O Jardim

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O dia do meu primeiro jogo chegou mais rápido do que eu esperava, estou surtando. Meu estômago está gelado desde que abri os olhos e parece que desaprendi como andar. Entro no salão principal e me sento entre Emily e Dylan.

- Bom dia, jogadora! - Dylan diz animado.

- Não fala comigo agora, acho que vou desmaiar. - eu digo e apoio a cabeça nas mãos.

- O que foi? - ele parece preocupado.

- Estou nervosa, só isso.- respondo como se não fosse nada, mas sinto como se fosse vomitar a qualquer momento.

- Você vai se sair bem, não se preocupa. - ele pega minha mão e diz carinhosamente.

- É, eu acho... - digo e delicadamente removo minha mão.

- Vou estar lá torcendo por você, Anna. - Emily diz e passa seu braço em volta dos meus ombros.

- Muito obrigada - eu digo com sinceridade.

- Boa sorte hoje, Anna. Estamos contando com você pra acabar com a sonserina - Um grupo de alunos do quarto ano passa e diz animadamente e me dão apertos de mão e tapinhas nas costas. Acho que vou vomitar.

 -Não consigo comer agora, preciso dar uma volta.

Eu digo e saio do salão. Não consigo ficar lá com todos os alunos da grifinória passando e me olhando com esperança, a grifinória não ganha um jogo contra a sonserina desde o ano passado, está virando piada. O apanhador antigo apesar de querido e respeitado, era péssimo, ninguém tinha coragem de tirar ele do time porque era o último ano dele, mas isso custou muito à grifinória. 

E agora que tem alguém novo todo mundo acha que todos os problemas da grifinória desapareceram e que a taça de quadribol é nossa. É pressão demais em mim, se eu for mal hoje todos vão me culpar e vou ter que aguentar o presunçoso do Jason me atormentando por isso.

Me sento na grama ao lado do salgueiro lutador e tento me acalmar, mas cada vez que penso no jogo meu coração acelera, todo tipo de pensamento ruim começa a invadir meu cérebro. Sinto meu coração acelerar cada vez mais, de repente parece difícil respirar, começo a hiperventilar, minhas mãos estão tremendo e formigando. Merda. Merda. Merda. Isso nunca aconteceu antes, o que eu faço? Pensar está cada vez mais difícil com meu coração martelando nas orelhas e o ar se recusando a entrar pelo meu nariz. Meus olhos estão marejados e sinto como se houvesse um elefante sentado em meu peito

- Young, o que você está fazendo sozinha aqui? Está com medo de perder, é? - Ouço alguém falar comigo mas a voz está abafada e confusa. - Young? Está me ignorando agora? 

Tento responder mas não consigo articular nenhuma palavra. 

- Ei... - alguém se posiciona em minha frente - Young, olha pra mim. Young!

Olho pra quem está falando comigo piscando pra afastar as lágrimas e focar minha visão. É o Jason. O que ele está fazendo aqui?

- Ei, olha pra mim. -  ele segura meu rosto entre as mãos - Respira, Young. Você precisa respirar fundo. Você vai ficar bem.

Tento fazer o que ele está dizendo e respirar fundo mas não consigo, minha respiração continua entrecortada e ofegante não importa o quanto eu tente.

- Anna, respira. Você consegue. Pensa em alguma coisa feliz, qualquer coisa. - ele diz e parece cada vez mais em pânico. - Pensa na casa em que você cresceu, como é? Você tinha um cachorro? Ou talvez um gato? Que cor era a parede do seu quarto? O que você e seus pais gostam de fazer? Pensa, Young!

Suas perguntas me confundem e preciso me concentrar pra entender o que ele está tentando fazer. Minha mente vai para a casa dos meus pais no subúrbio, com um quintal enorme, meu cachorro Toby e meu quarto rosa com bonecas pra todo lado. Me lembro de como íamos ao parque todo fim de semana e Toby corria atrás dos outros cachorros. São memórias felizes de um tempo tão mais simples. 

Sinto minha respiração regularizar aos poucos conforme todas as memórias invadem meu cérebro. Minhas mãos param de tremer aos poucos e meu coração para de martelar meus ouvidos. Passou. Realmente passou. Sinto lágrimas inundarem meus olhos, lágrimas de alívio.

- Viu? Você vai ficar bem. - Jason está na minha frente me olhando com preocupação. Ele levemente retira as mãos do meu rosto e me encara. 

Seco as lágrimas e me surpreendo quando sou atingida pelo que aconteceu. Jason me ajudou, tipo, realmente me ajudou. E foi super gentil. Isso não é normal.

- Obrigada... - eu digo constrangida.

- Não foi nada - ele responde e dá um sorriso constrangido.

- É sério, eu não sei o que faria se você não tivesse me ajudado - digo com sinceridade. Ele me encara sem dizer nada. - Por que você fez isso?

- Isso o que? 

- Me ajudou. Foi tão... legal comigo. - ele me olha como se não soubesse o que dizer.

- Eu só... vi que você precisava de ajuda e eu já passei por isso também, é uma merda. - agora é minha vez de ficar surpresa, Jason acabou de admitir uma vulnerabilidade pra mim? Essa conclusão parece atingi-lo também e ele parece desconfortável.

- Mas... você nem gosta de mim, e preciso admitir que também não sou muito legal com você.

- Não foi nada, ok? Você estava mal e precisava de ajuda, eu sabia como ajudar e ajudei. Só isso. - ele se levanta rapidamente - Não faça disso algo que não é. Eu continuo... não gostando de você.

Observo-o se afastar e estou totalmente confusa. Ele não foi nem um pouco babaca comigo, isso é totalmente novo.


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