Prólogo

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"Várias são as opiniões sobre a existência ou não de Atlântida, e mesmo os que nela acreditam divergem quanto a sua localização e o modo como desapareceu.

A primeira referência sobre a Atlântida aparece em dois célebres diálogos de Platão, filósofo ateniense que viveu no século IV a. C.

No primeiro deles, Timeu, Crítias, um dos personagens de Platão, conta a história de um povo que habitava além das Colunas de Hércules, que hoje é o Estreito de Gibraltar, e cujos reis haviam formado um império tão grande e maravilhoso".

No outro diálogo, chamado Crítias, ou A Atlântida, Platão, sempre pela boca de Crítias, fornece maiores detalhes sobre aquela sociedade.

Conta que, quando os deuses dividiram as terras do planeta entre si, Poseidon (o deus dos mares) ficou com a Ilha de Atlântida.

Em uma montanha no centro da ilha vivia Cleitó, uma jovem mortal por quem o deus se apaixonou. Para proteger sua amada, ele isolou a montanha, rodeando-a com água e terra, fossos e muros, alternadamente.

Da união de Poseidon e Cleitó nasceram dez filhos homens, em cinco pares de gêmeos. Poseidon dividiu então a ilha em dez partes, uma para cada um dos filhos.

O mais velho recebeu o nome de Atlas, que em grego significa suporte e que passou a designar a ilha inteira.

O trono era herdado pelo filho mais velho de cada um dos reis, e o poder se conservou assim durante séculos.

A ilha, segundo Platão, era maior que a Líbia e a Ásia juntas, pelo menos do que se conhecia desses territórios na época.

Muito rica dispunha de grande quantidade de oricalco, uma espécie de liga de metal muito valiosa.

Lá viviam muitos animais domésticos e selvagens, incluindo elefantes, e a terra proporcionava grande quantidade de frutos.

Os reis tinham todo o poder sobre seu reino e faziam a maioria das leis, podendo castigar e condenar à morte quem quisessem.

Contudo, o poder de um rei sobre outro era ditado pelos decretos de Poseidon.

Uma inscrição gravada pelos primeiros reis sobre uma coluna de oricalco, que se encontrava no templo em honra a Poseidon, no centro da ilha, ordenava que se reunissem periodicamente, a cada cinco ou seis anos, quando acontecia um julgamento mútuo.

A cerimônia se iniciava com ritos táureos. Os reis ficavam sozinhos no recinto sagrado de Poseidon, onde eram soltos vários touros. Eles tinham de capturar e degolar os animais, após o que se aspergiam com seu sangue.

Jogavam parte dele no fogo, enquanto juravam respeitar as leis sagradas.

Ao anoitecer, vestidos com belas túnicas, sentavam-se para serem julgados uns pelos outros.Esses reis permaneceram durante muitas gerações ligados às leis divinas e, como conta Crítias, mantinham seu senso de justiça."

O professor de história antiga, parecia realmente acreditar naquilo que dizia para os rostos murmurantes na sala. 

Poucos estavam realmente interessados no assunto. Que importância teria para a vida de qualquer um deles, saber a localização de um reino perdido?

Um reino cuja existência nunca foi provada de fato. Tudo sobre Atlântida era cercado por lendas e mitos. Pouco havia disponível para provar que tenha mesmo existido algum dia.

Um dos poucos alunos fascinado pelo assunto era Edward. Estava nas primeiras fileiras e totalmente atento ao que o professor dizia.

Vez ou outra fazia anotações ou levantava as mãos para fazer perguntas. Um nerd completo.

Theo, que estava algumas fileiras atrás, se segurava para não revirar os olhos, cada vez que o encaracolado interrompia a narrativa do professor, apenas para lhe fazer alguma pergunta.

O que sempre estendia o assunto ainda mais, para desespero da maioria dos alunos ali.Mas até mesmo Theo, admitia que Edward Twist não era um típico nerd. Talvez fosse apenas muito inteligente e gostasse de estudar.

Era um dos garotos mais populares na faculdade. Capitão do time de natação. Membro do Conselho Estudantil. Disputado quase a tapas pelas meninas, que caiam de amores por seus olhos verdes e as malditas covinhas que ficavam evidentes, cada vez que ele sorria.

Alguns garotos também caiam de amores por sua beleza digna dos deuses e seu temperamento gentil e educado. Ele era absolutamente encantador, mas Theo jamais admitiria isso em voz alta.

Não! Edward Twist não tinha mesmo o perfil de nerd!!

Nada de óculos fundo de garrafas. Não, ele usava apenas óculos de sol  de marca famosa. O que era quase um pecado, porque as lentes escuras serviam apenas para esconder seus brilhantes olhos cor de esmeralda.

Nada de cabelo lambido e duro de gel. Os cabelos cacheados estavam sempre soltos e em uma linda bagunça. Estavam chegando a altura dos ombros, eram brilhosos e macios. Até algumas garotas invejava seus cabelos, castanho dourado.

Não havia muito de timidez também, como a maioria das pessoas consideradas nerd. Harry não tentava ser invisível. Era adoravelmente atrapalhado, mas não andava tropeçando nos populares pelos corredores e se encolhendo de medo de apanhar.

Não mesmo. Isso não existia com Edward. Era popular, lindo, consciente de sua beleza, até meio ousado as vezes.

Quanto a Theo, sentia vontade de levantar o braço em alguns momentos e dizer ao professor de história, que muita coisa dita sobre Atlântida, não passava de mitos ou grandes bobagens.

Mas para afirmar algo desse tipo, só lhe traria problemas com os quais não queria lidar. Não era culpa do professor, que aliás, era um de seus favoritos. Seria uma espécie de desacato desafiar o homem, diante da turma toda.

Além disso, teria que explicar qual era sua fonte. E não podia fazer isso sem se meter em uma confusão ainda maior.  E mesmo que pudesse, quem acreditaria?

Theo achava que ninguém precisava saber que ele era da realeza atlante e vivia entre os humanos, sem ser notado. Não tinha como explicar suas origens e nem queria que soubessem. Pessoas que ele amava estariam em perigo se essa  verdade fosse revelada.

Isso mesmo, sua alteza real, príncipe Theodore Galantis. Herdeiro legítimo do trono de Atlântida. Podia facilmente indicar a localização exata da cidade perdida, mas não era como se ele fosse bem vindo por lá nesse momento...

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