│O sonho da formatura│

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6 de dezembro de 2020 — 17:00 pm

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6 de dezembro de 2020 — 17:00 pm

O dia da formatura chegou e junto com ele, mais uma crise de ansiedade. Mais leve do que as outras que tive no decorrer da semana, mas uma crise sempre é uma crise. Faltavam exatas quatorze horas para eu deixar tudo para trás e encarar o desconhecido. Pelo menos eu não vou estar sozinha.

— Querida, suas malas já estão no carro. Deixaremos elas na casa da sua avó e quando a festa acabar, vamos direto para o aeroporto. - Mamãe disse com dificuldade pelo nariz entupido, causado pelas lágrimas. Sabia o quanto ela estava orgulhosa de mim, mas ver sua filha mais velha deixando o ninho não era nada fácil. Ela não sabia, mas eu ouvi seu choro pela madrugada. Partia o meu coração vê-la daquele jeito, porém ela ficaria pior se eu não corresse atrás dos meus sonhos.

— Obrigada mãe. - Lhe dei um sorriso, antes de abraçá-la com força. — Não quero saber de choros no aeroporto viu?

— Promete que vai vir me visitar?

— Prometo. Todo natal, aniversário... - Ela me apertou mais forte, as lágrimas caindo pelo meus ombros. — Mãe, não é como se não fosse me ver nunca mais.

— Eu sei, mas é inevitável não pensar como essa casa vai ficar triste sem você. - Nos separamos do abraço, e ela secou as lágrimas que escorriam pelas suas bochechas.

— Marie vai cuidar disso por mim. - Digo ao perceber uma sombra no batente da porta, denunciando minha irmãzinha pequena de 10 anos. Ela não havia falado comigo nos últimos três dias quando finalmente tive coragem de contar a ela que estava de mudança.

— Marie, nós já te vimos. - Ela pôs a cabeça para dentro, evitando me olhar. — Não vai falar com a sua irmã? - Ela negou, saindo sem dizer uma palavra.

— Está tudo bem mãe, quando ela ver que estarei sempre vindo aqui não ficará tão nervosa. - Disse isso na maior tranquilidade mas, para falar a verdade meu coração se quebrava cada vez que Marie se recusava a falar comigo. Éramos inseparáveis e eu não julgava sua reação.

               O barulho ensurdecedor e irreconhecível da buzina do carro de Anna soou, fazendo-me despertar daqueles pensamentos. Peguei minha mochila, dei um beijo na testa de minha mãe e desci ás pressas, parando na sala ao ver minha avó com os olhos cheios de lágrimas olhando para minhas malas espalhadas pela sala.

— Ah não, a senhora também está chorando? - Fui até ela, abraçando-a mesma.

— É de orgulho querida. - Ela me deu um pequeno sorriso, mas não via alegria nele. — Você vai se cuidar, não vai?

— Vou sim vovó, eu prometo. Eu já tenho um bom trabalho, um lugar pra ficar e eu não vou estar sozinha. As meninas e o Cristian vão estar lá comigo.

— E o Leonard?

— O que tem ele?

— Você fala dos seus amigos, da sua carreira, mas mal vejo você falar dele.

O sonho (im)perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora