Tomando um rumo

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"Gostoso mesmo é quando tudo acontece por acaso. Sem data, sem horário, apenas coincidências, ou então destino." (Jô Soares)


Assim que ele a soltou, seus braços caíram ao lado do seu corpo e ela escorregou até o chão. Levantou os joelhos dobrando as pernas onde posicionou os braços levemente doloridos em cima deles e baixou a cabeça, mas sem derramar as lágrimas que haviam se formado. Perdeu quase dois anos de sua vida se debulhando em lágrimas, não voltaria a chorar tão cedo.

"Ele tinha razão. KAGOME SUA IDIOTA. Deveria estar procurando respostas. Pistas que pudessem me levar de volta. Queria estar no Vilarejo... Mas, provavelmente terei de me despedir de todos novamente quando chegar a hora de regressar, revê-los significaria abrir antigas feridas. Mas por outro lado... Será que conseguirei voltar? Não seria melhor viver aqui considerando a possibilidade de nunca mais rever minha família? Nenhuma dessas possibilidades eu posso descartar, todas são possíveis."

Pensou, agora colocando as duas mãos em seus cabelos e os bagunçando. Permaneceu assim por alguns minutos até que notou uma coisa. 

"Ele está certo em QUASE tudo." 

Ergueu a cabeça, se levantou recuperando a compostura, agora com alguns fios desgrenhados, e caminhou até o acento vazio que ficava de frente para a mesa do Senhor do Oeste. Sentou-se sobre os próprios pés mantendo uma postura ereta e respirou fundo antes de iniciar um diálogo.

-- Você está certo. Mas não em tudo. – Isso chamou a atenção dele, que passou a encará-la, com os olhos semicerrados. – Não existem armas aqui, ainda, só vão chegar daqui a vinte anos mais ou menos... Para poder te explicar melhor terei de desenhar, posso? – Perguntou apontando para o pincel e o papel em branco disposto sobre a mesa. Ele nada disse. Então ela interpretou como um sim e começou a por naquele espaço vazio o que se lembrava da arma, pena não existir lápis de cor aqui, ficaria bem melhor, mas já dava para o gasto.

Até que não fora perda de tempo o período que gastava desenhando enquanto se mantinha trancada em seu quarto. Após terminar, virou o desenho para ele e começou a explicar.

– Existem diferentes modelos de armas na minha Era, de todos os tamanhos, formas, cores, pesos e distâncias, ou seja, tem para todos os gostos. Mas nunca tinha visto uma nesse modelo, ela era única, preta e dourada. Todas as armas possuem uma munição específica, ver aqui? – Apontou para algumas balas que tinha desenhado. Notou que ele prestava atenção em cada palavra sua.

"Creio que o desconhecido prenda sua atenção... Interessante..." Faria bom uso dessa descoberta.

– Quando uma delas atinge uma pessoa, dependendo do lugar, pode matar instantaneamente. E ao acertar um corpo sempre vai jorrar sangue, seja muito ou pouco, mas vai. No meu caso isso não aconteceu. Era para ter morrido assim que atingiu meu coração, mas meu corpo ficou apenas dormente e depois senti que estava ficando cada vez mais leve. Daí acordei depois de um dia e estava aqui. Por isso acredito que não morri, mas sim que ou a arma, ou a munição, ou os dois tenham me mandado de volta ao passado novamente, de alguma forma.

-- Realmente. Faz sentido. Mas como explica o fato dela ser idêntica a você? – Questionou segurando os papéis e ainda observando os desenhos. Qualquer um podia usá-las? Algo assim seria mesmo tão mortal? Quantas coisas estranhas e curiosas o futuro guarda? O que mais poderia arrancar da Miko sem precisar pedir por isso?

-- Isso ainda não sei... Se existissem youkais na minha época diria que algum poderia ter tomado a minha aparência. Mas não tem.

-- E o que te dá essa certeza? Tudo evoluiu, não?! Por que o mesmo não pode ter acontecido com os youkais? -- Encarou-a.

Ninguém Muda O DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora