Tempestade

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Uma tempestade monstruosa surgiu do nada no meio da primavera e bem no dia do meu jogo mais importante até agora. Se vencermos contra a corvinal abrimos uma distância praticamente imbatível na liderança e eu não posso deixar essa passar. A grifinória não tem um apanhador reserva então se eu não jogar, Dylan vai ter que colocar outro jogador como apanhador e isso seria suicídio. Vou ter que jogar mesmo que os trovões estejam balançando as janelas e os relâmpagos iluminem o céu como se estivesse de dia.

A água cai em jorros largos e é difícil ver dois metros a frente, voar nessas condições vai ser perigoso, para dizer o mínimo mas vai ser interessante e desafiador. O resto do time já saiu do salão comunal mas eu ainda não consegui pois não acho meu colar da sorte de jeito nenhum. Esse colar está na minha família a gerações e pesquisando a fundo descobri que pertenceu a um dos meus ancestrais bruxos. Não perco um jogo quando estou com ele e não usá-lo hoje me deixa um pouco apreensiva.

É como se fosse um sinal do universo me dizendo pra não jogar, considerando meu pavor de trovões. Mas não posso deixar meu time na mão, com ou sem colar.

- Emily, você viu meu colar? - eu pergunto revirando minhas coisas pela milionésima vez.

- Qual deles? - ela me olha confusa.

- Aquele que eu uso nos jogos. Dourado, com uma medalhinha de fênix pendurada - eu explico torcendo para que ela diga que pegou emprestado.

- Não, Anna. Não vi em lugar nenhum além do seu pescoço - ela diz séria.

- Já olhei no meu pescoço e ela não está aqui - eu digo sarcástica.

- Sinto muito mas você vai ter que jogar sem ela, se não sair agora vai se atrasar.

- Eu sei, pode ir saindo que eu já vou - eu dou uma última olhada no quarto mas ela não está em lugar nenhum.

Eu saio irritada do salão e dou de cara com Jason me esperando.

- O que você está fazendo aqui? - eu pergunto e ele me olha surpreso.

- Você não está pensando em jogar, está? - ele pergunta.

- É claro que eu vou jogar - eu respondo sem entender.

- Você ficou maluca? Já viu a tempestade que está caindo lá fora? - ele me olha atônito.

- Não Jason, eu não vi a tempestade e com certeza não ouvi os trovões que sacudiram as janelas - eu digo impaciente.

- Você não pode jogar assim, Anna - ele me olha preocupado - Você voa mais alto do que qualquer outro jogador em campo. 

- Eu também sei disso, Jason. Mas a grifinória não tem um apanhador reserva, e sem um apanhador nós perderemos no minuto em que pisarmos em campo - eu tento explicar.

- E se você subir naquela vassoura vai ser um para-raios humano! Será que não consegue ver isso? - ele eleva a voz visivelmente irritado.

- E o que você espera que eu faça?! Deixe meu time na mão? - eu levanto a voz também - Eu não sou assim e você sabe.

- Eu espero que você seja sensata e pare de se colocar em perigo por motivos estúpidos! - ele está furioso.

- Não grita comigo Jason. Você não pode me dizer o que fazer!  - eu aviso séria - Por que você está agindo assim?!

- Eu estou tentando colocar algum juízo nessa sua cabeça dura! - ele diz - É isso que se faz quando a pessoa que você gosta está agindo de forma totalmente irracional!

- Eu sei que você quer me proteger Jason mas a decisão é minha. Eu vou jogar e não tem nada que você possa fazer pra impedir - eu digo decidida.

- Você é impossível - ele bufa.

Abro a boca pra responder mas um trovão enorme ribomba no céu me fazendo estremecer e encolher. Eu tampo os ouvidos tentando abafar o som mas é inútil. Merlin, como eu odeio trovões!

- Você tem medo de trovão? - Jason me olha surpreso.

- É, eu não gosto muito deles - eu confesso.

- E mesmo assim vai jogar? - ele me olha e sua expressão é difícil de ler.

- O que eu posso fazer? Como eu disse antes, não vou deixar meu time na mão.

- Merlin, você é inacreditável - ele diz e esboça um sorriso divertido - Você não existe, sabia?

- Espero que isso seja uma coisa boa - aquele maldito sorriso desmontou toda a raiva que eu sentia antes.

- Com certeza - ele me olha com carinho.

- Eu só queria ter meu colar comigo - eu digo triste.

- O que aconteceu?

- Não consigo achar meu colar da sorte em lugar nenhum. Me sinto meio insegura de jogar sem ele, parece algum tipo de sinal - eu confesso.

- Não existe essa coisa de sinal - ele tenta me consolar sem sucesso.

- Mesmo assim, queria poder tê-lo aqui.

- Vamos fazer o seguinte - ele diz e tira um colar prateado de dentro das vestes - Pega o meu, está na minha família há séculos. Assim é como se eu estivesse com você o tempo todo, te dando sorte.

Eu pego o colar prateado da sua mão e analiso mais de perto. É antigo e pesado, com um medalhão verde escuro com uma cobra prateada no centro. Ela está com a boca aberta exibindo as enormes presas como se estivesse pronta para dar o bote.

- É lindo - eu digo - E meio assustador.

- Igual a você - ele zomba - Tem uma antiga lenda na minha família que diz que quando o colar é dado de bom grado a alguém com quem o dono possua uma ligação, ele protege a pessoa que o usa enquanto esse laço existir.

- Tem certeza que quer que eu use? Está na sua família há tanto tempo e parece ser muito valioso. - eu pergunto incerta.

- Por favor, usa. Vai te proteger - ela pega meu rosto entre as mãos e beija minha testa com ternura.

- Obrigada - eu agradeço com o coração radiante - Você não imagina o que isso significa pra mim.

- Significa ainda mais pra mim que você o use - ele me olha de um jeito que faz meu coração errar uma batida - Vou estar torcendo por você.

- Vou saber que você vai estar lá, e isso vai me dar coragem pra jogar - eu passo os braços em volta do seu pescoço e deposito um beijo breve em seus lábios.

- Deixa eu colocar isso em você - ele pede e passa o cordão em volta do meu pescoço - É melhor esconder essa cobra do resto do time, acho que eles teriam um ataque se te vissem usando isso.

- Eu não ligo - eu rio mas coloco o medalhão por dentro das vestes de quadribol e sinto a prata fria tocar minha pele - Mas assim te sinto mais perto de mim.

- Eu vou estar com você. Cada segundo. - ele diz e me puxa para um abraço apertado e apoia seu queixo em meus cabelos.

- Eu sei - eu digo com carinho e o puxo para um beijo demorado - Preciso ir, estou muito atrasada.

- Odeio te deixar ir - ele reclama e me da um último beijo de boa sorte.

Oiiii lindezas! Fiz até um capítulo mais longo e bem fofo hoje pq to me sentindo boazinha. Não se esqueçam de votar e comentar o que estão achando desse casal. Adicionem a história na biblioteca pra não perder os capítulos novos e sempre que quiserem podem me mandar uma mensagem que eu respondo tudo. Beijinhosssssss <3

Uma História em HogwartsOnde histórias criam vida. Descubra agora