Uma carta na manga

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Taehyung fez um aceno de cabeça, chamando Jimin, que desceu do barril com um salto.

— Se quiser treinar kendo, é só me chamar, Jungkook — o alfa falou com ânimo na voz, que eu não consegui diferenciar se foi ironia ou se ele realmente estava me convidando para treinar.

Eu fiquei perplexo, confesso. Meus pais pagaram uma fortuna para que eu pudesse aprender karatê, e agora eu sou derrotado por um cara esquisito, de cabelos grandes, que vem me dizer que a luta é física e mental.

Eu queria uma revanche, e eu teria essa revanche. Fui bem aceito nos treinos de karatê, e pelo que vi, aqui eu posso encarar com vontade o que não podia lá fora. Toda vez que eu brigava com alguém, eu tinha que calcular meus golpes, para evitar de machucar demais a pessoa que não sabia como lutar; mas agora era diferente. Agora eu estou lidando com mestres dessa arte, e posso muito bem colocar para fora tudo o que eu não coloquei desde quando ganhei minha faixa preta.

Agora eu posso bater para valer.

E eu ia.

— Taehyung? — Chamei, correndo atrás dos dois alfas, que pararam e me encararam. — Podemos lutar de novo?

— Eu estou aqui todo dia, Jungkook. Pode vir sempre que quiser.

— Não, mas eu quero dizer agora. Podemos lutar agora? — Perguntei animado.

Os dois alfas à minha frente se entreolharam, e Taehyung pigarreou.

— Olha, não quero que pense que eu bati em você como forma de te provocar. Nós não aceitamos essa competitividade aqui. Se quer lutar comigo com esse intuito, eu nego seu pedido.

— Não, não quero lutar por isso — menti. — Só quero treinar mais um pouco, porque das últimas vezes que lutei, tive que me conter muito, e me sinto meio enferrujado.

— Por que algo me diz que você está mentindo? — Ele me fitou profundamente e eu soltei uma risada nasalada.

— Qual é, Taehyung. Está com medo de me enfrentar de novo? — Provoquei, e o alfa apenas cruzou os braços e umedeceu os lábios com a língua.

— Jungkook, qual parte que você não entendeu, de que isto aqui não é competitividade?

— E por que, por pelo menos uma vez, você não pode competir comigo?

— Escuta, eu luto com você, quantas vezes quiser — ele apontou para mim, mas sem a intenção de me provocar. — Quantas vezes quiser, mesmo. Mas não irei competir. Não existe isso de competição aqui dentro do templo e não serei eu o primeiro a fazer isto, ok? Se quiser, a gente volta para o campo e eu te ensino as regras essenciais do karatê; te ensino tudo o que sua escola cara deveria ter ensinado e não ensinou.

— Está desmerecendo minha luta, Taehyung?

— Não, Jungkook! Você luta bem, até. Só que não conhece a verdadeira essência da luta; não conhece as regras originais e o verdadeiro significado de oss. Você tem uma habilidade incrível com o corpo, mas sem saber de tudo, você nunca irá ganhar de quem sabe de todas as regras.

— Ué, mas até agora você estava me dizendo que não é questão de competir — ri. — Por que acha que devo saber de tudo para conseguir ganhar?

— Porque vejo que para você, é só isso que importa. — Ele respondeu com calma, o que me irritou. — Eu farei questão de te ensinar tudo, se quiser, é claro. Mas eu não vou competir com você. — Disse por fim, antes de me dar as costas e sair andando.

Esse cara é bem folgado. Fica pagando de tranquilão e homem da paz, mas está aqui me provocando, e tentando sair de bom moço.

Mas tudo bem, se ele acha que eu vou entrar nessa de "anti competitividade", ele está muitíssimo enganado. Irei comparecer em todos os treinos, e vou mostrar a ele que minha luta é bem mais do que isso que ele pensa.

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