está terminando comigo?

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Janeiro de 2020.

Era meu último dia com Matías em Montevidéu, tínhamos escolhido passar as festividades com a família dele, minha mãe e Marco, estiveram conosco no Ano Novo, pelo menos, nossas mães tinham se dado bem, quanto ao pai dele, nada parecia ter mudado. Iria superar o fato do homem me odiar.

Observava maneira calma que Matías respirava enquanto dormia, ele tinha o rosto sereno, nunca me cansaria de ver aqueles pequenos detalhes em seu rosto, era a última manhã que acordaria e veria seus cílios grossos, os fios de sua barba e seu cabelo parecendo um ninho de passarinho, completamente diferente da maneira que ele insistia em deixar durante o dia.

— Não quero que você volte. — Ele me prendeu em seus braços, sem abrir os olhos.

— Preciso voltar. — Ele me puxou para seu peito, me deitando sobre seu corpo.

— Você terminou a faculdade, pode ficar comigo até precisar ir... — Ele me encarou com os olhos sonolentos.

— Eu preciso ir.

— Quando eles falarem da colação, você volta, assina e vem pra casa.

— Que simples. — Deixo minha cabeça na curva do pescoço dele. — E vivemos um amor eterno. — Beijo sua pele quente.

— Você complica atoa.

— Você esqueceu de uma coisa. — Ele me encara. — Estou procurando um emprego já, e quem sabe eles me chamam.

— Quero que fique comigo. — Ele faz bico.

— Mimado! — Dou risada, ele rola ficando por cima de mim.

— Sim, eu sou. E você não faz as coisas que eu quero. — Ele beija meus lábios.

— E as suas propostas? — Ele deu de ombros. — Está considerando sair do Atletico?

— Estou bem aqui, a Europa é longe de casa, vou ficar.

— Acho que você deveria ir.

— Quer se livrar de mim?

— Talvez. Você é chato. — Rio.

— Você também é, e eu não reclamo.

— Isso é verdade. Você pesa. — Protesto, Matías me puxa para seu colo, e começa a acariciar minhas pernas.

— Melhor?

— Sim. — Rebolo. — A gente deveria aproveitar um pouco, é a última manhã que teremos juntos, até sabe-se lá quando. — O sorriso malicioso brotou em seus lábios e suas mãos começaram a explorar meu corpo, de forma tão conhecida.

**

Estava mais do que ansiosa para o dia de hoje, um pouco mais de duas semanas que eu havia retornado do Uruguai, tinha assinado os papéis da faculdade e finalmente poderia me considerar psicóloga, tinha meu número de conselho de classe, era uma grande vitória. Mas esse nem era o verdadeiro motivo para a minha ansiedade.

Primeiro dia de trabalho.

Não era qualquer trabalho, era o emprego que sempre desejei, juntando minhas duas paixões, a Psicologia e o Futebol, e, de quebra no meu time do coração. Estava eufórica, mal consegui dormir na noite anterior, e comer qualquer coisa me parecia fora de questão, ainda assim, me forcei a ingerir alguma coisa, tinha certeza que passaria mal se não o fizesse, na noite anterior, também não tinha conseguido comer nada. Papai não estava em casa, ninguém para me desejar sorte.

Estava no ponto de ônibus, quando meu telefone tocou, era Matías.

— Bom dia, bebê. — Ele disse. — Queria te desejar boa sorte no seu primeiro dia de trabalho.

Zina || Matías ViñaOnde histórias criam vida. Descubra agora