Os avisos nas portas são claros: não abriremos hoje
Não estamos bem, se é que um dia estivemos
O silêncio é um grito de desespero
Estamos assustados como crianças
mas não somos purosEu pude ouvir você fazendo orações sem som
E seus olhos se encherem de lágrimas
Pela primeira vez,
não há nada de positivo a se pensar*Cinco mil não é mais um número grande**
eles dizem
São somente 5.000 sonhos que deixaram de ser sonhados
eles dizem
Nossas mãos estão sujas de sangue
mas não reconhecemos,
Pois, só apertamos botões
em uma caixa eletrônica♡
Eu relutei para postar esse texto, pois escrevi ele no início da pandemia. É difícil eu gostar de algo que escrevi meses atrás (soa estranho?). Eu escrevi essas linhas quando vi minha cidade, pela primeira vez, após o início da quarentena. É sobre sentir a tristeza espalhada, ouvir e reagir às notícias no jornal e reconhecer em qual momento erramos (olá, eleições!). Cada estrofe trata de um assunto.
*Minha mãe realmente fez isso.
**É uma (triste) referência ao "e daí?" do presidente em relação aos 5.000 mortos pelo coronavírus.
Há uma ligação com o texto "Exílio".
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As Oscilações do Meu Outro Eu
Poesia🥇 1° lugar | Concurso Relâmpago HP - CATEGORIA POESIA (2020) O doce que se torna amargo. O anjo que se torna um diabo. O ruim que se torna bom. A risada que se torna choro. Aqui vive todas as oscilações do meu outro eu. ----------- #C5A #1 em desa...