Quadrilha- História inspirada na poesia de Carlos Drummond de Andrade

Chapter 1- Desafios de um escritor

"Jisung amava Jaemin que amava Renjun

que amava Jeno que amava Donghyuck que amava Minhyung

que não amava ninguém.

Jisung foi pra Marte, Jaemin para o exército,

Renjun morreu de desastre, Jeno ficou para tia,

Donghyuck virou glitter e Minhyung casou com Nakamoto Yuta,

que não tinha entrado na história."

-QUE? COMO ASSIM EU VIREI GLITTER? E QUEM É ESSE TAL DE YUTA, ZHONG CHENLE? O QUE TU SABE QUE EU NÃO TÔ SABENDO AINDA?

O chinês tomou o caderno das mãos do amigo escandaloso às pressas e tentou pensar em uma escapatória para aquela situação. Graças aos céus, a escapatória apareceu na sua frente, com direito a coxas grossas e sorriso galanteador. O baque pela súbita presença do crush geral da nação foi tamanho que até o detentor da língua mais afiada da Coréia perdeu as palavras, Wong Yukhei precisava ser estudado pela NASA, porque aquele garoto com certeza era de outro mundo.

"Lele, a tia Zhong disse que podemos nos casar amanhã."

A voz profunda soou pela imaginação de Chenle e um longo suspiro escapou pelos lábios cheinhos, ele tornou-se uma cópia perfeita daqueles bonecos de futebol americano que apenas sorriem e balançam a cabeça. A mão enorme do terceiro anista afagou os cabelos castanhos em uma despedida carinhosa e ele nem tentou evitar acompanhar os passos confiantes com o olhar, só voltou à realidade quando um Donghyuck incrédulo estalou os dedos perto de seu rosto.

- An? Que foi? O que ele disse mesmo?

Bastou ouvir o riso satírico do melhor amigo para que soubesse exatamente o que ele diria a seguir. Com as bochechas um pouco vermelhas, o menor ali passa a encarar suas mãos, não é como se fosse uma S/n iludida das fanfics que lia e corasse a cada segundo, ele apenas… Era iludido pra caralho e vivia mais rosa que a Peppa pig. Yukhei ou Xuxi, como era chamado pelos familiares, era seu vizinho desde que se mudou para a Coréia e seu crush desde a primeira vez em que o Zhong vira seu sorriso. Ele era carismático, gentil, engraçado e bem… lindo. Qual o problema então? Que para aquela perfeição, Chenle era um irmão mais novo.

- Ele te pediu pra esperar o treino acabar. Você ri da minha paixão platônica mas é só o Lucas aparecer que você perde completamente o juízo.

"Eu queria era perder as roupas", o pensamento safado veio automaticamente e foi acompanhado por uma mudança súbita de expressão, arrancando gargalhadas maliciosas e tapinhas por parte de Donghyuck, quase como se este fosse capaz de ler a mente do amigo. A verdade é que estavam ansiosos por aquele dia havia um ano, pois graças à diferença de idade, o ensino médio e a mudança de escola vieram primeiro para o Lee. Embora estivessem fazendo piadas e se provocando, era no mínimo confortável estarem novamente no mesmo campus, sabendo que se encontrariam todos os intervalos.

Não era como se Lele não gostasse de estudar, mas foi inevitável sentir-se um pouco tristonho ao caminhar até sua sala. Após esperar mais de trezentos dias para finalmente ver como era estar no ensino médio, tudo o que ele mais queria era retornar ao pátio e voltar a acompanhar seus dramas antigos. O garotinho sempre sentiu-se mais como um expectador do que como um personagem nessa grande fanfic clichê que era a vida, não via-se como alguém interessante e dramático o suficiente para ser o protagonista, tampouco era de passar despercebido.