PRÓLOGO
Patinação no gelo sempre foi minha vida, sempre sonhei em competir em grandes concursos e ser reconhecida por meu mérito e talento. Tudo estava perfeito, Daniel, meu parceiro na dança - que também era meu melhor amigo - parecia estar em perfeita sintonia comigo, eu o conhecia praticamente desde que nasci e depois de dividirmos os mesmos sonhos e objetivos nos tornamos melhores amigos e parceiros no gelo.
Quando tínhamos doze anos, ganhamos o campeonato regional e fomos pra nacional, lembro-me perfeitamente de Dan tentando me acalmar, ele sempre foi minha rocha, meu porto seguro, meu melhor amigo, meu irmão - mesmo que não por sangue - mas ele tinha razão, tudo ficaria bem e no final da competição conquistamos o título que mais queríamos naquele momento. Aos dezoito anos, Dan e eu já havíamos conquistado muitos troféus e eu pensei que nada poderia estar mais perfeito que aquele momento.
Até que um dia, Dan estava voltando pra casa depois de uma longa viagem e eu sentia muito sua falta, decidi mandar uma mensagem o perguntando se estava tudo bem. As autoridades contam que Dan olhou para o celular por dois segundos e não viu quando apareceu um animal na estrada. Ele tentou desviar o carro e o gelo que havia no chão fez o carro derrapar e capotar. Passei semanas segurando sua mão enquanto Dan respirava com ajuda de aparelhos, os médicos tiveram que amputar uma de suas pernas e naquele momento eu senti meu mundo desabar porque sei que seu sonho acabaria e sei que se fosse comigo eu ficaria devastada, eu passei semanas pensando que o perderia e pensando que se isso acontecesse eu não aguentaria. Quando ele finalmente acordou senti o alívio passar por cada célula do meu corpo.
Lembro-me da expressão de horror em seu rosto quando sentiu que não tinha mais uma perna, quando percebeu que seu sonho tinha sido brutalmente arrancado de si.
A culpa rasgava meu peito, se eu não tivesse mandado a mensagem ele ainda teria sua perna, se eu não tivesse mandando a mensagem ele estaria seguindo seu sonho. Pensei que poderia seguir em frente, eu tentei por meses não pensar em Dan e no quanto ele estava se sentindo mal, ele se recusou a me ver, se recusou a falar comigo e eu nunca me senti tão sozinha e triste em toda minha vida.
Quando tentei patinar a culpa caiu sobre mim como nunca antes, me senti egoísta, como posso patinar enquanto meu melhor amigo, meu parceiro está deitado em uma cama sem poder sequer andar direito por minha causa? E depois desse dia nunca mais pus os pés em um patins.
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Retour à la vie
RomanceKatherine Reed se culpa pelo acidente de seu melhor amigo e parceiro na patinação no gelo, após anos sem patinar Katherine decide entrar para faculdade em Nova Iorque. Decidida de deixar a vida no Canadá para trás, Kate tenta ser uma universitária c...