01: Perdida

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 Abriu os olhos lentamente, sentia uma dor de cabeça que parecia que explodiria a qualquer momento. Com a visão um pouco embaçada e fraca, aos poucos a moça foi percebendo que estava deitada no chão gelado de uma sala bem iluminada, mas apenas repleta de azulejos brancos nas paredes, no chão e no teto. Estava vazia. Ainda procurava forças pra se levantar, mas antes percebeu aos poucos que não se lembrava de nada do que tinha acontecido e do que estava acontecendo. Onde estava? Foi aí que se deu conta de que não se lembrava nem de quem era. Apoiou seu corpo com o braço no chão, e pôde ver que estava vestida apenas com uma camisola de hospital, também branca. A moça, perdendo as forças, caiu novamente com seu corpo no chão. Pela segunda vez, tentou se apoiar com seu braço. Tremia de tanta força que procurava fazer, de tão fraca. Aos poucos, foi conseguindo, assim, colocou o outro braço à forçar contra o chão. Se apoiando com os dois, fez o mesmo com os joelhos, e lentamente foi conseguindo ficar de pé. Estava tonta, então seu corpo ameaçou cair novamente, mas ela rapidamente se apoiou contra a parede. Após dois minutos, ouviu a porta da sala abrir. — Senhorita Evelyn. — Uma voz masculina disse. Então esse era o seu nome. Ela ergueu a cabeça e ainda com a vista embaçada, via a silhueta de um doutor. — A enfermeira vai ajudar a colocar sua roupa. Você acaba de receber alta. — Ele disse enquanto ela entrava na sala para ajudar Evelyn, que não tinha forças para dizer nenhuma palavra, ainda. O doutor se retirou, e a enfermeira guiou Evelyn até uma outra sala próxima que parecia um closet. Fechando a porta da sala, a enfermeira retirou a camisola da paciente, vestindo-a com uma blusa de alça azul e uma calça de couro branca logo em seguida. — Senhorita Evelyn, sente-se na maca, por favor. — Ela obedeceu. Tinha muitas perguntas a fazer, mas ainda não conseguia emitir nenhuma palavra. A enfermeira calçou Evelyn com um par de botas cinzas bem reluzentes. — Pronto. A senhorita já está pronta. Meu nome é Barbara e eu estou à sua disposição pra qualquer ajuda que precisar. Vamos? — A enfermeira esperava que Evelyn se levantasse para ser levada embora do local. Sem entender nada, ela finalmente conseguiu perguntar. — Quem... o quê... Eu não me lembro de nada. O que está havendo? — Barbara arregalou os olhos, se preparando para dizer: — Senhorita Evelyn, eu sinto muito... — Ajudou Evelyn a se levantar, e foi caminhando com ela pelos corredores do lugar. A moça finalmente se deu conta de onde estava. Era um hospital. As duas entraram na sala do diretor. Barbara acenou com a cabeça, agradecendo Evelyn e logo depois indo embora. A moça ia aos poucos recuperando sua força, e lentamente se sentou na cadeira próxima a uma mesa bem grande. Um homem, bastante maduro, com cabelo grisalho e usando óculos ergueu a cabeça para cima, observando Evelyn. — Boa noite, querida. Por que está aqui? — Perguntou. — Eu não sei... eu não faço a mínima ideia. — Dizia, aos poucos, com uma voz muito fraca e baixa, recuperando suas forças cada vez mais. — Eu não estou te ouvindo. — O diretor alertou. Depois de alguns segundos de silêncio, voltou a tentar. — Senhor, eu não me lembro de nada. Não sei quem eu sou, não lembrava nem do meu nome até um doutor me dizer. Não sei onde estou, eu não sei o que estou fazendo aqui. — O homem se inclinou para trás em sua cadeira, e ficou minutos em silêncio, coçando a sua cabeça. — Senhorita. — Finalmente disse. — Você fez uma cirurgia no seu coração, estava alertada dos riscos de perder a memória, e nós, infelizmente, não somos responsáveis por isso. Sinto em te informar que sua memória não irá voltar sozinha, aos poucos. Se quiser recuperá-la, terá que ir atrás do seu passado sozinha. — Evelyn estava muito confusa, e olhava para o homem sem entender nada, tentava se lembrar de alguma coisa, mas por mais que se esforçasse, não conseguia se lembrar do que ele estava afirmando a ela. — Segurança, por favor, nossa paciente já fez o que veio fazer aqui, conduza-a para fora do hospital. — Dois homens da segurança levantaram Evelyn da cadeira pelos braços, a levando para fora da sala do diretor. — Não, espere, por favor, eu preciso de respostas! — Ela tentava exclamar. — Sinto muito, não sou eu que vou te dar essas respostas que precisa. — O diretor respondeu. — Não, por favor, parem! — Evelyn insistia. — Muito obrigado por escolher o Hospital Zero, senhorita Evelyn. Tenha uma boa noite e uma boa vida. — A voz do homem sumia conforme Evelyn era carregada para os corredores fora da sala. A moça não tinha forças para lutar contra os seguranças, então só o que restava era observar os pacientes em cadeiras de roda pelos corredores, pacientes doentes e até normais, muitos, que pareciam querer operar o coração assim como ela aparentava ter feito. Desciam por inúmeros elevadores, e Evelyn continuava a ver doutores e enfermeiras passando com pressa pelos corredores do hospital, até finalmente chegar à entrada, onde os seguranças cautelosamente a guiaram para fora das portas do lugar. Evelyn já podia andar e falar normalmente, embora ainda fraca. Ela decidiu não insistir em voltar lá pra dentro, ainda mais depois que as portas da entrada se fecharam logo assim que ela chegou na rua. Estava chovendo muito forte nessa noite. Evelyn estava completamente encharcada em questão de segundos, até que ela finalmente decidiu se virar pra ver a cidade...

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⏰ Última atualização: Jan 17, 2015 ⏰

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