— Muro azul... — repetia baixinho para não se esquecer do combinado, já era o horário que marcaram e ele caminhava pela calçada agitado olhando para o muro procurando pela garota e quando a viu conversando com um outro rapaz paralisou observando a cena, ele parecia tão feliz gesticulando com as mãos, deu um abraço nela e lhe entregou um pirulito antes de seguir seu caminho. A garota abriu o pirulito o colocando na boca e pegou o celular, nesse momento William lembrou o que estava fazendo e retomou seu caminho na direção dela. — Alma!
Ela tirou a atenção do celular para levar um olhar irritado para ele, tirou o pirulito rosa da boca e o apontou para o rapaz. — Você não pode me chamar assim!
— Por que não?
— Só não me chame assim! Meu nome é Alana! — disse irritada e guardou o celular no bolso, gostava do apelido tanto quanto gostava de seu nome, mas ouvi-lo na boca dos outros era estranho, não estava acostumada a ser chamada sequer pelo nome, imagina se estaria a ser chamada pelo seu apelido de cupido. — Vamos andando, preciso ver uma pessoa mais tarde...
Se dirigiram até um quiosque na praça próxima e se sentaram lado a lado escorados ao balcão, os olhares dos dois varriam a área em volta até que se encontraram, o rapaz corou com os olhos castanhos esverdeados dela tão firmes em si e desviou o olhar para frente.
— De que tipo de garota você gosta? — perguntou ela se virando de frente para o balcão. William pensou mas não tinha uma imagem formada em sua cabeça, olhou em volta vendo uma garota de cabelos escuros cacheados, a pele morena e um sorriso simpático, conversava com suas amigas e vez ou outra olhava para ele, seu coração pulou no peito e então a garota ao seu lado se virou incrédula para ele. — Já se apaixonou de novo?! É inacreditável!
— O sorriso dela é lindo! Ei! Como sabe que me apaixonei?
— Eu sinto... — disse simples e ele se virou para ela dando total atenção a qualquer palavra que fosse proferir, seus olhos percorreram toda a expressão desinteressada parando no bico fofo em seus lábios rosados enquanto olhava para um cardápio. — Seu coração bate mais forte... como cupido eu tenho uma boa audição para isso... normalmente as pessoas ficam com as bochechas vermelhas ou travam a respiração. — Alana se virou olhando disfarçadamente para onde o rapaz olhava e avistou a morena observar ele com um sorriso. — O nome dela é Milla, está interessada em você também. Por que não vai falar com ela?
— Que?! Assim do nada?! Você é minha cupido! Deveria me ajudar! — indignação reinava, tinha para si que com apenas um estalar de dedos da garota ao seu lado ele estaria se casando com a morena que estava apaixonado.
— Você também deveria se ajudar... não posso fazer o trabalho todo sozinha. — o homem que atendia no quiosque trouxe uma garrafinha de água para ela que sorriu o agradecendo. — Podemos ir com calma, mas pra eu te ajudar você precisa ter alguma mínima relação com a moça. Vá conversar com ela e eu fico te dando apoio moral.
— É fácil falar! Ela tá rodeada de amigas! Elas vão rir de mim! — havia um tanto de desespero em sua voz, bem quando pensou que havia conseguido convencer Alana a lhe ajudar a garota apenas colocou a mão sobre a boca rindo de forma fofa.
— Você não ama ela William. Eu não posso te ajudar com uma paixão passageira. — falou risonha, os olhos quase se fechando e as covinhas bem aparentes em suas bochechas.
— É claro que eu amo! Olha como ela sorri! — olhou de volta para a morena e viu que ela havia saído, prestou mais atenção nas amigas dela que ficaram por ali e logo seu coração bateu mais forte.
— Eu to começando a pensar que você tem arritmia. Nunca vi alguém que se apaixona tão facilmente! — falava sorridente, compreender a situação deixava ela aliviada mas William pelo contrario estava começando a entrar em desespero, se nem mesmo um cupido conseguia ajudar talvez ele acabe ficando sozinho para o resto de sua vida, e isso é o que mais temia.
— Eu sou um caso perdido...?
A cupido não respondeu, tomou um longo gole de sua água e suspirou, ainda não tinha certeza se conseguiria mas tinha certeza de que ia dar o seu melhor, tinha em sua cabeça que todos merecem um amor marcante, portanto, iria proporcionar isso ao seu mais novo cliente.
William quase perdeu as esperanças quando ela não respondeu, se sentia triste por dentro, cruzou os braços sobre o balcão e ficou a martelar em sua cabeça, todas as namoradas que já teve, nenhuma durou mais que um mês, todas reclamavam da mesma coisa, diziam que ele mudava após esse período de tempo pois perdia o interesse nelas, não que fosse verdade, mas também não era uma mentira, ele amou a todas igualmente, mas seus relacionamentos sempre se esvaiam.
— Escuta William...
— Pode chamar de Will. — disse rapidamente ao que ela fez uma pausa para escolher as palavras adequadas.
— Ok. Will, eu não tenho certeza se vou conseguir, mas vou dar o meu melhor para que você consiga uma namorada. Você é a vigésima sexta pessoa que eu ajudo como cupido, e é o caso mais complicado que já vi. Mas não precisa se preocupar muito, se não conseguir eu tenho uma carta na manga. — confessou sorrindo para acalma-lo, podia escutar o coração dele batendo fervorosamente, por um segundo odiou sua audição aguçada de cupido pois os barulhos das batidas lhe ensurdeciam.
— Obrigado Alana, eu confio em você e tenho certeza de que vamos conseguir!
— Isso aí. Pensamentos positivos. — a voz letárgica não combinou em nada com suas palavras mas ele relevou, sem dúvidas a garota parecia cansada, sem falar que havia acabado de sair da aula.
— Minha gordinha!
Os dois se viraram na direção da voz e lá estava um loiro sorrindo enquanto olhava para Alana.
— Oi Tayler, você não tinha treino hoje?
— Foi cancelado! — se apoiou no balcão entre os dois com os olhos fixos na garota que parecia tímida ao olhar dele. — Eu tava voltando, vai ter festa hoje, você ta sabendo, né? — ela assentiu pra se livrar logo do loiro e ele foi embora jogando um beijo para ela e ignorando Will.
— Adoram me atrapalhar... — comentou Alana atraindo a curiosidade do rapaz ao seu lado. — Ele também é da Gamma.
— Por que seus amigos te chamam de gordinha? Você não é gordinha. — ela riu desacreditada e negou.
— Eu to conformada. Sou gordinha, não precisa fingir que não é nada. Eu já não ligo mais.
— Mas deveria! Você não é gorda, eles não podem te chamar assim! — indignação transparecia em sua voz, realmente Alana não era muito gordinha mas de tanto ser chamada assim colocou em sua cabeça que era e como a própria diz "está conformada".
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Cupido
Teen FictionWilliam era um rapaz, um tanto, apaixonado, com isso quero dizer que ele se apaixona fácil, por qualquer um, o típico ser humano trabalhoso para qualquer tipo de cupido, e por esse motivo os colegas de Alana a indicaram para o serviço, ela é um pouc...