Ela apenas sorriu para o comentário dele o ignorando e se levantou já olhando a hora, se andasse rápido chegaria no horário que disse que estaria lá.
— Eu tenho que ir... tem alguém me esperando... nos vemos amanhã no mesmo horário.
Sem se despedir direito saiu a passos rápidos, seu avô não gostava quando ela se atrasava mesmo que ele fosse aposentado e não tivesse nada melhor para fazer, desde sempre presou a pontualidade, e como Alana queria pedir conselhos a ele, deveria o agradar chegando no horário marcado.
Durante sua caminhada olhava constantemente o celular, deu uma corridinha na última quadra e por fim chegou dois minutos antes do combinado, bateu na porta e esperou que o senhor de 72 anos viesse atender. Assim que abriu a porta, sem nenhuma palavra, fez sinal para a garota entrar e assim ela fez sabendo o quão excêntrico o senhor era, tinha uma aparencia muito nova para a sua idade, mas isso era por conta de ter sido cupido, uma das dádivas dessa profissão seria o considerável atraso no envelhecimento.
— Vô, eu preciso de ajuda...
— Imaginei... você nunca mais veio nos ver, gostaríamos de mais atenção, sabe? Seu pai sumiu no mundo com sua mãe, pelo menos me conformo por eles serem um bom casal. — disse com notável orgulho em sua voz, contou a neta tantas vezes como foi que juntou os dois com a ajuda de um amigo cupido que a garota já estava enjoada da história que por acaso sabia de cor e salteado.
— Me desculpe... ando muito ocupada com o trabalho e a faculdade, anda sendo tão estressante...
— Está tudo bem querida. — interveio a senhora que entrava na sala com uma bandeja recheada de coisas, a depositou na mesa de centro e ofereceu a neta um pedaço de bolo o qual havia assado naquela tarde. — Seu avô avisou que vinha então preparei um café da tarde, fiz seu bolo favorito.
A garota sorriu agradecida e deu uma mordida no bolo, seu estômago se revirou e sentiu uma enorme vontade de chorar, a tanto tempo estava tentando manter a dieta mas não conseguia recusar um dos famosos doces de sua avó.
— Marta, será que você poderia nos dar licença? Ela queria me pedir conselhos sobre o trabalho. Sinto muito... — pediu o homem tentando o máximo possível não soar rude, Alana admirava isso no avô, ele era rude com todos e não poupava palavras, mas com sua avó ele era cuidadoso o tempo todo, esse era o motivo do casamento já durar quase cinquenta anos.
— Oh, me desculpe, não vou atrapalhar vocês. — ainda sorridente a senhora deixou um beijo na testa da neta e saiu bamboleando a grande cintura para a cozinha.
Os dois que ficaram na sala se entreolharam por um momento até que a garota soltou um longo suspiro que fez o senhor enrugar a testa preocupado, nunca havia visto Alana tão desanimada com um caso.
— Ele se apaixona por qualquer pessoa que encara por mais de dois minutos. Conversei com ele ontem mas pelo que percebi antes de ontem quando estava observando é que é um cara normal, leva um vida normal. E todos o chamam de "caso perdido", inclusive ele mesmo.
— Se apaixona por qualquer um? Esses são difíceis. Se apaixonou por você? — ela negou com feição de dúvida.
— Acho que não... não prestei atenção nisso...
— É difícil perceber quando eles se apaixonam por nós. — apontou com a cabeça para o lado da cozinha. — Não esqueça dessa possibilidade. Mas em todo caso, vai ser muito difícil. Tente perceber os gostos dele, pergunte, procure por alguém que seja tão o tipo dele que seja impossível de se apaixonar por outra. E se precisar de alguma ajuda estou sempre a sua disposição minha florzinha. — ela assentiu sorrindo, gostava dos conselhos do avô pois lhe davam no mínimo um direcionamento para começar. — Vá chamar sua avó.
Ela foi até a cozinha e a senhora logo se reuniu aos dois na sala, trocaram conversas agradáveis sobre o jardim que o senhor estava cultivando e sobre as peças de tricô que a mais velha aprendeu a fazer. Questionando o quanto a neta havia emagrecido a avó encheu um prato com biscoitos e bolos e se recusou a deixar ela ir embora antes de comer pelo menos metade.
Assim que conseguiu sair da casa dos avós Alana percebeu que já estava anoitecendo, o tempo pareceu passar rápido lá dentro, se sentiu mal por fugir tanto da dieta, se esforçou ao máximo para perder os kilos que a avó reclamou e a fez ganhar tudo de volta. Num suspiro irritado ela parou em frente a uma vitrine se olhando no reflexo, ela não se achava gordinha, para si estava no peso e no tamanho certo, mas se fosse se comparar com as outras garotas de sua idade, seu quadril e coxas eram maiores e isso a incomodava.
Decidida a voltar o mais rápido possível para seu quarto na república ela apertou o passo, ao ouvir de longe o barulho alto lembrou-se do que Tay havia falado mais cedo, haveria uma festa hoje, ela sempre evitava participar dessas festas, o barulho alto e a multidão de pessoas lhe deixavam ensurdecida, eram vários corações em conjunto batendo rapidamente enquanto dançavam, é claro que ela conseguia controlar esse poder e não escutar os batimentos mas mesmo assim sentia dor de cabeça só de pensar.
Entrou sem bater na porta, lá dentro os cinco colegas estavam espalhados pela sala, Ruby estava guardando qualquer decoração de vidro da sala para que ninguém as quebrasse, Rafael estava deitado no sofá com os fones no ouvido parecendo dormir, Tayler estava empilhando os copos vermelhos um sobre o outro sob a supervisão de Emy que ao ver a garota na porta abriu os braços batendo propositalmente na pilha que o rapaz já havia feito derrubando vários copos pelo chão.
— Alma! Pensei que nunca iria voltar! — disse com falsa animação sorrindo debochada para o rapaz que estava tendo um ataque de nervos bem ao seu lado por ter de juntar todos os copos.
Alana apenas sorriu para ela e deu dois passos para frente fechando a porta, o som estava incrivelmente alto, a garota não conseguia imaginar como Rafael ainda estava dormindo com todo aquele barulho mas imaginou que estava apenas se preparando para ficar acordado até tarde. Repentinamente sem aviso foi pega pela mão e puxada para junto de alguém, assim que seus corpos estavam colados o rapaz a deitou para trás como numa dança e assim que a levantou segurou firme cintura da garota a guiando para dançar no ritmo da música.
— Ramon! Você nunca aparece aqui!
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Cupido
Teen FictionWilliam era um rapaz, um tanto, apaixonado, com isso quero dizer que ele se apaixona fácil, por qualquer um, o típico ser humano trabalhoso para qualquer tipo de cupido, e por esse motivo os colegas de Alana a indicaram para o serviço, ela é um pouc...