12 - suas palavras são como um tiro, e agora eu não consigo parar de sangrar.

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Y o u r w o r d s h i t m e l i k e a g u n s h o t...

( o p e n yo u r s E Y E S )

Iniciar o dia nunca pareceu tão difícil para Kai antes. Normalmente ele apenas acordava, deixava a ração de Oji e seguia para o trabalho. Às vezes tinha a decência de se arrumar minimamente, mas só às vezes. Ou, em dias como aquele, onde não tinha que trabalhar, apenas demorava a levantar e estudava o mesmo assunto pela milionésima vez.

Antes, uma mudança significativa em sua rotina era talvez ouvir um pouco de música enquanto estudava. Agora, porém, ele estava deitado de bruços, encarando seu novo animal de estimação afiar suas garras no estofamento de uma cadeira. Eu deveria fazer alguma coisa, pensou, mas nada fez. Encarou o felino por mais alguns minutos enquanto ele saltava entre os móveis.

Após se aventurar pela cozinha minimalista do garoto, o animal pulou da cadeira para a mesa de estudos de Kai, onde o aquaterrário de Oji estava. Em uma situação considerada comum Minki tentaria invadir o aquaterrário e buscar por comida. Entretanto ele não fez nada senão colocar as patas no vidro para chamar a atenção da tartaruga. Quando conseguiu, uma cena deveras divertida ocorreu.

Oji se aproximou do felino, em sua própria velocidade e esticou o pescoço até sua boca tocar o vidro. Minki, intrigado, recuou um pouco. Ao girar a cabeça para o lado, ele viu a tartaruga fazer o mesmo, tão intrigada quanto ele. Ambos permaneceram assim por mais alguns minutos, sempre repetindo os movimentos do outro.

Kai sorriu, adquirindo um tom leve de roxo. Suspirou em seguida, sabendo que deveria levantar pelo menos para acordar Jisung, que iria trabalhar em pouco tempo. Ele virou para o lado para ver o amigo, que dormia com a boca semi-aberta e em uma posição estranha. Para Huening ele estava ridiculamente fofo daquela forma, tanto que ficou receoso em acordá-lo.

- Ji... Jisung... Jisung! - chamou até ver os olhos do garoto se abrirem minimamente enquanto ele resmungava. - Você tem que trabalhar hoje, lembra?

- Aish... - bufou, piscando diversas vezes antes de erguer o tronco e esfregar os olhos. - Eu lembro mas... Sem você lá vai ser chato.

Kai quis rir do bico do amigo, contrastando com sua voz exageradamente rouca para alguém que acabara de acordar.

- Mas você precisa ir pra me salvar, Ji - explicou, passando uma mão pelos cabelos para checar o estado dos mesmos. Arrependeu-se imediatamente ao prender os dedos em um enorme no nos fios.

- Ah, com salvar você quer dizer mentir na cara do nosso chefe? - retrucou.

- Não vai ser a primeira vez...

- Seu... Idiota - ameaçou bater no amigo, que riu ao proteger o rosto com os braços. - Eu só faço isso por que... Nem sei mais.

- Você me ama, lembra?

- Amo? Não lembro de dizer isso - brincou enquanto ficava de pé e retirava o celular do carregador. - Eu vou passar em casa antes de ir pra loja ou minha mãe surta - pontuou ao ver cerca de trinta mensagens da mulher.

- Tudo bem, eu vou... Eu vou... - encarou o teto, buscando algo que pudesse fazer e que não fosse ir na casa do vizinho e colocá-lo contra a parede. - Estudar.

- Você também só estuda! Você devia ficar o dia todo na cama, pelo menos hoje - sugeriu, preocupado e bravo com o amigo que insistia em não se cuidar.

Kai encarou o amigo, reparando em sua aura marrom-branco-amarelada. Uma combinação bonita, mas ruim. Considerou fazer o que o amigo dizia, afinal a ideia de estudar um livro inteiro não parecia, de forma alguma, atrativa. Talvez ele passasse o resto do dia assistindo vídeos aleatórios e brincando com seus dois filhos. Já faltaria ao trabalho, afinal, então por que não?

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