O último sorvete

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Essa história é uma continuação de "Conhecidas, apenas"

 Josie abriu os olhos preguiçosa, sentindo uma ligeira vontade de ficar na cama, poderia passar o dia todo naquele emaranhado de lençóis, riu do próprio pensamento porque ela nunca faria isso, aquele dia soava preguiçoso, era o sol baixo que entrava pelas grandes janelas ou talvez a brisa fria e aconchegante, poético.

 Mesmo contra a sua própria vontade se levantou, estava sozinha na cama, mas isso já sabia, depois de passar tanto tempo com o amor de sua vida o seu corpo já está tão acostumado(viciado) que percebe quando o corpo está longe, Josie temia dizer que conseguia sentir quando Penélope estava machucada, de tão conectadas.

 Foi até o banheiro e escovou os dentes enquanto se admirava no espelho, algumas marcas de expressões que antes eram passageiras agora pareciam mais fixas em sua pele, arrastou os dedos pelos traços marcados enquanto notava também alguns fios brancos nascendo, a gêmea nunca entendeu o porque de pintar os fios brancos, eles eram como pequenas conquistas depois de tantos sofrimentos proporcionados pela vida(e como foram proporcionado).

 Depois de levemente arrumada se arrastou pelos longos corredores, admirando alguns quadros que estavam pendurados, lembrava-se de escolhê-los na loja, Carlos as ajudou na hora de mobiliar mas depois de um tempo elas tiveram que deixar o homem de lado porque ele nunca concordava com o que as duas pensavam ou queriam.

 Era um pouco estranho, quando os escolheu, no meio de tantos outros, pareciam tão fascinantes e diferentes, mas agora estavam pendurados naquela mesma parede há tantos anos que era como desperdiçar tamanha beleza, sim, ela tinha que parar mais para admirar aquelas telas, ou não, não entendeu muito bem o porquê de seu cérebro estar tão avoado.

 Era o dia.

 Soltou uma risada fraca ao escutar o barulho vindo da cozinha e seguiu, seu estômago embrulhou-se, como se fosse a primeira vez, quando a mais alta disse que achou que aquele sentimento nunca fosse passar ela não se referiu dessa forma, tão literal, mas parecia que sim, amaria Penélope Park até o dia de sua morte, e talvez depois.

- Oi, Jojo- Penélope sorriu enquanto retirava a chaleira cheia de café do aparelho- Ou eu deveria te chamar de... Bela adormecida?- Soltou uma risada fraca e molhou os lábios.

- Penélope...- Aproximou-se.

- Dormiu bem?- Serviu as xícaras de café.

- Sim... A cama estava ótima- Alcançou-a, suas mãos urgentes envolveram o que puderam, o que alcançaram, era muito vazio viver longe.

- Mesmo depois de eu sair?- Fez um charme enquanto envolvia a cintura de sua amada, a puxando para mais perto, mas nunca era perto o suficiente.

- Sim...- Gargalhou com a provocação- Não, ela fica muito vazia sem você- Esticou-se deixando um selinho, um selinho demorado e casto, apenas uma demonstração de sentimento, apenas uma forma de provar o carinho.

- Sabe que dia é hoje?- Encarou-lhe os traços, Josie conseguia se superar, dia após dia.

- É claro que eu sei- Deixou outro selinho rápido, e dessa vez quase foi tomada por seus impulsos e transformou o doce toque em algo mais afobado- Feliz aniversário de casamento- Disse tão perto que conseguia sentir o ar que saia do nariz de Park.

- Feliz aniversário de casamento- Alargou o sorriso pois já não conseguia conter seus sentimentos.

- Bodas de alumínio- Brincou, 10 anos não contabilizavam nem metade do tempo que elas passaram juntas.

- Cala a boca, Jojo- Gargalhou enquanto se inclinava para um beijo de verdade, e quando seus lábios se tocaram em uma dança sensual e suas mãos se aventuraram por debaixo da fina camiseta do pijama da gêmea.

Casadas, apenasOnde histórias criam vida. Descubra agora