capítulo único

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Nunca houve um momento em que Dean não teve a pior sorte com tatuagens de almas gêmeas em toda a sala. Simplesmente não era possível, não com algo tão falado quanto Olá rabiscado em seu braço. Quando apareceu pela primeira vez aos 13, quando todos os outros em sua classe estavam recebendo palavras e frases reais, ele estava um pouquinho... chateado. Só um pouquinho. Ficar emburrado no quarto por mais de uma semana e recusar-se a sair até mesmo para ir para a escola conta como pouquinho, certo? A única razão pela qual ele voltou às aulas foi para impedir que seus pais continuassem com a ameaça de mandá-lo a um terapeuta.

Depois daquele dia, porém, Dean sempre usava uma camisa de flanela de mangas compridas por cima da camiseta. Só porque ele ficou preso com a marca de alma gêmea mais vaga possível, isso não significava que tinha que mostrar seu vexame para o mundo.

Mas mesmo que escondesse a marca, ele sempre prestava atenção a qualquer estranho que dissesse olá para ele. Ele duvidava que encontraria o olá certo, mas ainda assim prestou atenção. Mesmo que fosse extremamente cansativo. Durante anos, toda vez que um adolescente que ele não conhecia dizia olá, seu coração pulava um pouco e ele dizia algo aleatório sem pensar muito. Mas nunca ninguém reagiu como se tivesse dito algo incrível. Cansativo. Tão cansativo. Quando seu segundo ano do ensino médio terminou, ele basicamente desistiu. Não era como se as pessoas conhecessem sua alma gêmea quando eram tão jovens, mesmo.

Ele passou todo o terceiro ano sendo um idiota rabugento, de acordo com seu irmão mais novo. Mas, sério, você poderia culpá-lo? Ele era basicamente uma aberração, ou pelo menos estava completamente ferrado. E não ajudou em nada o fato de que, perto do final do ano letivo, quando Sammy completou 13 anos, recebeu uma frase legal e fácil de reconhecer. Afinal, com que frequência uma pessoa era questionada se conhecia a língua de sinais? Assistir o pequeno nerd ensinando a si mesmo a língua de sinais depois disso foi demais para Dean, e seu humor perpetuamente de merda só piorou.

Quando as férias de verão começaram, Dean decidiu passar os três meses tentando ao máximo esquecer aquelas três letras estúpidas em seu braço. Algumas semanas depois, ele pode ser encontrado na casa de seu amigo Gabe, assistindo a filmes de terror às quatro da manhã. Os créditos rolaram enquanto Dean bocejava, mas ele não sentia vontade de dormir ainda. "Qual depois?" Perguntou.

"Cara, é quase o raiar do dia, e meu primo vai aparecer antes do meio-dia", Gabe reclamou, deixando escapar um bocejo.

"A noite ainda é uma criança", disse Dean com um sorriso.

"Então, você vai ser a babá. Eu preciso do meu sono de beleza," Gabe disse enquanto colocava o controle remoto no colo de Dean.

"Dormir não vai te ajudar nisso," Dean brincou, reorganizando os travesseiros e cobertores no sofá para ficar mais confortável.

Gabe deu a volta no sofá e se inclinou. "Verdade, Dean-o. Não se pode ficar mais bonito do que isso." Ele acenou com a mão pelo próprio corpo e piscou.

Dean jogou um travesseiro nele, e os dois riram enquanto Gabe se dirigia para seu quarto, o único no porão onde a sala de jogos estava instalada. Depois que ele ficou sozinho novamente, deu play em um filme violento aleatório no DVD player e se acomodou em seu casulo de cobertores. Estava profundamente adormecido antes do terceiro adolescente morrer.

Ele ainda estava dormindo quando sentiu a sensação assustadora de alguém o observando. Foi o suficiente para tirá-lo de seu sonho aleatório, e ele abriu um olho experimentalmente. O outro o seguiu logo, e quando eles finalmente focaram, se depararam com um par de olhos azuis que pareciam irrealistas, eles eram tão vivos. "Olá", disse uma voz grave, assustando Dean em seu estado meio acordado a ponto de cair do sofá.

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