Quando Você Chegou

Capítulo 18

Elise:

    Já eram quase oito horas da noite. Os gêmeos dormiram cedo hoje, então reservei um tempinho antes de dormir para ler.

   Hoje o dia foi tranquilo como todos os outros. Os gêmeos e eu brincamos a maior parte do dia.

    A Emilly precisou sair para tirar algumas fotos para uma revista e a senhora Jones não saiu do escritório por todo o dia. O Ethan não chegou cedo, mas sim um pouco mais tarde do que de costume. Não o vi pessoalmente, mas o ouvi do meu quarto.

    Senti minha garganta secar e resolvi ir na cozinha beber um pouco de água. Desci as escadas e acendi as luzes e me direcionei para a geladeira, peguei a água e me sentei á bancada. Trouxe o livro comigo, então comecei a ler algumas páginas ali mesmo.

   Terminei a água e me levantei para colocar o copo na pia e me sobressaltei quando a porta se abriu. Me virei rapidamente para olhar. Ethan estava lá, me encarando.

— Ah, oi — disse ele.

     Ele não estava usando nenhum terno, e sim uma calça moletom com uma camiseta preta — Provavelmente ele já havia trocado de roupa — .Subi o olhar por todo seu corpo até seu rosto. O encarei e o mesmo me encarava com um sorrisinho no canto dos lábios. Corei.

— O-lá — engoli em seco.

    Ele observou o livro na minha mão e se voltou para mim.

— Leitura da noite? — um sorriso sarcástico curvou-se em seus lábios.

     Observei o livro em minha mão e sorri.

— Sim.

— Percebi que você gosta muito de ler — me encarou. —Você já conheceu a biblioteca daqui?

    Fiquei boquiaberta. Não imaginava que tivesse uma biblioteca aqui. Mas do jeito que essa casa é enorme, se tiver um restaurante secreto eu não ficaria surpresa.

— Biblioteca?

— Ela é um pouco secreta — riu —, eu vou até lá para relaxar e não ser incomodado. Poucas pessoas vão até lá, apenas alguns funcionários para limpá-la.

— Eu não sabia que tinha uma — sorri envergonhada.

— Quer ir até lá? — ele perguntou.

— Ah, não. Eu não quero incomodar!

— Não é incômodo algum, Elise. Mas eu entendo, já é noite e você deve querer dormir — ele brincou com as sobrancelhas.

     Reconheci aquele ton. Ele estava me chantageando, apelando pelo meu ponto fraco, livros. Eu não iria dormir tão cedo. Tem dias que vou até altas madrugadas lendo. Mas pela lógica eu deveria recusar, ficar no mesmo cômodo com o Ethan me causa sensações estranhas. Eu deveria recusar por manter a promessa de manter a distância para que não ocorra nenhum beijo. Mas meu coração leitor disse não.

— Gostaria muito… hã… de conhecê-la — respondi um pouco sem jeito.

— Vamos — disse ele.

     Ele estendeu a mão para mim. A observei e aceitei de bom grado. Por mais que parecesse simples em vista tudo que aconteceu nessa cozinha e no jardim, eu achava esse toque tão íntimo. Mas aceitei.

    Ele sorriu e apertou de leve minha mão e nos guiou para fora da cozinha. Fomos para o mesmo corredor que a sala de cinema. Paramos em frente a uma porta aparentemente simples. Ele soltou minha mão e abriu a porta. Eu me assustei com o tamanho da sala. Ela era enorme e com inúmeros livros.