9. Acalento

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 Estantes reviradas, objetos espalhados pelo chão...

Você mais uma vez se encontrava ali: inebriada pelo ar gélido e envolvida pelo breu que se encontrava em seu próprio quarto, tentando mais uma vez sorrir.

Não havia mais lembrança da última vez que pôde sentir toda a leveza dentro de si com momentos bons. As lágrimas teimavam vir e inutilmente tentava contê-las. O corpo inteiro tremia. Queria gritar, espernear, falar sobre tudo o que lhe ensinaram a reprimir, mas nada saiu. Ficou apenas ali, tentando resgatar a pessoa que um dia foi e cada vez mais adepta à solidão.

A porta abruptamente aberta, luzes acesas e, antes mesmo que pudesse ver quem era, virou-se em direção oposta, cabisbaixa. Conseguia sentir um olhar sobre si. Nada foi dito.

Breves de segundos de silêncio e sentiu alguém se aproximando. Mesmo com uma leve ideia de quem poderia ser, não ousou encará-la diretamente.

Estava a um passo de mandá-la ir embora quando sentiu um abraço por trás. Seu corpo inteiro parou de funcionar por breves segundos.

Respirações descompassadas. Você não se esforçou mais para segurar as lágrimas e simplesmente as deixou vir. Um alívio no peito surgiu. O nó que há muito tempo encontrava-se em seu estômago se desfez. O corpo inteiro ficava cada vez mais leve. Apegou-se ainda mais no calor daquele enlaço e transbordou ainda mais.

Permaneceram ali, sem dizerem uma única palavra. Continuou colocando tudo o que havia dentro de si para fora, desejando que aquele momento nunca acabasse.

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