Atlantis

Prophecy

A bela e próspera Atlântida já foi uma poderosa civilização, muito antes da ira dos deuses cair sobre ela. Poucos são capazes de dizer, com certeza, como a cidade desapareceu do mapa, sem deixar nenhum vestígio. Era como se ela nunca tivesse de fato existido.

E sumiu tão completamente que, mesmo séculos depois, historiadores do mundo todo ainda tentam definir sua exata localização. Alguns continuam duvidando de sua sua existência real.

A existência ou não de Atlântida, se transformou em um amontoado de lendas e mitos. As histórias, contadas através de gerações, se perderam ou se misturaram aos vários mitos e lendas já existentes na mitologia grega.

E foi onde acredita-se que tudo realmente começou...

__ Aqui está toda a história sobre nossa civilização. - Cassandra apontava os grossos volumes dispostos em uma gigantesca prateleira que ia até o teto. - bem, aqui temos a verdadeira história. Seu povo da terra firme tem muitas versões da verdade e sobre nós.

Seu povo da terra firme...

Theodore nasceu em terra firme, mas era tão atlante quanto aquela garota diante de si. Ele era o legítimo  príncipe herdeiro. Um dia ele seria o soberano daquele reino, mas isso não parecia impressionar Cassandra.

__ Posso saber porque se refere ao povo da terra firme com certo...deboche? - o príncipe a encarou e Cassandra revirou os olhos - e você fala de mim como se eu fosse um intruso aqui. Eu sou tão atlante quanto você. Eu sou seu príncipe.

__ Você é meio atlante e não é meu príncipe! - disse petulante.

Parecia piada que, até mesmo no fundo do mar, existia bullying! As circunstâncias de seu nascimento não era algo que pudesse escolher. Não era culpa dele se havia nascido...diferente!

Mesmo assim gostava muito dessa garota. Mesmo com as respostas malcriadas que sempre recebia. Principalmente porque Cassandra estava coberta de razão em tudo o que dizia. 

Theodore era meio atlante e meio terra firme. Um mestiço, como já ouviu alguém comentar. E se fosse honesto, realmente não se sentia príncipe daquele povo. Nunca quis a coroa. 

Mesmo que também se sentisse um estranho em terra firme. Era como se não pertencesse a nenhum desses dois mundos.

__ E vai me dizer por que estamos aqui? -  ainda seguia a garota por entre prateleiras, se esgueirando e olhando para os lados, temendo ser descoberto pela guarda real - ainda não consegui ver minha mãe e não acho que esses livros possam ajudar a derrotar Menon. A menos que eu possa jogar alguns desses na cabeça dele...ou talvez essa prateleira monstruosa.

__ Ai é que está seu engano. - Cassandra puxou um livro pesado da prateleira e jogou sobre uma mesa perto dali - a resposta pode estar nessas páginas. Para todos os problemas do reino.

__ Vai me respeitar menos se eu disser que não acredito em mitos e lendas? - o jovem príncipe gracejou.

__ Existe uma lenda, mesmo entre nosso povo, que pode mudar o rumo de tudo. - Cassandra apontou o livro, ignorando sua tentativa de gracejo - o que vê aqui?

O livro foi aberto em uma página específica, onde exibia uma gloriosa pintura do deus dos oceanos. 

__ Poseidon?

__ O que ele está segurando?

__ Seu famoso tridente.

__ Quando Atlântida foi submersa por ofender os deuses, Poseidon poupou seu povo, nos dando a capacidade de sobrevivência, mesmo embaixo d'água. - Cassandra disse como se conhecesse bem demais aquela história - várias gerações depois nasceram no fundo do oceano e essa é a única realidade que conhecem. Podemos respirar em terra firme, mas não por muito tempo. Temos a necessidade de estar próximo da água. Ou morremos. Assim como o povo da terra firme, não podem ficar na água por muito tempo, porque morre, afogados.