43. O Peso da Culpa

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Haviam se passado uma hora quarenta minutos desde que o trouxemos para o hospital e até agora não obtivemos resposta. Quase duas horas que ele foi tirado de meus braços e levado para dentro daquelas portas para sala de emergência. Cada segundo de espera era agonizante, me torturando e me fazendo transpirar em pura ansiedade.

Minha mente se via inquieta, e uma voz distante sussurrava em meus ouvidos me dizendo que tudo aquilo era minha culpa. O som do tique taque de um relógio de parede martelava em minha cabeça a cada novo segundo que avançava.

Eu sabia de tudo desde o início, e fui cúmplice de seus segredos e mentiras. Eu conhecia a verdade do que ocorria dentro daquela casa, mesmo assim não fiz nada, pois não queria me meter. Cheguei a implorar para ele que me deixasse ajudá-lo, mas sempre negou me dizendo que sabia lidar com isso sozinho e que tudo iria ficar bem. Mentira.

Como pude ser tão idiota e irresponsável a ponto de ver isso acontecendo diante dos meus olhos e não fazer nada? Eu jamais poderei me perdoar por isso.

Sentado em um dos bancos da sala de espera, tentava acalmar meus nervos e manter-me positivo. Porém, quanto mais o tempo avançava piores se tornavam meus medos e preocupações. O cheiro arrebatador de álcool entrava queimando em minhas narinas embrulhando meu estômago já revirado, e o frio presente no local cortava a minha pele.

Teimoso.

Porque não me deixou ajudá-lo? Eu faria tudo por você se me pedisse. Te daria minha própria vida se pudesse.

Nunca deveria ter deixado meu irmãozinho sozinho.

As vozes das pessoas ao redor embaralhavam-se em minha cabeça como uma confusão distorcida, se misturando aos meus próprios pensamentos. E mesmo que fechasse os olhos e tentasse esquecer de tudo por uns instantes, cada detalhe daquele lugar lembrava-me do que aconteceu.

Culpa minha...era tudo culpa minha.
Eu queria e precisava sair dali. Mas eu não podia, não sem ele. Naquele ponto, sentia como se as próprias paredes do hospital gritassem comigo.

Enquanto minha mente divagava em remorso, meu pai andava de um lado para o outro impaciente. Desde que chegamos ele não sentou nem por um segundo, questionando a cada enfermeira que passasse sobre o estado de Jungkook. Estas que pareciam cada vez mais descontentes com seu comportamento impaciente.

Nunca o vira tão ansioso como naquele momento. Seus pés batiam sobre o piso fino repetidamente, implorando por qualquer sinal que lhe indicasse que seu menino estava bem.

Sentada a dois bancos de distância, minha mãe, que chegou junto a seu filho um pouco depois de o levarem, chorava em silêncio completamente abatida. Havia o visto crescer ao nosso lado, brincando no jardim e correndo pelos corredores de casa. Ela foi para ele, assim como para mim, uma mãe que nunca teve. Que o consolava quando sentia medo e beijava seus machucados quando este caia.

Agora aqui estava ela, com medo de perder o menino que adotara para si como seu. Deveria abraçá-la, dizer-lhe que tudo ficaria bem e que em pouco tempo o veríamos novamente, mas estava mergulhado em minha própria culpa para fazer qualquer coisa. Suas lágrimas escorriam por entre seus dedos trêmulos e tudo que fiz foi observar.

Ao lado da mulher inconsolável, Jimin permanecia quieto. Não pronunciou uma palavra desde que chegou, sempre brincando com os anéis em sua mão, absorto em pensamentos ao qual só ele sabia. Distante... a quilômetro de distância de nós, por um momento pude pensar que ele não se importava.

Não posso culpá-lo, Jungkook não foi a melhor pessoa para ele nesses últimos tempos. Mesmo assim, Jimin teria o sangue tão frio a ponto de não ligar?

Sinto o celular vibrar no bolso de minha blusa, me trazendo de volta a realidade, e pego-o em minhas mãos o desbloqueando. Instantaneamente, vinte e cinco notificações de mensagens no kakao apareceram na tela. Bufei em desgosto ao ver que, dentre estas, vinte e quatro eram de Lisa, que insistia em perguntar sobre Jungkook , e ao qual continuaria ignorando.

O melhor amigo do meu meio irmão || Jikook || ChatOnde histórias criam vida. Descubra agora