estou me sentindo totalmente traída

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Estava tudo uma grande bagunça, precisava organizar as malas e tudo que era necessário para aquela viagem totalmente sem propósito do Matías, não me queixava, estávamos indo para Barcelona, passar as férias com minha mãe e Marco, ele e Marco não se conheciam pessoalmente, mas sempre conversavam animadamente nas chamadas de vídeo. O espanhol, estava tentando convencer meu namorado que ele deveria ir jogar no Barcelona, confesso que ficava irritada quando esse assunto surgia, já que em tese, eu teria que deixar meu trabalho para trás e isso, não estava nos meus planos.
— Amor, você já pegou tudo? — Perguntei para Matías assim que fechei a minha mala, após conferir pela milésima vez.
— Peguei.
— Posso por o cadeado? — Pergunto e me viro na direção da voz dele, indicando que ele estava parado na porta. — Aí mais são os amores da minha vida mesmo. — Ele segurava Raul em seus braços. — Não é, amor da mamãe? — Pergunto mexendo os dedos para o bebê.
— Pode fechar sim. — Ele respondeu a minha pergunta. — Esse menino tá muito manhoso, fui colocar ele no carrinho e ele já armou a cara de choro.
— Você que deixa ele manhoso, tem que colocar ele lá e fim de papo, ele chora um pouco e passa.
— Aí, tadinho.
— Tá vendo? Sua culpa. Depois ninguém aguenta passar o dia com ele nos braços.
— A função do pai é essa. — Revirei os olhos.
— A função do pai é me ajudar aqui. — Aponto para a mala dele. — Vem, nenê. — Ele se joga em meus braços. — Confere essa mala direito e fecha. Depois coloca o documento na minha bolsa.
— Sim senhora. — Ele riu.
— Vou preparar o banho dele antes que fique tarde. — Digo e saio indo para a sala e colocando ele no carrinho. — Não adianta fazer cara de choro. — Digo colocando a chupeta em sua boca e o levo para o quarto. — Viu, é simples. — E passo para o banheiro do quarto e começo a arrumar as coisas.
— Não gosto que ele use isso. — Consigo imaginar a careta que ele fazia.
— Eu sei. — Retorno e começo a despir nosso filho. — Ele logo larga, você sabe.
**
Quase corri para me jogar nos braços de minha mãe quando a vi parada no saguão. Só não o fiz porque segurava Raul que dormia tranquilamente em meu colo. Matías arrastava nossas malas no carrinho e parecia distraído em seus próprios pensamentos.
— Esperei tanto por esse dia, estava doida para rever vocês dois e também conhecer meu neto. — Disse rapidamente. — Dá pra acreditar, eu já sou avó. — Falou se virando para Marco que sorria de maneira afetuosa para nós.
— Também senti sua falta, mãe. — Deixei um beijo em seu rosto e outro em Marco, Matías, também beijou minha mãe e cumprimentou o marido dela com um aperto de mão. — Estou super cansada. — Digo sentindo o cansaço em minhas costas.
Seguimos para a casa deles, ficava de frente para o mar, era como estar em casa. Raul, ainda não conhecia a praia, a nossa rotina era cheia e ainda não tivemos tempo e, agora passaríamos vários dias descansando nas belas praias da Catalunha.
— Esse aqui é o quarto de vocês. — Mamãe disse. — A gente até comprou um bercinho. — Ela disse sorrindo.
— Não precisava, mãe. Ele podia dormir na cama com a gente.
— Nada disso. — Descansem um pouco, Marco e eu vamos sair para comprar algumas coisas.
— Tudo bem, a gente se vira por aqui. — Digo e ela fecha a porta. — Aí, a minha mãe é engraçada demais.
— Ela é, mas eu adoro. — Ele me disse. — É bom, passa o tempo rápido. — Ele se jogou na cama. — Poderia dormir até amanhã.
— Vai tomar um banho, Cascão. — Damos risadas, ele pega uma cueca na mala e segue para o banheiro.
— Você vem? — Pergunta na porta.
— Não, Raul pode acordar. — Aponto para nosso filho no berço.
— Hm, tudo bem. — Ele fechou a porta.
Aproveito o tempo para arrumar nossas coisas no armário, detestava as coisas nas malas. Terminava de desfazer a mala dele quando algo me chamou atenção, sua bolsinha com produtos de higiene estava trancada, coloquei na prateleira e deixei pra lá, perguntaria depois. Ele saiu usando só a cueca, aquela era a minha favorita, vermelha, sorri para ele e peguei minha roupa e passei do lado dele passando a mão em seu peito e joguei um beijo para ele e segui.
Ouvia ao longe a voz dele conversando com o bebê, era uma das minhas cenas favoritas no mundo. Sai rapidamente para poder aproveitar a cena.
Raul estava deitado na barriga de Matías, dando pequenos tapinhas ali e balançando as pernas tentando se levantar, eu ri, ele passava boa parte do tempo tentando ficar em pé, arriscaria dizer que ele andaria logo. Me deitei com eles e Raul começou a chorar.
— É muito grude dessa mãe. — Matías disse rindo.
— Eu tenho uma coisa que você não tem. — Sento e pego nosso filho. — Leite. — Raul pareceu um desesperado quando viu o peito, Matías me olhava pelo canto do olho agora sentado também, encostei minha cabeça em seu ombro. — Bolinho? — Ele se virou pra mim. — Sua bolsinha estava com cadeado, porque? — Ele riu.
— Mania, o Gustavo gosta de pegar minhas coisas pra me perturbar. — Dou uma gargalhada.
— Duas crianças, meu pai.
**
— Pensei que a gente poderia fazer alguma coisa juntas. — Mamãe disse assim que terminamos o café da manhã.
— Claro, vou arrumar as coisas do Raul e a gente pode ir.
— Raul poderia ficar com Marco e Matías, são só umas horinhas. — Olhei para Matías procurando uma resposta.
— Por mim tudo bem, acho ótimo você fazer compra com sua mãe.
— Quem falou de compra? — Franzi o cenho.
— Ninguém, mas é o que eu imaginei. — Disse na defensiva. — Darei conta do recado, pode ter certeza, amor.
— Tudo bem, mas qualquer coisa você me liga? — Ele concordou. — Promete? — Concorda novamente. — Gente, eu nunca deixei ele assim.
— A gente vai dar conta, te garanto. Fui pai solteiro. — Marco disse, como se aquilo pudesse ajudar.
— Tudo bem, mas é pra me ligar, entenderam? — Nunca soube que Marco tinha um filho.
Estava parecendo uma louca paranóica, mas aquela seria a primeira vez que deixaria Raul apenas com o pai ou com qualquer outra pessoa. Não era como se não confiasse em Matías, era apenas... Eu não sabia o que era.

Zina || Matías ViñaOnde histórias criam vida. Descubra agora