The Show

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O intenso raiar do sol se posicionava contra a vista da jovem. Sonolenta, a mesma contraiu suas sobrancelhas, virando seu rosto em direção oposta à luz. Permaneceu assim por alguns minutos, até ouvir um estrondoso baque vindo de fora do cômodo na qual dormia; Resmungou alguns palavrões, para finalmente abrir suas pálpebras, revelando lindos olhos divergentes. De um lado, o mais intenso verde cor esmeralda, e, do outro, um claro azul que espelhava o limpo céu daquele domingo.

Esfregou suas mãos sobre seu rosto, emitindo um leve suspiro. Ela não deveria ter dormido tão tarde, ponderou, erguendo seu corpo e sentando-se na beirada da cama de casal, ainda atordoada pelo sono. Lembrou da longa conversa que teve com a loira; O motivo de ter se deitado tão tarde. Ambas passaram horas e horas no telefone, trocando os mais diversos tipos de mensagens. Desde pequenas novidades sobre suas novas vidas, até vídeos de canções na qual a morena estava compondo; Foi uma noite de descobertas, conhecendo um pouco mais sobre a nova Adora e a nova Catra.

Era estranho. Todos os sentimentos amargos por Adora na qual Catra alimentara por todos esses anos, foram, de fato, quase exterminados em questão de 24 horas. A morena se sentia intrigada com sua, até então, desconhecida capacidade de perdoar. Sempre se considerou uma pessoa rancorosa; Catra jamais se esquecia de ações contra a mesma. Desde o cookie na qual Kyle uma vez roubou de seu lanche, até as mais cruéis palavras que Weaver à desferia. Tudo era guardado em seu coração, que remoía essas emoções ao ponto de tranformá-las na mais profunda mágoa e ódio.

E ela voltava ao questionamento principal: Como que, com Adora, essa mágoa era mal evidente? Justo ela? Aquela que a abandonou em seu momento mais vulnerável?

Respirou profundamente, afastando aqueles questionamentos. Não estava com cabeça para isso. Estendeu seu braço esquerdo até o criado-mudo ao lado de sua cama, revirando a gaveta até sentir seus dedos entrarem em contato com o objeto na qual buscava. Retirou o conteúdo da mesma, fechando-a em seguida.

Observou, em sua mão, uma elegante caixinha da marca Marlboro, com apenas 3 cigarros restantes e um pequeno isqueiro vermelho. Os retirou, posicionando o cigarro em sua boca, guardando a caixinha no bolso de sua calça. Levou a chama até a ponta do tabaco, e realizou uma profunda tragada no material. Catra precisava de um pouco de dopamina em sua manhã, e nada melhor que sua mais fiel amiga, vulgo nicotina, para lhe auxiliar.

Exalou a fumaça pelas narinas, sentindo aquela prazerosa queimação nas mesmas. Repetiu seu ritual algumas vezes, até sentir uma uniforme vibração em seu bolso; De lá, retirou seu telefone, observando o contato que a ligava, ao passe que levemente batucava seus dedos sobre a ponta do cigarro para retirar as cinzas do mesmo.

Scorpia.

Aguardou mais alguns segundos, para então atender a ligação.

- WILDCAT! - Uma voz animada ecoou do aparelho, fazendo com que Catra segurasse uma leve risada.

- Hey, Scorp. - Murmurou, dando uma última tragada, pressionando a ponta do cigarro sobre o cinzeiro próximo, apagando a chama.

- Pronta para o show de hoje? Cara, vai ser o máximo! - Catra poderia imaginar os pulos de alegria na qual a baterista provavelmente realizava por trás do telefone. Passou a mão livre por seus fios castanhos, levantando-se da cama.

- Eu já nasci pronta, meu bem. - Brincou, abrindo a porta de seu quarto. Pôde ouvir a risada debochada de Scorpia, ao passo que, ao adentrar na sala de estar, se deparou com uma Shadow Weaver esparramada sobre o sofá desgastado, assistindo à um programa qualquer no History Channel.

O semblante animado de Catra imediatamente se esvaiu, emitindo um pesado suspiro, se dirigindo à cozinha, evitando qualquer contato com a mulher, que se mostrava indiferente.

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⏰ Última atualização: Sep 24, 2020 ⏰

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