o beijo

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Louis agradeceu pelo carro automático de Harry, pois suas mãos ficaram agarradas até chegarem em uma pequena vinícola de fim de estrada. Harry lembrava daquele lugar, a parede de tijolos coberta por plantas, lembrava de ser prensado sobre ela quando deram seu primeiro beijo. Ele poderia chorar naquele momento, mas não queria estragar o clima tranquilo que tinham construído.

-Sou bobo em pensar que você lembra desse lugar? - perguntou Louis, finalmente parando o carro e dando sua atenção completa para Harry.

-Eu nunca poderia esquecer desse lugar – Louis reparou nos olhos marejados de Harry, mas decidiu ignorados, não queria constrangê-lo.

-Vem, vamos entrar.

-Como?

-Eu meio que...- Louis gaguejou por um momento, temendo estar expondo demais o quanto ainda queria preservar as memórias que tinha com o ex- eu meio que... comprei o lugar.

Harry ficou surpreso, sem saber o que dizer, mas ao mesmo tempo, se sentiu melhor ao perceber que Louis cultivava seus passados como se nunca tivesse acabado.

-É estranho né? Podemos ir embora se você quiser e...- Harry levou a mão até a boca de Louis, acariciando levemente seus lábios, o que o fez parar de falar.

-Obrigado.

-Pelo o que?- gaguejou Louis ainda lerdo com a ação de Harry.

-Por manter alguma parte da nossa história viva – Harry não conseguiu controlar a lágrima solitária – sinto que fizemos de tudo para excluir cada evidência do que vivemos, pelo bem da banda, é bom saber que algumas coisas ainda estão aqui para me lembrar do que aconteceu.

Louis não sabia o que dizer, como era possível? Eles estavam juntos a menos de uma hora, e era como nunca tivessem se separado. Ele olhou para o homem na sua frente, Harry havia crescido, havia mudado, podia lembrar de todas as vezes que vira o homem em uma foto no Instagram, ou em uma notícia na internet, imaginando que nunca o teria de volta, ele era bom demais para Louis agora, de alguma maneira na sua cabeça, sempre foi.

-Isso não parece real – disse Louis se aproximando de Harry.

-Por isso que é incrível.

Foram as últimas palavras de Harry antes de sentir os lábios de Louis tocarem os seus, o beijo era lento, como se estivessem com medo de serem flagrados a qualquer momento, mas,  com os passar dos segundos, foi se aprofundando, se tornando mais íntimo e carinhoso, como se ambos soubessem que estão tão quebrados, que um movimento súbito os destruiria.

Quando o beijo terminou, Harry tombou a cabeça no peito de Louis, tentando esconder o rosto molhado. O mais velho, mesmo aproveitando, puxou o rosto de Harry, plantando mais um beijo nos seus lábios, tirando o cabelo de seus olhos.

-Se você chorar, eu vou chorar – alertou Louis, tentando provocar um sorriso

-Tarde demais -os dois riram, aninhados um ao outro, como se fossem adolescentes novamente.

-Vêm, vou te mostrar a vinícola – Louis deu um último beijo na testa de Harry abrindo a porta do carro e saindo.

-Porque você não vai indo, preciso de um segundo – Harry apontou para o risco preto do delineador que usava, borrado por causa de suas poucas lágrimas.

-Eu não quero me separar de você esta noite nem por um segundo – Louis passou os dedos pelo rosto de Harry, limpando as manchas escuras.

E assim, ambos saíram do carro, com os dedos entrelaçados a caminho da grande porta vermelha. Louis tirou as chaves no bolso, mas antes de abrir a porta, olhou para a familiar parede tomada por plantas, e em um súbito, prensou Harry no exato lugar que tinha prensado tantos anos atrás. O mais velho pôs suas mãos no concreto admirando cada centímetro do rosto do rapaz.

-O que você está esperando? – sussurrou Harry no ouvido do homem.

-Só quero ter certeza que estou capturando bem esse momento – Louis levou sua mão ao queixo de Harry, puxando lentamente para perto de seu, o beijando de uma maneira tão intensa que Harry achou que poderia derreter naquele momento.

A mão de Louis vagou até a cintura de Harry, a apertando com força, o trazendo para mais perto. O beijo se intensificou ainda mais, e sem pensar, Harry levou a mão de Louis até sua calça, mostrar como já estava duro. O mais velho soltou um gemido tímido, quebrando o beijo.

-Não me provoca, você sabe como isso me deixa.

-Eu não faço a menor ideia do que você está falando - Harry sussurrou no ouvido de Louis, passando a língua quente e molhada lentamente pelo contorno dos seus lábios.

Louis sentiu seu corpo se arrepiar por completo, fechando os olhos e xingando Harry mentalmente por lembrar tão bem seus pontos mais delicados.

-Você vai se arrepender disso - disse Louis abrindo os olhos negros de prazer, levando a mão livre para acariciar lentamente o pescoço de Harry. O homem prendeu a respiração, esperando os dedos de Louis contornarem seu pescoço, mas rapidamente, Louis deu um passo para trás, tirando as chaves no bolso e abrindo a porta como se nada tivesse acontecido – Entra, agora.

Harry teve que focar para colocar um pé na frente do outro, sentia que a qualquer momento poderia fraquejar os joelhos e cair.

-Ta difícil de andar? - perguntou Louis observando a dificuldade de Harry – você não mudou mesmo.

-Estou ótimo- disse Harry antes de tropeçar no canto da porta, sendo segurado por Louis.

-Estou vendo.

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