Capítulo 9

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Cap 9.

Decidi, depois do meu inesperado encontro com Ana, a dar uma pausa em minhas patrulhas. Fiquei duas noites sem os visitar.

Queria poder me esquecer de tudo aquilo e os deixar em paz, mas sabia de mais e no terceiro dia, tive que retomar minhas empreitadas.

Quando o ritual começou, Ana que sempre era a primeira a sair, olhou-me diretamente aos olhos, me escondi rapidamente, depois aceitando que todos tinham consciência de minha presença ali, voltei para meu posto e os observei.

Absolutamente nada de novo, tudo seguia igual, como nos outros dias, mas desta vez, quando fecharam a escotilha, rodei a maçaneta, que novamente estava destrancada e novamente entrei na sala.

Novamente estava em meio a aquela nojeira, que da minha última visita para cá, só aumentou a intensidade dos fétidos que compunham o ar.

Ergui o braço tapando a boca no que foi felizmente uma tentativa eficaz de conter o vomito.

Agachei perto das ossadas, uma a uma, tentando enxergar alguma coisa que não vi.

Foi quando reparei vindo da escotilha uma claridade.

Não pensei muito naquele instante, mas me atrevi a abri-la.

A escada não era muito longa, e logo depois as paredes se afunilavam num corredor que demorei a crer que aqueles homens gordos conseguiam andar por ali livremente.

O corredor era iluminado com tochas, e haviam 5 quartos lá embaixo, dois de cada lado e um no fim do corredor, nenhuma porta dava de frente para outra.

Segui com cautela, quase me arrependendo de ser tão curioso.

A primeira porta, a minha direita, era o que parecia ser a sela de Ana, uma cama feita de pedras com um saco cheio de furos recheados de palha, o que claramente lhe servia como colchão.

Ela me olhou diretamente nos olhos. Paralisei por um instante, e segui pelo corredor enquanto a via assinalar com a cabeça que não deveria continuar.

O quarto seguinte, era o de Lucas. Este, estava deitado de frente para parede num quarto que só tinha o lado da porta de diferente do primeiro.

O quarto seguinte, do mesmo lado do quarto da Ana, era o quarto de Rael, que imaginei ser seu marido, e pai de Lucas.

Rael estava sentado na ponta da cama, com uma cara triste, mexendo com as duas mãos num pedaço de palha. Levantou o rosto e com uma expressão muito vazia fez como Ana e sinalizou com a cabeça que eu não seguisse adiante. O desobedeci.

O ultimo quarto com a porta na lateral, pertencia a Robert.

Ele estava tirando sua roupa, foi só então que percebi, que ele não era gordo como seu irmão. Apesar de traços idênticos no rosto, eram claramente gêmeos, Robert tinha músculos e a barriga era inchada pelo mesmo motivo. Usava roupas com enchimentos para ficar simetricamente igual ao irmão. Isso explicava o quão mais hábil era para mover-se. Já estava quase cruzando a porta de seu quarto quando o mesmo me percebeu.

Virou rapidamente para trás, e eu parei para que pudesse me ver.

O mesmo num primeiro momento fez-me uma cara feia, mas em seguida mudou para uma cara triste, olhou para baixo e sinalizou como os outros que eu não continuasse.

Por fim, cheguei ao fim do corredor, de frente a única porta que nele continha, era claramente o quarto de Diná, o quarto que todos me sinalizaram para não entrar.

Lá estava eu, contrariando a todos, abrindo a porta sem maçanetas, empurrando-a lentamente e deixando que seu ranger me denunciasse ali.

Ao terminar de escancarar a porta, fui surpreendido por encontrar um quarto não diferente dos demais, consistia na mesma construção simples, um quarto com possivelmente 4 metros quadrados, com uma cama feita de pedras com uma saca revestida de palha.

Billy, Bob, Garfield e NegaOnde histórias criam vida. Descubra agora