Origins

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No fim de semana...

Theo andava pelo enorme Aquário, sentindo-se meio nostálgico.  Estava inquieto nos últimos dias e não sabia explicar bem porque. Tinha o estranho pressentimento de que algo grande estava para acontecer, e não fazia ideia do que seria.

Sorriu ao colocar a mão contra o vidro que o separava dos animais ali.E observar como peixes e até espécies maiores se aproximavam do vidro. Uma parte dele se incomodava em ver animais presos, seja qual for a espécie. 

As criaturas marinhas reconheciam seu príncipe. E havia em Theo aquele desejo quase sufocante de estar de volta ao oceano, de volta aquela sensação de conforto e familiaridade que sempre sentiu, estando na água.

Mas sua parte sensata sabia que voltar não era um opção. Não era seguro. Nem pra ele e nem para as pessoas amadas que deixou em sua fuga. De qualquer forma estava conformado com sua vida atual. Não tinha muito do que reclamar, na verdade.

Havia reencontrado seu pai e sua irmã que nem conhecia. Podia viver entre os humanos como se fosse apenas mais um garoto que gostava demais do mar.

Era o mais próximo de uma vida normal que poderia ter.

Nada de guerras pelo poder.

Nada de manipulações.

Nada de traições.

Nada de deveres de um soberano.

Nada do peso da coroa sobre sua cabeça.

Não era mais o príncipe de um reino quase esquecido.

Ali, era apenas Theo. Um jovem universitário, que adora surfar, vivendo com o pai e a irmã, em uma casa simples na beira da praia.

__ Eles gostam de você. - uma voz rouca pareceu assoprar em seu ouvido. - eu não os culpo. É meio impossível não ficar encantado.

Theo se  virou e sentia o corpo mais quente, enquanto observava o menino de cachos, que já se afastava com o restante da turma, de braços dados com sua irmã.

Edward era o melhor amigo de Charlotte, daquele tipo que quase nunca se desgruda. Pareceriam namorados se não soubesse que o garoto tinha mais inclinação para os garotos bonitos que o cortejavam.

Era o que muitos classificaria como deus grego. E, por Zeus, estavam, mesmo na Grécia.

O menino tinha um corpo esguio, pernas longas, pele de marfim, cabelos cacheados que emoldurava seu rosto perfeito, lábios eternamente vermelhos e constantemente umedecidos por aquela sua língua travessa, olhos de um tom de verde que, em alguns dias, o fazia lembrar do mar profundo onde não se importaria de se afogar.

Edward era quase a encarnação do pecado. E parecia achar divertido roubar o sossego de Theo. E ele tinha um estranho poder sobre o garoto de olhos azuis. Havia aqueles flertes inconsequentes. Frases deixadas no ar e a imaginação de Theo era perigosa, porque o levava por caminhos sinuosos de paixão e prazer.

Apesar de admitir para si mesmo que Edward o atraía mais do que devia, jamais fez nenhum movimento para uma real aproximação. Nunca deu a entender que estava interessado. Recebia as cantadas como uma espécie de brincadeira. Achava melhor dessa forma.

Mesmo que os dois mal se falassem de verdade,  havia um certo conforto quando estavam próximos, mesmo que em silêncio. Era como se as palavras não fossem necessárias.Os dois não percebiam a maneira como eram quase como espelhos refletindo o outro. As vezes até completam as frases um do outro, como se estivesse pensando a mesma coisa.

Ambos tem a mesma mania de passar horas na praia, no cair do dia, apenas olhando o mar com aquela expressão de saudade em seus olhos.Mas não notavam nada disso.

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