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KATRINA

O Matheus era muito prepotente, eu o odiava!

-Ei. –Olhei pra trás e vi meu pesadelo de olhos claros.

Apressei o passo e tentei ir ate algum ponto de táxi, mas logo senti meu braço ser segurado e eu fui virada bruscamente para frente, ele me movia tão facilmente que eu até parecia uma boneca de pano em suas mãos.

–Ficou louca de sair daquele jeito? –Ele falou furioso.

-Você que deve ter ficado louco! –Puxei meu braço. –EU NÃO SOU OBRIGADA A AGUENTAR SUA FALTA DE EDUCAÇÃO, SEU BOÇAL! –Gritei e ele olhou em volta.

-Cala a boca! –Ele rosnou furioso. –Todo mundo está olhando...

-QUE SE DANE! –Gritei novamente e levei um solavanco em resposta. –Aí... –-Balbuciei ao ver as manchas roxas em meu braço por conta da sua força.

-Não grita! –Ele sussurrou. –Não estamos no seu ambiente de trabalho. –Ele me tratava com tamanha indiferença.

-Me solta... –Murmurei já fragilizada com tanta humilhação por um só dia. –Eu vou embora. –Falei e ele me soltou ao ver meu estado.

-Como você é fingida. –Ele falou enquanto me encarava. –Você já deve estar acostumada com esse tratamento!

-Você está enganado! Eu nunca fui tratada assim. –Falei enquanto lutava pra algumas lágrimas não rolarem, eu não queria demonstrar fraqueza, mas estava quase desmoronando.

-E você quer o que? –Ele falou irônico. –Respeito?! –Ele riu com sarcasmo. –Nunca vi uma qualquer querer respeito, eu estou te pagando e te trago como bem entender! -Sem medir conseqüências dei outro tapa em sua face, como da primeira vez que saímos.

-Se for me chamar pra isso... É melhor não chamar. –Apontei o dedo em sua direção. –Eu posso ser uma qualquer como você disse, mas sou uma qualquer especial. Tem uma fila atrás de mim, e não vai ser por você que eu vou perder o meu “trabalho”. –Dei ênfase nas ultimas palavras e ajeitei minha bolsa pronta para sair de lá. –Agora da licença, tenho mais clientes pra essa noite. –Forcei um sorriso e mandei um beijo, saindo com a maior pose possível, pois eu estava devastada, mas eu precisava dar minha melhor face, a face fria que tanto as meninas falavam.

Ele não me chamou de volta, era melhor assim, e eu nem me atrevi olhar para trás, mas eu tive a certeza que passei dos limites, e com certeza iria ter que arcar com as conseqüências desastrosas que estariam por vir.

[...]

Tive outros dois clientes aquela noite, e diferente do Matheus, eu tive que “ralar” muito pra conseguir o meu dinheiro.

Nesse meio tempo, foi o Pedro que veio me buscar, e ele não trocava muitas palavras nem olhares comigo, parecia saber de algo, mas ao mesmo tempo não queria revelar absolutamente nada, e isso estava me incomodando.

-O que foi, Pedro? –Perguntei. –Tem algo errado? –Ele tirou os olhos da estrada por alguns segundos, mas logo voltou a sua atenção ao volante.

-Não. –Ele falou cortando qualquer chance que eu tinha de perguntar ou alongar o assunto.

-Ok então. –Falei num tom baixo.

Ficamos em silencio por algum tempo, mas a tagarela que existia em mim, não permitia que minha boca ficasse fechada por muito tempo. –Já acabou por hoje?

-Henric quer falar com você. –Senti meu corpo vacilar, e se eu não tivesse sentada, juro que iria ao chão.

-Pra que? –Murmurei incomodada.

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