Billy, Robert

Bob, Rael

Ziza, Diná

Observei os nomes por algum tempo, tentando entender qual era a relação entre eles. Claro que havia de haver alguma, conhecia 3 dos nomes que estavam ali escritos e sabiam que eram animais.

Nega, a gata que aparecera morta no quintal de casa. Billy era o cãozinho da minha tia que Lucas matou. Bob era o meu cachorro que também foi assassinado pelas mãos de Lucas.

Entendi que o primeiro nome gravado era sempre dos animais e provavelmente o segundo nome era os de quem se sentava nelas.

Agora com a referencia de onde Lucas estava sentado, consegui me esforçar para lembrar a disposição das pessoas nos bancos.

O homem que me parecia ser o pai de Lucas, o gêmeo mais sedentário, possivelmente seria o de nome Rael.

Robert o único outro nome masculino fora Rael e Lucas, fora quem trouxe Billy da escada secreta.

Ana era a mulher com a idade próxima a Rael e Robert, estava na ponta.

Diná, uma senhora muito mais velha que os outros, estava ao centro, ainda falta a ossada pertencente a ela.

- Mas e quanto aos nomes dos animais? Prestel? Ziza? Quem são estes? – disse comigo mesmo enquanto continuava a observar a bizarrice que me cercava.

Foi quando ouvi um barulho vindo de baixo do solo, e cuidadosamente pus-me rapidamente para fora, sem tocar em nada e felizmente sem fazer nenhum barulho.

Da janela, o mesmo ponto que usava para observar na noite anterior, que tivera sido limpado depois da sujeira que deixei na noite passada, observava a ação a acontecer na sala.

A cadeira fixa na porta secreta levantou-se, era Ana quem a abri-la sua cara não era boa, parecia insatisfeita com o que quer que fosse que estivesse acontecendo.

Os outros entraram em seguida na seguinte ordem: Lucas, Rael, Diná e Robert que fechou a porta do esconderijo.

Todos posicionaram-se em suas devidas cadeiras, exatamente como presumi.

Olharam para suas ossadas e começaram a murmurar uma espécie de mantra, cada um com o seu, repetidamente como que em forma de culto.

A mulher mais nova, menos empolgada com sua oração, os demais tinham mais concentração no que faziam, a não ser pela velha.

A velha conservava a cabeça abaixada, no centro da roda, como se lamentasse que não tinha seus ossos para orar.

Em dado momento a velha ergueu a cabeça e abriu os olhos, estava numa espécie de transe, os olhos virados expondo apenas a parte branca dos mesmos, e a não ser por mim, todos pareciam indiferente ao estado de espírito que a mesma se encontrava.

A velha em transe então começou a murmurar mais alto seu mantra, que não só era diferente dos mantras dos demais, mas o dela tinha sons guturais, como se estivesse tentando imitar algum animal.

Quando seu mantra começou a exceder o volume dos demais, todos pararam simultaneamente e relaram a mão direita na senhora, a velha balançou o corpo sentado no banco como um pêndulo, parecia que escolheria para qual direção iria desmaiar.

Antes que caísse por si, Robert levantou e a tomou nos braços. Ana e Lucas abriram a passagem para ele que entrou com a velha nos braços e foi seguido pelos outros. Rael foi o ultimo a entrar e por fim fechou a passagem. Era o fim do ciclo.

Billy, Bob, Garfield e NegaOnde histórias criam vida. Descubra agora