O Espirito Maligno

79 15 20
                                    

A barriga de Palani roncava. A moça não tinha sido uma boa refeição. Descera resignada, aceitando o destino final, voluntariamente lançou-se ao Limbo dos Devorados. Isso não era bom. Palani precisava de desespero. Nutria-se com as emoções mais desprezíveis. Queria pavor e ódio.

Por sorte, o pobre homem era simplório, digno de pena. Ele sucumbiria prontamente aos encantos do espírito maligno. A mãe fora um aperitivo. A filha uma entrada que lhe dera indigestão. Mas o pai seria um prato principal sublime. Homens como ele são previsíveis. Homens como ele são medrosos. E não há nada mais saboroso do que o medo.

Palani ronronou outra vez. Dentro de seu ventre infinito, almas amorfas vagavam sem destino. A cada som que a criatura fazia, um rugido, como um trovão, estremecia o Limbo dos Devorados. E ele alegrava-se ao saber que tinha atormentado ainda mais as almas que consumira. Jamais as deixaria descansarem em paz.

DócilOnde histórias criam vida. Descubra agora