Nicole narrando
|Quarta-feira, 14/03|
Minha vida não tem nada de interessante, ao meu ver.
Moro com meu pai (Joca), meu irmão (Pietro), e minha filha (Beatriz). Sim, eu tenho uma filha, e vou falar brevemente como aconteceu.
A Beatriz é fruto de um estupro que sofri quando tinha 12 anos, foi tudo muito rápido, eu tava saindo do bar do meu pai em direção a nossa casa.
Mesmo com 12 anos, eu já tinha um corpo bem desenvolvido e até menstruação.
Imagina aí, uma "criança" de 12 anos, com o corpo de uma adolescente de 15, que mal sabia sobre a "vida".
Foi uma coisa muito ruim pra mim, e uma coisa que mesmo depois de tanto tempo, eu não consigo perdoar.
Depois do que o tal cara me fez, ele simplesmente sumiu e ninguém nunca mais ouviu falar, mas em compensação, eu tenho a minha filha linda, que eu amo mais que tudo.
- cuidado Nicole.- meu pai fala enquanto eu desço as escadas.
- viu a Beatriz?- pergunto.
- não, mas tô indo lá pro bar, se eu ver ela mandou vir pra casa.- fala.
- valeu.- falo e ele sai.
- ala, que foi Nicole? Tomou remédio hoje não?- Pietro pergunta entrando em casa.
- tomar no cu, já foi hoje?- pergunto.
- pior que não, mas deixo pra você.- fala se jogando no sofá.
- essa filha da mãe não atende o celular.- falo discando o número da Bia pela 3 vez.
- esse celular?- Pietro pergunta mostrando o celular da Bia na mesinha de centro.
- hoje eu mato alguém.- falo indo até o sofá.
A Beatriz foi pro colégio e não voltou até agora, e já era pra ela tá aqui há 2hrs atrás.
- ficou doida maluca?- pergunta.
- é uma metáfora, Pietro.- falo revirando os olhos.
- eai família.- Bia fala entrando em casa com a Virginia.
- oi Beatriz.- falo levantando do sofá.
- se fudeu, Bia.- Virginia fala.
- eu vou lá na cozinha, quero vê o esporro não.- Pietro fala e sai.
- oi mãezinha linda, amor da minha vida.- Bia fala.
- cadê seu celular?- pergunto.
- é...meu celular?- pergunta.
- é Beatriz.- falo.
- tá aí, em algum lugar.- fala.
- e o que é isso?- pergunto segurando o rosto dela levemente.
- um piercing, tia.- Virginia fala.
- é mãe, um piercing.- Bia fala.
- pediu?- pergunto.
- e precisa?- pergunta.
- não, Beatriz Mascarenhas, não precisa.- falo.- e enquanto ao seu celular, ele está confiscado por tempo indeterminado.- completo mostrando o celular dela.
- ah mãe, porque isso?- pergunta.
- esqueceu o celular, não pediu permissão pra colocar piercing e saiu sem avisar antes.- falo.
- cê ia deixar eu colocar o piercing se eu pedisse?- pergunta.
- cê ainda pergunta?- Virginia pergunta.
- a Virginia respondeu por mim. Agora sobe, antes que eu tire os seus passeios também.- falo e ela sobe as escadas reclamando.
- não teve esporro?- Pietro pergunta saindo da cozinha.
- ela só colocou um piercing, na idade dela eu já era mãe. Então, ficar sem o celular já vai ser ótimo.- falo.- e você, vai trabalhar não?- pergunto.
- cê não é minha chefe, parceira.- fala.
- eu vou lá pro bar, quando a Beatriz descer cê manda ela almoçar, se não ela não come.- falo.
- a Bia é bem grandinha.- fala.
- sabe como aquela lá é, chata pra cacete. É só falar que o celular dela tá em jogo, ela faz rapidinho.- falo e saio de casa antes dele responder algo.
A Bia é uma menina super chata, é boa aluna, boa pessoa, mas é chata pra cacete, principalmente pra comer.
Só come porcaria, tipo pizza, hambúrguer, salgados, doces, biscoitos, e assim vai.
E quando começar a pedir algo, fica o tempo todo falando, até a pessoa fazer o que ela quer.
Tá pra nascer menina mais chata que essa, cê doido.
***
VOCÊ ESTÁ LENDO
Complexo Da Penha
General Fiction[Ficção geral/Crime +14] Num mundo onde o crime comanda, nasce um amor. Diferente de outros, eles sabem até onde podem chegar, até onde o limite vai e mesmo tendo vidas diferentes, vivem e defendem as mesmas coisas. De gênio forte e talvez um pouco...