15 - preferia estar em qualquer lugar, qualquer lugar que não seja aqui.

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N A R R A D O R

Não demorou muito mais para que um sorriso sarcástico surgisse em meio aos traços delicados de Kai. O que o rapaz tinha de fofo, tinha de cruel.

— Agora você definitivamente me deve uma explicação. — foi o que Kai disse, depois de vários segundos naquele silêncio constrangedor, acompanhado da situação não lá muito de se orgulhar.

— O que você tá fazendo aí, cara? — essa foi a única coisa que Soobin conseguiu dizer, ainda perplexo. Ele não estava completamente paralisado, raciocinava muito bem, e sabia que a pequena maleta evidentemente aberta lhe traria grandes problemas. — Você quem me deve explicações!

Até para a surpresa do Choi, ele pareceu bem convincente. O único detalhe que ele havia esquecido era que Kai podia ver suas cores, e ele enxergava nitidamente o cinza que, pouco a pouco, tornava sua presença um destaque.

— Você mesmo disse que sabe o que eu sou, deixa de ser sonso. — agora finalmente movendo-se para sair do lugar apertado, Kai estendia um braço para Soobin, num pedido mudo que ele o ajudasse. — O cara que você mandou me seguir, acho que foi ele quem me obrigou a estar aqui.

— Hum... Não mandei ninguém te seguir. Precisa de uma explicação melhor. — apesar do tom firme e incisivo, Kai ainda via o verde escuro, o cinza e o rosa revezando-se pela áurea do rapaz.

— Seus amigos, ou comparsas, então. — agora de pé, Kai aproveitou para olhar ao redor e passar as mãos pelo casaco minimamente amassado. Ele ficou os olhos nos pés de Soobin por fim. — Balenciaga Speed 2.0? São lindos!

O verde escuro aflorou um pouco mais.

— É... Nunca usei antes. — mesmo que Kai não tivesse dito, o Choi sabia que Kai estava falando do tênis por causa do preço. Huening dizia várias dessas coisas, era uma daquelas pessoas que faz perguntas sabendo que resposta receberia.

Mas Soobin não se surpreendia, afinal, um tênis que custava quase um bilhão em wons sul-coreanos não era lá algo muito comum de se ver nos pés de um jovem que se sustentava sozinho.

— Você vai ter que me desculpar pela situação, mas eu só volto pra casa com companhia hoje. Tem realmente um cara me seguindo.

— Isso é você me pedindo um favor? — indagou Soobin. — Depois de me acusar de mandar te matar?

— Nós já superamos isso, não é? — Kai então sorriu, sabia que deveria estar com medo, e sabia que sua vida estaria em risco, mas ele ainda achava divertido, e por algum motivo, confiava até demais no rapaz. — O hyung não pode me deixar sozinho! E se for você mesmo quem eu acho que é, dá pra você aproveitar a chance...

— Maluco. Completamente maluco. — o mais velho negou com a cabeça.

Sem uma resposta, Kai só passou a observar Soobin, que fechava a porta do armário do qual Huening estivera preso pelos últimos poucos minutos. O mais novo não percebeu, mas Soobin esvaziou o armário, e a case plástica de lá agora estava em sua mochila.

Seguiram, então, lado a lado. Olhos fixos no chão e passadas sincronizadas marcavam a quase imperceptível presença dos rapazes que usavam roupas com cores monocromáticas. Pegaram o metrô juntos em pleno silêncio, apenas com o som do mundo externo, que vez ou outra cruzava a audição dos dois jovens.

O prédio não era longe da estação que desembarcaram, mas o silêncio que prevalecia parecia esticar cada vez mais as duas ruas que precisavam andar até lá.

Kai continuava atento, preocupado que alguém lhe pudesse estar seguindo. Ele olhava a cada estreito das ruas, cada beco ou pontos sem iluminação, e não vira nada suspeito, até cruzar a última esquina na rua que abrigava seu prédio. Um cara de roupas escuras, as roupas apertadas deixavam os músculos evidentes, não era um dia de sol, mas o rapaz usava boné e óculos escuros.

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