a manhã

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Louis sentiu o sol batendo nos seus olhos, os abriu lentamente, fazia tempo que não acordava de bom humor, aconchegou Harry, que dormia serenamente nos seus braços. Louis sempre amou observar o mais novo dormindo. Depois de alguns minutos, não conseguiu evitar beija-lo, o que fez Harry despertar com um bocejo preguiçoso.

-Bom dia – sussurou Louis, acariciando seu rosto, apertando seu corpo contra o dele.

-Bom dia- disse Harry entre um sorriso – Que horas são?

-Ainda é cedo – disse retirando o relógio do pulso e entregando nas mãos de Harry.

-Não queria que essa noite acabasse nunca – sussurou, temendo o que viria a seguir.

-Agora vem a parte assustadora – Louis sentou, olhando para o mais novo no fundo dos olhos – O que a gente faz agora?

-Não sei, só sei que quero estar com você – o mais novo puxou Louis de volta para o sofá, deitando sobre o corpo pequeno, garantindo que o ex não saísse do lugar.

-E eu com você – Louis sorriu – mas já passamos por isso antes – ambos ficaram sérios e Harry tombou para o lado – eu não posso passar por tudo aquilo de novo, ficar se escondendo, eu não posso.

- A gente pode fazer funcionar, talvez agora que a banda está praticamente acabada, podemos ser um casal de verdade.

-Você sabe que isso não daria certo.

No fundo, Harry sabia, sabia que aquela noite tinha sido apenas espiar entre uma microscópica fenda na grande cerca que se erguia entre ele e o paraíso, seu paraíso. Sentiu seus olhos encherem de água novamente.

-Não fique assim – implorou Louis, tomando o rosto do mais novo nas mãos – pelo menos tivemos ontem, eu nunca vou esquecer – sussurou – não precisamos mais ser estranhos, não podemos estar juntos, mas podemos conversar, você sabe que estou sempre aqui.

-É como se tivéssemos voltado no tempo- Harry disse, enxugando as lágrimas e levantando do sofá – você nunca quis lutar por nós - o mais novo andava pela vinícola, recolhendo suas roupas espalhadas pelo chão e as vestindo – não queria a quatro anos atrás e não quer agora.

-Não é isso – tentou explicar Louis.

-Vista-se, ou vou deixa-lo aqui sozinho – disse Harry, evitando o contato visual e tirando a chave do carro do bolso.

- Na verdade... – Louis sabia que iria magoar Harry, mas precisava ser o mais forte – é melhor não sairmos daqui juntos, eu posso chamar um uber – disse pegando o celular.

-Claro que pode – disse Harry, dando as costas em direção a porta.

No momento que deu meia volta, já estava chorando, desceu as escadas correndo, abrindo a porta da vinícola, desesperado para entrar no carro. Foi quando sentiu os flashs e o barulho que vinha da rua.

Foi como se o tempo parasse, e tudo ficasse em câmera lenta. Dezenas de fotógrafos preenchiam o pátio da vinícola. A primeira coisa que pensou foi que sabia que alguma hora aquele momento ia chegar, foi um milagre não ter acontecido tanto tempo atrás, mas eles se descuidaram, e esse era o resultado.

Os fotógrafos estavam praticamente no seu rosto quando Harry sentiu mãos os puxando para dentro das portas vermelhas, que foram fechadas com dificuldade. O mais novo cambaleou caindo o chão, levando as pernas ao peito, segurando seu rosto com força.

-Harry, HARRY – gritou Louis, tentando despertar o mais novo do transe que tinha entrado, observava as pernas de Harry tremendo, foi quando abriu a porta novamente.

-SAIAM DAQUI SEUS ABUTRES, JÁ NÃO FIZERAM O BASTANTE? – gritou o mais velho, enquanto diversas câmeras o filmavam.

Harry levantou, sabendo que tinha que trazer Louis para dentro e trancar a porta, e assim fez. O puxando com força, fazendo os dois caírem no chão, se abraçavam tão forte que chegava a doer.

- O que nós fizemos? – repetia Harry em soluços – é minha culpa.

-Não! – disse Louis – não é sua culpa e nem minha, nós não fizemos nada de errado, a única coisa que fizemos foi amar um ao outro – Harry ainda chorava com desespero – Harry, você não vê?- falou o mais velho, abrindo um sorriso inesperado – estamos livres.

Two GhostsOnde histórias criam vida. Descubra agora