48. Tensão

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Dedos compridos tamborilavam nervosamente sobre o volante, enquanto Seokjin respirava fundo buscando o fio de racionalidade que, por instantes, achou que tivesse perdido. Sabia que, no momento que abrisse a porta do carro, estaria deixando seus sentimentos assumirem por completo. E por mais tentador que isso parecesse, seu fio de sobriedade ainda o impedia de faze-lo.

Em sua mente, ainda perturbada pelo misto de diferentes sentimentos, buscava incansavelmente um único motivo que o fizesse voltar atrás. Seus olhos corriam pelo velho jardim abandonado, que um dia fora verde e florido. Tudo parecia cinza e desbotado, como uma lembrança antiga do que um dia fora.

Mergulhados no silêncio cortante que preenchia o local, os dois jovens, já certos da situação ao qual se encontravam, suavam frio pensando no que deveriam fazer. Namjoon engoliu em seco, observando a inquietação do mais velho e direcionou um olhar preocupado a Yoongi, que o recebeu com igual preocupação.

Os dedos do garoto pálido, tremiam de nervosismo, tentando enviar uma mensagem para avisar a Hoseok sobre a situação que presenciava. Sabia que nada de bom poderia vir de tal cenário, pois, mesmo que Seokjin comumente aparentasse ser um homem gentil e razoável, sabia que não deveria subestimar seu temperamento.

Após algumas trocas de olhares e com certo receio, Namjoon decidiu se pronunciar.

— Hyung, o que estamos fazendo aqui? – perguntou de maneira retórica, soando mais suave possível, mesmo que seu nervosismo apertasse-lhe a garganta.

Apertando o volante com força, Seokjin suspirou fundo, antes de virar-se para os garotos e direcionar-lhes um breve sorriso, na esperança de esconder suas verdadeiras intensões. Mesmo que estas fossem tão claras para os rapazes quanto era para o mesmo.

— Viemos buscar as coisas do Jungkook, não se lembra? – disse virando-se para olhar para fora da janela novamente — Meninos, me esperem aqui enquanto eu tenho uma breve conversa com o senhor Jeon.

O mais velho finalmente abriu a porta já decidido, mas antes que pudesse sair, Yoongi o segurou pelo braço.

— Não acho que seja uma boa ideia, senhor. – afirmou este, o olhando com seriedade.

Fechando a porta novamente, Jin suspirou fundo e recostou a cabeça no banco, olhando para fora da janela.

—Já fazem anos. – disse para si mesmo. — A última vez que estive aqui, esse lugar não parecia tão velho.

Mesmo que quisesse não se lembrar os motivos de não voltar mais ali, o homem sabia muito bem. E a cada segundo que encarava aquela velha porta de madeira, as recordações se tornavam cada vez mais nítidas.

— Há oito anos atrás, Jungkook me ligou no meio da madrugada porque estava com medo. – lembrou-se.

Respirando fundo, sentiu sua garganta arder ao tentar conter seus sentimentos que tentavam, mais uma vez, transbordar.

— Ele me disse que seu pai havia ficado furioso com ele por quebrar um maldito cinzeiro, e por conta disso o estava perseguindo pela casa. – esbravejou — Era apenas a porra de um cinzeiro.

Seus olhos ameaçavam deixar escorregar toda sua tristeza mais uma vez naquele dia; porém, nada parecia doer mais do que a culpa e o arrependimento.

— Eu vim para cá certo de que tiraria Jungkook daqui, de que seria a última vez que deixaria ele tocar no garoto. Mas quando Jeon chorou, me implorando de joelhos para que não tirássemos Jungkook dele, e jurando que não o tocaria de novo, fui idiota o bastante para acreditar que ele poderia mudar.

Rindo com a irônica situação, o mais velho olhou novamente para os garotos, que o observavam com grandes olhos, e abriu a porta.

— Naquela noite, prometi para ele que a próxima vez que batesse em sua porta seria para tirar Jungkook daqui de uma vez por todas. – afirmou olhando uma última vez para trás. — E é isso o que vou fazer.

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⏰ Última atualização: Oct 03, 2021 ⏰

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