44. Negligência

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As palmas das mãos de Seokjin encontravam-se completamente frias e trêmulas. A cada passo que dava em direção a jungkook não parecia ser o suficiente para quebrar a distância que os separava. Seu peito sofria com medo, apavorado e culpado. Como pode deixar as coisas chegarem a esse ponto?

A porta foi aberta e a visão trazida até seus olhos fizeram tudo desaparecer por um momento. Por alguns segundos, tudo se tornou vazio.

Ali estava ele. Um fio longo do equipo se via ligado a seu braço, e no final da agulha a extensão judiada de sua pele completamente opaca, sem qualquer brilho. Jungkook estava magro como se não comesse a uma semana inteira. Seus lábios roxos e quebrados junto a sua própria falta de cor fizera Jin se questionar por um momento se ainda existia vida ali.

Sua esposa, que até então encontrava-se ao seu lado, correu em direção ao garoto desacordado; como uma mãe corre atrás de sua criança perdida. Ela senta-se cuidadosamente ao lado de seu garoto e distribui beijos pela pele injuriada, com todo o cuidado que seu desespero pode permitir.
Enquanto isso Jin permaneceu ali, observando tudo. O tempo congelou diante de seus olhos.

Ele esperou por tanto tempo para finalmente vê-lo e agora Jungkook finalmente estava ali. O que ele não imaginou é que não conseguiria lidar com isso. Nunca se está preparado o suficiente para ver um filho nesse estado.

O tempo voltou a correr e o desespero de vê-lo o atingiu como um caminhão novamente. Seus pés seguiram por conta própria, passo por passo, aproximando-se dos pés da cama, onde permaneceu.

— Peço perdão pela demora – Disse Dr. Ho ao entrar pela porta – Sinto ter causado tanta preocupação a vocês, mas ainda não tinha certeza do real estado do paciente e não queria causar um alarde sem antes saber da situação.

Seokjin permaneceu apático, olhando para Jungkook. Suas feridas haviam sido limpas, mas estas continuavam tão desagradáveis quanto quando o encontrou.

Minah, sua esposa, segurava a mão do rapaz como se tentasse pegar sua dor para si. A pele do rapaz queimava, como se estivesse em chamas, em uma febre que recusava-se a abaixar.
Ela escovava seus cabelos para fora do rosto do mesmo com tristeza nos olhos, na esperança que ele acordasse e lhe dissesse que estava tudo bem. Mesmo com os olhos inchados e cansados, lágrimas não paravam de escorregar por seu rosto deixando pequenas marcas úmidas no fino lençol que cobria Jungkook.

— Além disso – Continuou Dr. Ho – é regra do hospital dar a notícia primeiramente aos responsáveis ou  parentes próximos.

— Nós somos os responsáveis e gostaríamos de ter sido informados mais cedo sobre a situação de Jungkook – disse Minah com veemência, completamente aborrecida. – Eu disse isso um milhão de vezes na recepção, mas eles custaram a nos ouvir.

— Peço minhas sinceras desculpas por essa situação e creio que hospital fará o possível para os ressarcir de alguma forma -  disse o homem seriamente. - porém pelo modo ao qual Jungkook se encontrava, era difícil dar um diagnóstico tão precipitado.

O médico parou por um momento com o tablet em mãos, observando a ficha do rapaz, e então aproximou-se da cama.

— além dos claros hematomas espalhados por seu corpo e a ferida aberta abaixo do olho esquerdo, o paciente também se encontra com uma trinca no Úmero direito e uma de suas costelas quebradas. Por sorte ela não apresenta nenhuma ponta exposta ou risco de dano à algum dos órgãos internos.

O melhor amigo do meu meio irmão || Jikook || ChatOnde histórias criam vida. Descubra agora