Capítulo 10

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Elise:

   Sensação estranha. Uma sensação estranha passou pelo meu corpo. O Sr. Jones me observava limpando minha boca. Observei seus olhos azuis e senti como borboletas em meu estômago e minhas bochechas esquentarem. 

    Ele se afastou e disse:

— Estava sujo de chocolate — sorriu. 

     Rapidamente levei a mão á boca. Minhas bochechas coraram mais só de pensar que esse tempo todo minha boca estava suja. Me voltei para ele. 

— Ah… Hum… Obrigada — disse. 

— Bom, eu já vou indo — disse ele. — Boa noite senhorita Sinclair. 

— Boa noite senhor Jones — retribuí. 

    Ele acenou com a cabeça e saíu. 

    Meu Deus, o que aconteceu? 

    Qualquer vestígio de fome foi embora — o que nunca acontecia —. Lavei a louça suja e subi para o meu quarto. Tentei dormir, mas meus pensamentos me levavam ao seu toque. Mal percebi quando dormir, e não foi cedo. 

    Hoje é domingo. Meu dia de folga. Eu não tinha muita coisa para fazer, na verdade eu não tinha nada. Então eu iria ao parque. 

    Eu costumava ir ao parque para ler quando tinha tempo, ou quando a dona Suzana não me mandava voltar para a boutique porquê acabara de chegar novas encomendas. E quando eu vinha, tentava — quando nenhuma criança passava se esgoelando. 

    Estava no meu apartamento. Tomei café logo cedo na mansão junto com as crianças. Elas estavam tão animadas hoje. 

     Me olhei no espelho. Optei por uma calça jeans e um cardigan preto e um tênis All Star na mesma cor. Nada mau. Peguei minha bolsa, meu livrinho e saí. 

    O dia estava lindo e o parque por incrível que pareça, calmo. Tinha algumas famílias passeando, algumas pessoas passando com seus cachorros e poucas crianças. Avistei um banco logo a frente, perto do lago e me sentei. Abri meu livro e comecei a ler. O livro que eu estava lendo era um romance de época. Edenbrooke. Uma leitura rápida para um passeio no parque. 

    Já estava nas últimas páginas quando escutei meu estômago roncar… Fome! 

    Avistei uma barraquinha de cachorro quente na curva do lago. Escutei outro ronco. Então seria cachorro quente. Pedi um normal. Agradeci a atendente e caminhei de volta para onde estava sentada. 

— Lise! 

    Ouvi meu nome, ou melhor, Apelido. Parei e procurei de onde vinha. 

— Lise! 

    Outra vez. Reconheceria de longe essas vozes. Me virei na direção oposta da barraquinha e lá estavam eles, correndo no meio do parque. Sorri. E reconheceria os cabelos dourados de longe também. 

— Lise! — gritaram. 

    Me abaixei e os dois me abraçaram, quase me levando ao chão. 

— O que vocês estão fazendo aqui? — perguntei surpresa. 

    Eles se desprenderam do abraço. 

— Ué, a gente veio passear com o papai — disse Manu. 

— E onde ele está que não está junto com vocês? 

— Bem aqui. 

    Me sobressaltei pelo susto. Era o senhor Jones. Ele vestia uma calça jeans preta  e uma blusa despojada. Nunca o tinha visto tão informal assim — fora uma calça moletom. Apenas uma calça moletom. 

Quando Você ChegouOnde histórias criam vida. Descubra agora